Com Disney, corrida pelo metaverso se acirra
Além da produtora de conteúdo e entretenimento, Microsoft, Meta e outras empresas estão desenvolvendo experiências no ambiente virtual
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Thaís Monteiro
4 de março de 2022 - 6h02
A Walt Disney Company se tornou mais uma das investidoras do metaverso. O CEO, Bob Chapek, afirmou que a realidade virtual faz parte do futuro da empresa. A intenção do player é unir as experiências físicas e digitais. “O que fizemos até agora é apenas o prelúdio da era em que seremos capazes de conectar os mundos físico e digital de forma mais próxima, permitindo uma narrativa ilimitada em nosso próprio metaverso da Disney”, disse. A empresa ainda nomeou Mike White como vice-presidente sênior de Next Generation Storytelling e Consumer Experiences, focado no metaverso.
Mas a Walt Disney Company não é a única nessa disputa. Com a aquisição da Blizzard Activision, a Microsoft acelera no desenvolvimento de seu metaverso com o universo de game e publicidade já melhor estabelecidos. Além disso, a Meta (ex-Facebook Inc.) tornou tal ambição o nome da companhia.
O metaverso na visão de Mark Zuckerberg
Segundo Edson Sueyoshi, VP de tecnologia e produção da R/GA, a Disney tem uma posição privilegiada para explorar as possibilidades do metaverso pela sua presença no mundo físico com seus parques e resorts, na mídia e no entretenimento, com seus studios de produção de filmes e conteúdo no mundo digital, aliada às plataformas de streaming Disney+ e Star+.
“Mike foi CTO da Disney Interactive e seu cargo anterior foi de SVP de Emergin Technologies & Innovation para Parks Disney. Isso é um sinal claro para onde a Disney quer começar a explorar o metaverso, criando novas formas de promover experiências mesclando o virtual e o físico. Quem já teve a oportunidade de visitar os parques da Disney, entende o cuidado da empresa para que tudo pareça ser realmente mágico para o público. Imagine criar experiencias virtuais personalizadas para cada um dentro dos parques”, comenta.
O papel das big techs, mas principalmente da Meta, foi popularizar o conceito, tirando-o da bolha que desenvolve e consome jogos de videogame. Para o fundador Mark Zuckerberg, o metaverso é o sucessor da internet mobile. A empresa anunciou investimentos bilionários no Facebook Reality Labs e na Oculus, ambas subdivisões da Meta focadas em realidade virtual. Nessa empreitada, a Meta ainda se apoia em produtos como o Horizon Social, no qual os usuários podem interagir entre si; o Horizon Worlds, através da qual será possível ter experiências em diferentes “mundos” com demais usuários; e o Horizon Marketplace, para atender a demandas comerciais. São plataformas que se assemelham a jogos e são acessíveis por fones e óculos de realidade virtual e aumentada.
A empresa já tem uma versão beta do seu metaverso denominada Facebook Horizon e voltada a ser uma experiência em VR onde o público pode realizar reuniões em avatares virtuais. A intenção do fundador é unir criptomoedas e NFTs no seu metaverso para possibilitar usuários a terem propriedade sob seus próprios dados. Além disso, ele espera que, em uma década, o metaverso terá um bilhão de pessoas usuárias e gerará bilhões de dólares em comércio.A Microsoft, através do projeto Microsoft Mesh, está apostando em realidade mista e hologramas para promover interação em tempo real entre pessoas em diferentes locações físicas ou devices para que elas possam colaborar em projetos juntos. Este ano, a empresa irá possibilitar reuniões na plataforma Teams com avatares em 3D. A partir disso, a Microsoft diz que irá possibilitar que as próprias empresas clientes desenvolvam seus universos virtuais particulares.
A corrida digital gera especulações sobre qual das plataformas vai prevalecer como a real aceleradora do metaverso. Na opinião do futurista e neurocientista Alvaro Machado Dias, a Microsoft tem um projeto superior ao da Meta em realidade virtual e já está inserido na indústria. Porém, o metaverso do Facebook tem chances de sobressair no seu apelo social, o que inclui a facilidade de acesso aos usuários de suas plataformas.
Embora positivo para o consumidor, a construção de múltiplos metaversos, mas independentes uns dos outros rompe com a proposta de navegação fluida de um universo ao outro sem necessidade de fazer login em cada uma das plataformas. “Diferentes metaversos existirão sem que estejam necessariamente conectados”, diz Flávio Machado, CEO da Pixit Metaversos, martech que desenvolve metaversos há cerca de dois anos. Na opinião do executivo, é possível acreditar na criação de um protocolo aberto que coloque os diferentes metaversos em uma mesma página. O questionamento é se é do interesse das big techs criar um login único que promoverá a interoperabilidade o que, na opinião de Dias, não acontecerá.
Apesar disso, a deliberação sobre qual empresa se encontra na liderança do produto metaverso é, por hora, adiável. A proposta das companhias desenvolvendo-o é ter a cocriação no core do negócio. Para criar um universo virtual e interativo, a Meta conta com a inventividade de creators e marcas em produtos com VR e AR para transpor para uma realidade virtual fluida. “Somos um de vários players digitais que anunciaram recentemente que vão dedicar recursos para criar um metaverso. Obviamente, estamos construindo nosso próprio produto, mas também anunciamos um investimento de US$ 50 milhões para trabalhar com parceiros, organizações de direitos civis e criadores pelos próximos dois anos sobre segurança e privacidade. Não vai ser a Meta que vai integrar o metaverso. Cada player e ecossistema vai ter um papel em criar o metaverso, participar do metaverso. O que é importante é que acreditamos que deve ser uma criação com vários parceiros diferentes, que a interoperabilidade é importante e, conforme vamos todos construindo juntos”, defende Maren Lau, da Meta.Compartilhe
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