Estudo analisa relação entre publishers e plataformas
Relatório do Inma aponta que 72% entre os maiores grupos de mídia do mundo acreditam que relação com multinacionais de tecnologia piorou nos últimos anos
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Igor Ribeiro
29 de outubro de 2019 - 14h07
Um relatório produzido pela International News Media Association (Inma) mostra que produtores de conteúdo jornalístico e plataformas digitais ainda têm muito a conversar para resolverem as diferenças e equilibrarem expectativas. Intitulado “How to decode the publisher-platform relationship”, o estudo entrevistou executivos de 90 grupos de mídia em todo o mundo e 45 especialistas no setor entre abril e maio, além de compilar dados de outros levantamentos sobre negócios e inovação envolvendo o tema.
Entre os principais achados está a constatação de que, a despeito das iniciativas anunciadas, esse relacionamento segue deteriorado e com poucos sinais de melhoria. Segundo a maioria dos publishers, a atitude da própria empresa correlação às plataformas inclusive involuiu: 72% apontaram isso, entre uma piora leve e uma mais intensa.
Os entrevistados concordam, em sua maioria, que as plataformas deram à sociedade grandes conquistas, como acessibilidade digital, voz às massas, bens e serviços diversos e ferramentas para buscar informação e fatos históricos. Mas a comunicação direta entre as multinacionais tecnológicas que propiciam isso e os veículos que produzem conteúdo é muitas vezes instável, errática.
Entre as críticas apontadas estão o modo como essas plataformas são utilizadas para compartilhar fake news e o baixo índice de brand safety em seus ambientes. Entre os motivos para o relacionamento instável, apontam problemas de copyright, baixo compliance sobre a utilização de dados de consumidores e uma suposta desigualdade na taxação sobre seus modelos de negócios.
Além de detectar o sentimento dos publishers sobre seu sentimento a respeito das plataformas, o relatório também tentou identificar as causas desses problemas e indicar possíveis soluções. O documento analisou ainda o ecossistema regulatório para as empresas de tecnologia em diferentes regiões e elaborou sugestões, no formato de um guia, sobre como se posicionar estrategicamente diante dessas multinacionais tendo em vista a conquista de novas audiências, a fidelidade do público atual e a elaboração de serviços mais premium.
O relatório de quase cem páginas foi produzido por um grupo de diversos profissionais, sob orientação de um comitê que incluiu parte do Conselho do Inma: Damian Eales, COO da News Corp (Austrália); John Boynton, CEO da Torstar (Canadá); Espen Egil Hansen, editor-in-chief e CEO do Aftenposten (Noruega); e Maribel Perez Wadsworth, presidente do USA Today Network (Estados Unidos). O trabalho e a compilação final foi coordenada por Robert Whitehead, diretor do McPherson Media Group, da Austrália.
*Crédito da imagem do topo: Eoneren/ iStock
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