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Maren Lau, da Meta: marcas, creator economy e privacidade

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Maren Lau, da Meta: marcas, creator economy e privacidade

VP regional da Meta na América Latina defende que o metaverso será uma construção coletiva


14 de dezembro de 2021 - 6h00

Desde seu rebranding de Facebook para Meta, a empresa co-fundada por Mark Zuckerberg virou embaixadora de um conceito que está em uma crescente nos últimos anos com a popularização de jogos de estilo RPG (Role Playing Game): o metaverso.

 

Mark Zuckerberg em demonstração das possibilidades que o metaverso trás, como interagir com pessoas distantes em uma realidade virtual (Crédito: Reprodução/Facebook)

Projetado para ser construído nos próximos 15 anos, o metaverso que a Meta preza é uma cocriação com players de diversas indústrias, incluindo a publicitária, e que leva os aprendizados da internet e sobre privacidade para um produto novo, aberto, imersivo, seguro e inovador.

O primeiro movimento da empresa é ter conversas sobre o que é um metaverso e como deve-se aproveitar o momento pré-construção dele para criar bases sólidas que prezem a privacidade e padrões comuns. Para as marcas, o alerta é não pivotar seu investimento em comunicação no momento, e sim começar a pensar o que seria uma comunicação imersiva mais fluida e trabalhar nisso com as ferramentas atuais (VR, AR e outras).

Maren Lau, vice-presidente regional da Meta na América Latina (Crédito: Divulgação/Meta)

Ao Meio & Mensagem, Maren Lau, vice-presidente regional da Meta na América Latina, delimitou a função de cada player no jogo e se o rebranding mudou a relação da empresa com agências, marcas e publishers.

Meio & Mensagem -Um reposicionamento demanda novos tipos de relações e abordagens? De que forma a Meta vai se posicionar na relação com os anunciantes?
Maren Lau – O rebrand de Meta foi intencional em sinalizar que não somos apenas uma empresa de social media ou baseada apenas em alguns apps de redes sociais. Esse foi o objetivo do rebrand e sinalizar que também estamos pensando em inovação, no futuro e no metaverso. Somos ambos. Estamos construindo nosso trabalho com apps e olhando para o futuro. Nesse sentido, não muda fundamentalmente nossa relação com marcas e agências. Há uma curiosidade do que o metaverso é e estamos envolvidos em conversas sobre isso e conversas sobre o que fazer, como pensar o metaverso, e adotamos a abordagem de continuar a focar na construção de suas capacidades digitais hoje porque elas serão os blocos de construção para o metaverso. Se você não tem uma plataforma de metaverso, vai ser mais difícil entrar no metaverso daqui há cinco anos. Estimulamos experiências com AR, VR, com a Oculus e as salas de trabalho da Horizon para inovar por lá.

M&M -Além da Meta, outras empresas estão empreendendo no metaverso. O papel da Meta vai ser integrar esses universos?
Maren Lau – Não vai ser a Meta que vai integrar o metaverso. Cada player e ecossistema vai ter um papel em criar o metaverso, participar do metaverso. O que é importante é que acreditamos que deve ser uma criação com vários parceiros diferentes, que a interoperabilidade é importante e, conforme vamos todos construindo juntos, nós tenhamos em mente padrões operacionais e de privacidade, o que vai ser bem crítico. Queremos assegurar que isso vá ser criado com discussões no ecossistema. Você mencionou o Roblox e, sim, já vemos mundos digitais sendo criados. Vou te dar um exemplo de interoperabilidade e porque isso vai ser tão importante. Imagine que você está virtualmente no estádio do seu time de futebol favorito e você compra a camisa. Você poderá colocar no seu avatar sua camisa. O que acontece então se você quer sair do estádio e ir para sua casa digital onde você vai encontrar com amigos e você comprou a camisa mas não pode usar fora do estádio. Quando falamos de criar digital goods e serviços, no metaverso a interoperabilidade vai ser muito importante porque vai permitir o transporte desses produtos e serviços entre esses mundos digitais. Esse é só um exemplo do porque temos que falar de padrões hoje. Obviamente, há privacidade e outros exemplos que devemos começar a construir desde o começo.

