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Mídia

AT&T fará fusão da WarnerMedia com a Discovery

Nova gigante da área de conteúdo reunirá marcas como HBO, CNN, Animal Planet, Cartoon e TLC para competir nos setores de TV e streaming


17 de maio de 2021 - 9h51

Sede da AT&T nos Estados Unidos (Crédito: JetCity Image/ iStock)

Atualizada às 10h31

A AT&T firmou um acordo com a Discovery Inc. que dividirá sua operação de mídia em uma empresa independente, que unirá todos os ativos da Discovery com os da WarnerMedia. O acordo, confirmado pelas empresas na manhã desta segunda-feira, 17, dá origem a uma nova gigante do segmento de mídia, que carregará marcas fortes como HBO, CNN, TNT e, que além da televisão, também deve fazer frente à concorrência no segmento de streaming.

Pelo negócio, a AT&T receberá US$ 43 bilhões à vista e em títulos de dívidas, com os acionistas da AT&T ficando com 71% da nova companhia. A empresa resultante da fusão será liderada por David Zaslav, atual chief executive officer (CEO) da Discovery.

O plano da fusão, que inicialmente foi noticiado pela Bloomberg News, combinará a especialidade da Discovery em conteúdos focados na realidade com o vasto império de mídia da AT&T, originando um forte competidor para players como Netflix e Disney. A negociação também marca um recuo da AT&T no segmento de mídia. Há alguns anos, a gigante de telecomunicações decidiu investir na área de conteúdo ao adquirir a gigante TimeWarner, em um acordo concluído em 2018 e avaliado em US$ 85 bilhões.

A transação inclui todas as operações da WarnerMedia, como CNN, HBO, Cartoon Network, TBS, TNT e Warner Bros. Studio. Já pelo lado da Discovery, envolve marcas como TLC e Animal Planet.

“Esse acordo une dois líderes de entretenimento com forças complementares de conteúdo e posiciona a nova companhia como uma das líderes globais de streaming direct-to-consumer”, declarou John Stankey, CEO da AT&T, em comunicado. “Ela apoiará o fantástico crescimento e o lançamento internacional da HBO Max com a pegada global da Discovery e criará eficiências que poderão ser reinvestidas na produção de mais conteúdo para dar aos consumidores o que eles querem”, declarou.

O acordo destaca as dificuldades que as companhias de telecomunicações têm encontrado para obter retorno com suas operações de mídia. A Verizon Communications Inc. anunciou seu plano de retirada da área de conteúdo no início de maio. A empresa concordou em vender sua divisão de mídia ao Apollo Global Management Inc. por US$ 5 bilhões, em um movimento em que repassará marcas digitais como Yahoo e AOL.

Jason Kilar, um veterano da indústria de streaming, que ajudou a fundar a plataforma Hulu, tem liderado a WarnerMedia desde o ano passado. Em uma recente conferência com investidores, ele defendeu a necessidade do negócio ser propriedade da AT&T, dizendo que a empresa de telecom tem investido bilhões de dólares na HBO Max e derrubado silos internos para criar uma operação única. Ele acrescentou que os clientes de telefonia e banda larga da AT&T eram menos propensos a cancelar os serviços se eles tivessem HBO Max, e muitos dos assinantes da plataforma de streaming eram clientes da AT&T.

Na Discovery, o CEO David Zaslav tem ajudado a empresa a cresceu por meio de aquisições, incluindo a compra da Scripps Network Interactive, proprietária da rede HGTV, em 2018.

Stankey, da AT&T, tem limpado a casa do grande titã das comunicações, cortando pessoal e vendendo ativos de baixo desempenho. A companhia te canalizado os investimentos em sua rede 5G sem fio, algo que demanda bilhões de dólares, bem como a expansão do alcance de fibra óptica.

A operadora tem impulsionado a produção de filmes e de conteúdo de TV para atrair assinantes ao serviço de streaming HBO Max. E também tem precisado de dinheiro para pagar dívidas. A AT&T acumulou empréstimos de US$ 200 bilhões após uma onda de aquisições e, embora esteja pagando aquilo que deve, já possui novas dívidas de acordos recentes.

A AT&T foi a segunda maior licitante na oferta de ondas de rádio da Federal Communications Comission, comprometendo-se com US$ 23 bilhões. A Verizon, a maior licitante, concordou em pagar US$ 45 bilhões.

O acordo com a Discovery acontece alguns meses depois de a AT&T decidiu desmembrar as operações da DirecTV, em uma negociação com a companhia de aquisições TPG. A AT&T também concordou em vender sua unidade de vídeos de animação Crunchyroll para uma unidade da Sony Corp., em dezembro, pelo valor de US$ 1,2 bilhão. A companhia também se desfez de suas operações telefônicas em Porto Rico, de uma participação no Hulu, de uma central de mídia na Europae de quase todos os seus escritórios no Hudson Yards, em Nova York.

Ao se desfazer desses ativos, Stankey está deixando de lado uma onda de aquisições feitas por seu antecessor, Randall Stephensor, que passou 13 anos à frente da companhia. Stephenson, que entregou o comando da empresa a Stankey no ano passado, manteve uma lista de empresas que gostaria que a AT&T comprasse, que totalizava 43 aquisições. Porém, alguns críticos, como a investidora Elliott Management Corp., reclamaram da estratégia, sugerindo que a AT&T focasse em seu negócio principal. A grande quantidade de dívidas da companhia também impulsionou a AT&T a fazer cortes e negociar alguns ativos.

O acordo com a Discovery representa que o audacioso plano da AT&T de construir um conglomerado de mídia e comunicação acabou sendo um fracasso.

 

Com informações do Advertising Age

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