Clubhouse: especialistas analisam momento atual da plataforma
Crescimento inicial pegou carona no movimento de popularização do áudio digital, analisa content lead da Ampfy
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Caio Fulgêncio
10 de maio de 2022 - 6h00
Apesar do lançamento em abril de 2020, foi em fevereiro do ano passado que o Clubhouse entrou no radar de marcas e agências publicitárias, sobretudo após o boom midiático causado pela adesão de personalidades como Elon Musk e Oprah Winfrey. No Brasil, Nescau saiu na frente no uso da plataforma, com a sala Nescau Sports Talks. Passado o hype, o que sobrou do Clubhouse? Especialistas analisam o momento atual da plataforma.
Além da presença de famosos, a disponibilidade inicial apenas para o sistema IOS – que acabava soando como um clube fechado, exclusivo – pode ter colaborado para o hype. No entanto, mesmo com a versão para Android, lançada em abril de 2021, o Clubhouse não conseguiu manter o fôlego, sobretudo depois que outros players, como Spotify e Twitter, criarem recursos semelhantes dentro de suas próprias plataformas.
Rodrigo Tigre, country manager da Cisneros Interactive, empresa de publicidade digital, defende que o hype do Clubhouse teve um ponto positivo ao atrair o olhar das marcas para o áudio. Para ele, mesmo com o recurso de gravação do conteúdo, o caráter ao vivo, de proximidade com os usuários, era o principal trunfo do canal. No entanto, com o tempo, os videocasts absorveram essa demanda.
“O Clubhouse pode ter aplicações muito boas. Chegaram a dizer que era um tipo de podcast, mas é ele mais parecido com uma transmissão de rádio, em que existe a participação de usuários ao vivo. Porém, no Brasil, isso foi tomado pelos videocasts, que também têm algo de ao vivo, têm as conversas e a interação do usuário em forma de texto, e que ganharam grande popularidade, muito com o impulso das plataformas de vídeo”, explica.
Segundo Vanessa Brito, content lead da Ampfy, o objetivo de reunir pessoas em conversas sobre os mais variados assuntos fez muito sentido nos períodos mais críticos da pandemia, quando muitas pessoas estavam em casa. Naquele momento, as marcas enxergaram no hype uma oportunidade de se estabelecerem dentro de um novo canal e, rapidamente, conquistarem público. Com o tempo, outras necessidades se apresentaram.
“Do ponto de vista de conteúdo e de associação de marcas à plataforma, atualmente, temos considerado muito mais outros meios de áudio digital. O Clubhouse acaba vindo de forma muito secundária, porque entendemos que ele ainda tem desafios grandes em relação ao trabalho com creators e ao estabelecimento de estratégias para retenção do público. Ele precisa se reinventar para se manter competitivo também do ponto de vista de entrega de mídia e de rentabilização para os clientes”, explica.
Clubhouse libera acesso sem convites
Vanessa atribui o boom da plataforma ao crescimento do próprio mercado de áudio digital, cada vez mais promissor para as marcas, com o podcast liderando os investimentos. “O podcast tem incentivo para o creator, é um produto que já está muito bem formatado no mercado e é atrativo. Ao mesmo tempo que ele consegue entregar a experiência imersiva da conversa, ele permite rentabilizar e tornar isso mais vendável para as marcas”, acrescenta.
Ainda vivo
Apesar disso, mesmo com menos visibilidade em comparação ao ano passado, Vanessa ressalta que, como plataforma, o Clubhouse não pode ser descartado. “Hoje, olhamos muito mais esse canal como um canal orgânico, em que temos uma frente de suporte para trabalhar marcas de forma mais nichada, com um perfil de alto interesse em um tema, do que para um público amplo”, acrescenta.
Quem compartilha da mesma opinião é Leandro Claro, diretor de mídia e performance na Ogilvy Brasil. Ele analisa que, mesmo com a queda no engajamento total, houve uma gradativa transformação no uso do aplicativo, principalmente por parte do mercado corporativo, com palestras e outros conteúdos via áudio.
“Novos ativos e recursos, como gravar o conteúdo para ouvir depois e compartilhar trechos em outras redes sociais, surgiram como uma tentativa de atrair novos usuários. De forma geral, as marcas que possuem um core em comunicar e se apropriar de conteúdos são ativas, expondo através de suas pautas o domínio na categoria”, finaliza o diretor.
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