M&M – Vocês têm uma visão e abordagem muito colaborativa sobre a construção do metaverso. Quais são os desafios de cociar?
Maren Lau – O metaverso é baseado em múltiplos aprendizados, mas é algo novo. Pensamos muito como trabalhar em um formato colaborativo, com legislação e desenvolvimento com outras empresas. Estamos no começo e estamos tendo discussões. Sabemos que a privacidade e segurança devem ser construídas desde o começo, que a sociedade está preparada para ser parte dessa construção e é nisso que está no nosso foco conforme vamos garantindo que é um espaço seguro para todos.

M&M – Como as marcas poderão estar presentes no metaverso criado pela Meta?
Maren Lau – A realização completa do metaverso deve chegar nos próximos 10 a 15 anos, então eu alerto as marcas para não sabotarem suas estratégias de inovação e marketing para algo que estará pronto há 15 anos enquanto há, obviamente, um business hoje. O jeito que eu penso é que o metaverso é a evolução da internet e para essa transição acontecer as marcas devem estar focadas nas suas capacidades digitais hoje. Elas devem focar na agilidade, no mobile-first, e-commerce, experiências em vídeos, mesmo em que 2D, e, em adição a isso, eu sugiro que eles explorem com o que está disponível hoje, majoritariamente a realidade aumentada (AR). Quando olhamos para o futuro, acredito que vamos ver algumas coisas. Primeiro, as marcas podem vender objetos físicos que são entregues pelo mundo físico que são adquiridos no mundo digital? Sim. Se você está no estádio em sua experiência 3D e você compra a camisa de futebol no seu avatar e ela é entregue na sua casa uma camisa física que você pode usar no mundo físico. Outro jeito que pensamos é vender objetos digitais no mundo digital. Vamos ver ambos. Já temos exemplos disso em in-gaming com as skins. As pessoas já compram objetos digitais no mundo digital para distinguir o avatar. A moda já está no metaverso e vamos continuar vendo essa evolução de ambos comprar objetos digitais e físicos no metaverso.

M&M – Qual papel tem os criadores de conteúdo no metaverso?
Maren Lau – Espero uma creator economy que possibilite oportunidades para muitas pessoas. No Brasil, isso é muito importante para a economia. Quando pensamos na creator economy, podemos falar de pessoas que criam filtros de AR, mundos digitais, produtos digitais para marcas globais, serviços que se conectam, empreendimentos. Haverá várias oportunidades para pessoas participarem da creator economy. Não imaginamos a magnitude que o metaverso vai atingir. É só pensarmos em como a internet abriu oportunidades para empreendedores. Com a Meta, um empreendedor pode ter um WhatsApp Business, catálogo de lojas no Instagram de graça e entregar produtos em poucas horas e nem precisa investir em lojas físicas ou websites. Ele pode fazer tudo por chat. Isso democratizou oportunidades econômicas. Nós estamos muito otimistas que isso vai acontecer também com o metaverso.

M&M – O metaverso é um local pouco explorado e, portanto, não deve ter leis de proteção de dados aplicáveis por hora, fiscalização e regulamentação. Como vão lidar com a preservação de dados individuais?
Maren Lau – Somos um de vários players digitais que anunciaram recentemente que vão dedicar recursos para criar um metaverso. Obviamente, estamos construindo nosso próprio produto, mas também anunciamos um investimento de US$ 50 milhões para trabalhar com parceiros, organizações de direitos civis e criadores pelos próximos dois anos sobre segurança e privacidade. Por isso estamos falando sobre isso agora. A Meta enquanto companhia foi criada quando a internet já estava criada, então não houve um aprendizado do que a internet ia se tornar. Agora, temos os aprendizados de como a internet evoluiu. Estamos muito atentos.

M&M – No Brasil, a internet ainda não é de qualidade para a maior parte do País e óculos de realidade virtual também podem ser inacessíveis. Como planejam tornar o metaverso mais acessível?
Maren Lau – O Brasil tem 5G e não há muitos países ao redor do mundo que tenham 5G, então isso é animador. Está se expandindo, mas é um ponto importante. Da perspectiva de hardware, duas coisas: quando falamos de VR headsets, nós queremos ter acesso a VR headsets em mercados ao redor do mundo. Segundo, você poderá acessar o metaverso ou um mundo digital em mais devices além do headset. Você pode acessar por celular, laptop, óculos, hologramas, inúmeros devices. Vai ser importante a habilidade das pessoas poderem acessar o metaverso. É algo que é top of mind para nós conforme avançamos em direção ao metaverso.

**Crédito da imagem no topo: Lucky Step/Shutterstock

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