Que portas um Emmy abre para o Porta dos Fundos?
Fabio Porchat e a diretora da Viacom International, Tereza Gonzales, falam sobre o humor do grupo após o reconhecimento internacional
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Bárbara Sacchitiello
28 de novembro de 2019 - 6h00
Na noite de segunda-feira, 25, o humorístico Porta dos Fundos entrou no rol das empresas brasileiras reconhecidas pelo International Academy of Television Arts & Sciences, o Emmy Internacional, premiação realizada em Nova York que celebra os melhores trabalhos e talentos do audiovisual em todo o mundo, com exceção do território dos Estados Unidos.
O troféu na categoria Comédia foi o primeiro conquistado pela produtora brasileira que, em 2017, teve seu controle adquirido pela multinacional Viacom. Também foi a primeira vez que o Emmy reconheceu um trabalho brasileiro que contou com a participação da Netflix. A plataforma de streaming foi, junto com a Viacom, produtora do especial de Natal “Se Beber, Não Ceie”, que cativou o júri do Emmy Internacional, conquistando o troféu na categoria.
Troféus no Emmy não são uma novidade para as produções brasileiras. Além do Porta dos Fundos, outra produção nacional também saiu vitoriosa da edição 2019 da premiação. “Hack the City”, série produzida como um branded content da Intel pelo National Geographic e Yourmama, com participação da agência de publicidade mcgarrybowen, venceu na categoria Séries de Curtas. Historicamente, o Brasil acumula diversos outros prêmios no Emmy Internacional. Apenas a Globo já trouxe ao País 17 prêmios da Academia Internacional de Televisão. O mais recente troféu conquistado pela emissora veio nesse ano, na etapa Kids da premiação, com o reconhecimento de “Malhação – Viva a Diferença”, em abril deste ano.O que difere o troféu do Porta dos Fundos das demais produções nacionais reconhecidas pelo Emmy é o tom de humor. Geralmente celebrada pela qualidade de sua dramaturgia, o Brasil, dessa vez, foi reconhecido pela capacidade de combinar humor com religiosidade (o especial premiado misturava elementos da última ceia de Jesus Cristos e de seus apóstolos com situações do filme “Se Beber, Não Case”). Na opinião de Tereza Gonzales, diretora sênior a Viacom International Studios no Brasil, essa conquista exalta não apenas o Porta dos Fundos, mas também dá nova projeção ao humor brasileiro internacionalmente.
“Tenho absoluta certeza que dá mais projeção. Além de abrir muitas portas (juro que não é trocadilho ruim) para outras formas de fazer e de assistir conteúdo. Nós concorremos com séries e éramos um especial”, diz Tereza. Na categoria, a produção brasileira disputou com os seriados “Fam”, de Cingapura; “Kupa Rashit”, de Israel e “Workin Mom’s”, do Canadá.
Para a executiva, a conquista do troféu é um reconhecimento não só do “talento extraordinário dos criadores do Porta dos Fundos”, mas também de toda a história do grupo humorístico. “O que começou com uma necessidade de amigos se juntarem e se expressarem criativamente virou uma empresa sólida, organizada e com produtores de conteúdo de qualidade altíssima”, diz Tereza.
Porchat, o Jesus
O primeiro troféu do Emmy Internacional do Porta dos Fundos teve uma participação importante de Fábio Porchat. Um dos sócios da produtora, foi ele escritor do roteiro e o intérprete do personagem principal – Jesus – no especial natalino. O humorista ressalta, no entanto, que a ideia de misturar a Santa Ceia com “Se Beber Não Case” veio da equipe de roteiristas do Porta dos Fundos. “Eles tiveram a ideia de fazer essa mistura e, em cima dela, eu escrevi o primeiro tratamento. Fizemos uma leitura, onde mexi no segundo tratamento, e, então, apresentamos para a Netflix”, recorda Porchat. Após algumas sugestões criativas dadas pela plataforma de streaming, ele trabalhou no tratamento final do roteiro.
O especial foi gravado em uma semana, no Rio de Janeiro. Apesar da delicadeza em usar o humor em uma situação religiosa, Porchat conta que “Se Beber, Não Ceie”, não recebeu feedbacks negativos por conta do histórico do Porta dos Fundos em relação aos especiais de Natal: desde 2013, a produtora coloca no ar um conteúdo em homenagem às Festas de fim de ano, geralmente brincando com elementos cristãos. E, como a Netflix foi parceira da produção, o tom do humor do Porta dos Fundos acabou alcançando outros territórios. “Como o especial foi lançado para o mundo todo, pela Netflix, tivemos críticas positivas de americanos, holandeses, uruguaios…de pessoas que descobriram o Porta dos Fundos através do especial de Natal, inclusive o canal do YouTube. Descobriram o Porta e, então, começaram a assistir. Foi muito legal”, celebra.
“Adoro a pressão para ter coisas melhores e mais criativas, porque isso não deixa a gente se acomodar”, Fabio Porchat
A visibilidade trazida pela conquista de um Emmy também traz ao Porta dos Fundos, que atualmente conta com 16,2 milhões de seguidores no YouTube – a responsabilidade de continuar surpreendendo e divertindo a sua audiência. Na opinião de Porchat, essa atribuição é vista de forma positiva. “Adoro a pressão para ter coisas melhores e mais criativas, porque isso não deixa a gente se acomodar. Quanto mais as pessoas esperarem por melhores coisas nossas, mais vamos ter de correr atrás para suprir essas necessidades”, diz o humorista.
Para o Natal deste ano, o grupo repete a parceria com a Netflix. Na próxima terça-feira, 3, a plataforma de streaming disponibiliza “A Última Tentação de Cristo”, do qual Porchat, além de atuar, foi novamente responsável pelo roteiro.
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