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Fernando Meirelles: “A mudança no Oscar talvez venha para ficar”

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Fernando Meirelles: “A mudança no Oscar talvez venha para ficar”

Cineasta e co-fundador da O2 Filmes comenta decisão da Academia de Artes e Ciências Cinematográfias de Hollywood aceitar filmes transmitidos pela internet


11 de maio de 2020 - 6h00

Na última semana de março, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que sedia anualmente o Oscar, ou The Academy Awards, anunciou que, para a edição do próximo ano, que ocorrerá em 28 de fevereiro de 2021, aceitará também filmes exibidos apenas pela internet. A decisão se deu por conta da impossibilidade de aglomerar pessoas em salas de cinema durante a pandemia do novo coronavírus.

 

Dois Papas, dirigido por Fernando Meirelles, é um filme original da Netflix e teve três indicações ao Oscar (Crédito: Divulgação/Netflix)

A medida rompe com uma das principais regras da Academia de que, para ser elegível, um filme teria que ser exibido em um cinema em Los Angeles durante sete dias consecutivos, com no mínimo três sessões diárias. Os cinemas da cidade na Califórnia estão fechados desde 16 de março, o que impossibilita o cumprimento dessa regra.

A decisão é temporária, alerta a organização: “Em uma data a ser determinada pela Academia, e quando os cinemas reabrirem de acordo com as regras e critérios federais, estaduais e locais, essa exceção à regra não será mais válida. Todos os filmes lançados depois deverão estar de acordo com as exigências padrão de qualificação cinematográfica”, afirmou em comunicado.

O marco abre precedente para que mais filmes produzidos para players digitais, como Netflix, Amazon Prime Video e HBO Go se inscrevam na maior premiação do cinema. As plataformas, que vem ganhando cada vez mais espaço entre os indicados e premiados, até então tinham que cumprir o demandado pela Academia.

(Crédito: Denise Tadei)

Ao Meio & Mensagem, Fernando Meirelles, diretor de Dois Papas (Netflix), que concorreu ao Oscar deste ano nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado (Anthony McCarten), Melhor Ator (Jonathan Pryce) e Melhor Ator Coadjuvante (Anthony Hopkins), avalia a decisão da organização e o impacto dela e da pandemia na indústria do cinema.

Meio & Mensagem – A decisão da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood de permitir que filmes transmitidos pela internet podem concorrer ao Oscar tem algum impacto na indústria de cinema? Qual?
Fernando Meirelles – Não sei se esta mudança impacta a indústria. A parada geral de todos os projetos sim, impacta. Era uma tendência filmes maiores produzidos para plataformas e eles não deixam de ser filmes por isso. Este vírus catalisou o que já estava acontecendo. Esta mudança de regras na Academia talvez esteja vindo para ficar.

M&M – Essa exceção pode abrir precedente para uma mudança maior na premiação?
No último ano houve uma grande mudança que se consolida este ano. Toda a votação será exclusivamente online em 2020, isso significa que todo mundo que vota terá acesso a todos os filmes. Mais gente vai ver tudo,  o que deve mudar um pouco os resultados.  Até 2018 dependia-se de poder ver os filmes em salas ou receber DVDs.

M&M – A mudança acarreta em uma maior aceitação de filmes em streaming, por exemplo?
Isso era inevitável, a parada no mundo só acelerou.

M&M – A O2 acha correta a decisão da Academia?
Não havia outra escolha. Mesmo assim muitos filmes não vão querer ir direto para o streaming e devem esperar espaço para serem lançados em salas  2021, então deve ser um ano meio esquisito mesmo.

M&M – Como e quanto a pandemia deve impactar a indústria do cinema?
A produção e exibição serão bem impactadas. Haverá um acúmulo de projetos para serem lançados no fim do ano e pouca coisa para o ano que vem ou 2022. Os filmes que deveriam estar sendo rodados neste semestre.  Creio que muitos projetos serão modificados para incluírem esta crise.

M&M – Quando podemos esperar uma retomada das produções?
Na O2 estamos acreditando que voltaremos com a pré produção nas últimas semanas de julho e filmando em meados de agosto. Mas tudo pode mudar.

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