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Trump X Twitter: embate pode alterar regras para redes sociais

Por duas vezes na semana, rede social sinalizou conteúdo postado pelo presidente como impróprio; em resposta, líder alterou norma sobre responsabilidade das empresas de tecnologia


29 de maio de 2020 - 17h20

Rede social sinalizou a mensagem do presidente, pontuando que ela enalteceria a violência (Crédito: Reprodução/Twitter)

Um confronto entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o Twitter pode trazer mudanças importantes na regulamentação das redes sociais naquele país e também em outros mercados. Nesta semana, por duas vezes, o Twitter colocou alertas em postagens feitas pelo líder estadunidense que, em contrapartida, assinou um decreto para reduzir a proteção legal dessas empresas de tecnologia.

Tudo começou na terça-feira, 26, quando a rede social, pela primeira vez, sinalizou uma postagem do presidente com um alerta de conteúdo falso. No texto, Trump dizia que as votações realizadas via correio tinham grandes chances de serem fraudadas. A rede social sinalizou o post com um ponto de exclamação, que direcionava os usuários para páginas com mais explicações a respeito do sistema eleitoral.

O Twitter declarou que a medida faz parte da nova política adotada para combater a desinformação no ambiente online, sobretudo em relação à conteúdos relacionados à pandemia da Covid-19 e que seria aplicada sempre que fosse necessário.

O presidente respondeu alegando que o Twitter estava interferindo na eleição presidencial de 2020. “Eles estão dizendo que minha declaração sobre as cédulas eleitorais dia Correio, que levarão à corrupção massiva e a fraudes, está incorreta, com base em checagens de fake news feitas por CNN e pelo Washington Post, da Amazon. O Twitter está, completamente, reprimindo a liberdade de expressão e eu, como presidente, não permitirei que isso aconteça”, escreveu.

Na quarta-feira, 27, Trump deu mais uma prova de seu descontentamento em relação à rede social ao assinar uma ordem executiva que reduz à proteção legal de grandes players de tecnologia, como Twitter, Google e Facebook. O documento muda a Lei da Decência nas Comunicações, ampliando a responsabilidade das redes sociais pelos conteúdos publicadas, fazendo com que essas empresas possam ter de responder, na Justiça, pelos conteúdos veiculados em suas plataformas, inclusive por suas próprias postagens. Antes de assinar o decreto, o presidente havia reclamado de que o Twitter e as demais redes criaram regras para silenciar vozes do movimento conservador e admitiu que iria regulamentar ou até mesmo fechar essas empresas antes que isso acontecesse.

Nesta sexta-feira, 29, uma nova postagem colocou Trump em colisão com as políticas de uso do Twitter O presidente publicou uma mensagem criticando os protestos que vem acontecendo ao longo da semana na cidade de Minneapolis, após a morte de um homem negro por um policial branco. No Twitter, Trump disse que havia conversado com o governador local e que o exército poderia assumir o controle dos episódios dos protestos, que vêm gerando saques, incêndios e embates na cidade. “Quando começarem os saques, começam os tiros”, escreveu Trump.

A fala do presidente gerou muitas críticas nas redes sociais e o Twitter, novamente, entrou em ação para classificar o conteúdo. Dessa vez, a postagem recebeu o alerta de que a mensagem “viola as regras do Twitter sobre a glorificação da violência.” O conteúdo, no entanto, foi mantido no ar, com o aviso da rede social de que poderia ser do interesse publico que a mensagem continuasse acessível.

Novamente, o presidente se manifestou, criticando a rede social. “O Twitter não está fazendo nada a respeito das mentiras e da propaganda divulgadas pela China ou pelo Partido Democrata da esquerda radical. Eles têm como alvo republicanos, conservadores e o presidente dos Estados Unidos. A seção 230 deve ser revogada pelo Congresso. Até lá, será regulamentado!”, escreveu, em referência ao decreto assinado.

A atitude de Trump em relação à alteração na regulamentação das redes sociais nos Estados Unidos foi criticada por Randall Rothemberg, CEO do Interactive Advertising Bureau, que argumentou que a atitude do presidente é uma ameaça aos consumidores e ao segmento de publicidade digital, de forma geral.

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