Canais abertos expandem faixas de filmes na quarentena
Para preencher a grade e entreter público, Globo e Band recorrem à produções que fizeram sucesso na telona
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Amanda Schnaider
17 de junho de 2020 - 6h00
O isolamento social, imposto pela pandemia do novo coronavírus, vem causando uma mudança no comportamento e nos hábitos das pessoas ao redor do mundo. Ter de passar mais tempo dentro de casa fez com que a rotina de trabalho, entretenimento e afazeres domésticos da população ganhasse configurações diferentes daquelas adotadas em tempos anteriores. A construção desse novo estilo de vida acabou impactando também no interesse das pessoas pelo consumo de entretenimento, o que obrigou as emissoras de TV à criatividade para preencher as lacunas deixadas pela ausência de conteúdos inéditos e de eventos ao vivo, como novelas e transmissões de futebol. Uma das estratégias utilizadas no momento foi a ampliação da exibição de filmes, gênero que sempre teve espaço nos canais abertos, mas que se tornaram um elemento mais estratégico nesses meses de pandemia.
Durante a quarentena, diariamente 3,6 milhões de pessoas a mais passaram a assistir à programação de filmes da Globo, em comparação com o período pré-quarentena, segundo dados divulgados pela própria emissora. Além disso, a audiência do canal cresceu 21%, o que significa, na média geral, que 18 milhões de pessoas, diariamente, assistem a algum filme exibido pela emissora.
De olho nesse crescimento de audiência, a Globo lançou, em maio, mais um horário dedicado ao cinema. Intitulado Sessão de Sábado, a atração vai ao ar na faixa das 14h antes do Caldeirão do Hulk.Com essa alteração na programação, a Globo passou a contar com 39 horas semanais de filmes, com produções exibidas todos os dias. Segundo Amauri Soares, diretor do canal TV Globo, o primeiro movimento da emissora foi buscar compreender os impactos da quarentena nas casas. “Fizemos isso estudando os dados de audiência e falando com as pessoas. A primeira conclusão foi a de que as pessoas, presas em casa, precisavam, sim, de mais entretenimento – e este entretenimento precisava ter apelo e ser relevante para toda a família, já que ela estava retida em casa”, explica o diretor.
Um fruto desta pesquisa feita pela área de programação foi a adequação de títulos para cada faixa de filme da grade. Neste sentido, a companhia observou o estado emocional das pessoas, a configuração da casa nesse momento e o ‘fator humano’ na escolha de cada produção. Por exemplo, os filmes femininos da Sessão da Tarde deram lugar a comédias, animações e fantasias; Tela Quente está trazendo as principais novidades, incluindo mais filmes blockbusters; o Cinema Especial dá espaço para sucessos de bilheteria e títulos inéditos; já o Supercine entrega produções mais populares e comédias. “A escolha dos filmes tem sido muito criteriosa para garantir às famílias este momento tão especial de estar reunida em frente à TV”, afirma Amauri.
A Band é outro canal aberto que tem conquistado bons índices de audiência com a exibição de filmes em sua grade. “A Band segue investindo na consolidação de sua grade de programação e possui uma grande diversidade de filmes no seu acervo. Desde clássicos do cinema, campeões de bilheterias, até o saudoso e nostálgico Cine Privé, que hoje oferece ao público um gênero exclusivo na TV aberta”, comenta Antônio Zimmerle, diretor nacional de programação da Band. A emissora tem apostando em títulos como E.T., Tubarão, a trilogia De Volta Para o Futuro e Um Lugar Chamado Notting Hill para atingir todos os gêneros e faixas etárias.
Embora Globo e Band tenham situações positivas, por outro lado, Murilo Fraga, diretor de programação do SBT, acredita que filme não é um produto para a TV aberta investir neste momento. “Há um exagero na oferta e tudo o que se vê atualmente são formas de preencher espaços deixados por programas que não podem ser gravados por causa da pandemia. O SBT continua com suas duas sessões normais de grade, às terças e sextas, após o Ratinho”, reforçou.
A íntegra desta reportagem está publicada na edição semanal de Meio & Mensagem, que pode ser acessada gratuitamente pela plataforma Acervo, onde também está disponível a consulta a todas as edições anteriores que circularam nos 42 anos de história da publicação. Também está aberto a todo o público, gratuitamente, o acesso à versão digital das edições semanais de Meio & Mensagem, no aplicativo para tablets, disponível nos aparelhos com sistema iOS e Android.
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