Como as redes sociais se prepararam para as eleições?
Com a crescente influência da vida online no debate e nas decisões políticas, big techs investem em moderação, contexto e parcerias com autoridades
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Taís Farias
25 de agosto de 2022 - 6h01
Em dezembro de 2019, quase um ano após as últimas eleições presidenciais realizadas no País, o Instituto DataSenado, em parceria com as Ouvidorias da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, desenvolveu uma pesquisa sobre a influência crescente das redes sociais como fonte de informação para o eleitor.
Das 2,4 mil pessoas entrevistadas, 45% afirmaram ter decidido seu voto levando em consideração informações vistas em alguma rede social. Na época, o Whatsapp era apontado como a principal fonte de informação. 79% dos usuários disseram sempre usar essa rede social para se informar. Na sequência, aparecia a televisão, citada por 50% dos entrevistados, e o YouTube, com 49%. No auge da discussão sobre as notícias falsas, os brasileiros já diziam considerar esse fator na hora de se informar.
Com o início da campanha eleitoral e o avanço do debate online, as redes sociais vêm sendo cada vez mais pressionadas a mostrar como estão se preparando para lidar com as eleições e fenômenos como desinformação e discurso de ódio. Confira algumas das medidas anunciadas pelas plataformas:
Ainda em fevereiro, após o acordo com o TSE, foi criado um canal de denúncias. O conteúdo é analisado pelo TSE e encaminhado para Meta. A companhia também inseriu rótulos em ambas as plataformas para publicações sobre política ou eleições, que direcionam o usuário para os canais da Justiça Eleitoral.
De acordo com o TSE, em dois meses de parceria, o número de acessos ao portal do aumentou em dez vezes. O Whatsapp, outro aplicativo que pertence à Meta, lançou uma campanha promovendo seus esforços contra a desinformação. A campanha foi criada pela AlmapBBDO e será veiculada durante todo o período eleitoral.
Uma das iniciativas destacadas é o desenvolvimento de um chatbot, o “Tira-Dúvidas do TSE”, no WhatsApp. A ferramenta usa inteligência artificial para que os usuários possam interagir com uma autoridade eleitoral. O app de mensagens também renovou o canal de denúncias para contas suspeitas de realizar disparos em massa, o que não é permitido pelos Termos de Serviço do Aplicativo e pela Legislação Eleitoral.
De acordo com a Meta, só em 2021, forma investidos US$ 5 bilhões nas áreas de segurança e integridade. Os investimentos estão aplicados em aprimorar a tecnologia e contratar pessoas para, entre outras ações, remover conteúdo e agir contra contas falsas. A companhia também trabalha com agências independentes de verificação de fatos para verificar posts denunciados no Instagram, Facebook e fornecer informações verificadas para usuários no WhatsApp. Neste ano, o número de parceiros do programa subiu de quatro para seis.
O Twitter começou a apresentar seu pacote de medidas em abril. Segundo um levantamento da plataforma, de janeiro a julho, a companhia registrou cerca de 44 milhões de tweets sobre as eleições. Pensando nisso, entre as medidas adotadas, estão a implementação da Política de Integridade Cívica, uma camada adicional às políticas da rede, que proíbe o uso da plataforma para manipular ou interferir em eleições ou atos cívicos. Para isso, a big tech inclui avisos ou mesmo remove informações que sejam falsas ou enganosas.
Twitter lança aba dedicada às Eleições 2022
Fruto da parceria com o TSE, a rede está inserindo links com informações do Tribunal Superior Eleitoral como primeiro resultado das buscas por eleições. Também foi lançada uma página específica na Central de Ajuda e uma aba dedicada às Eleições 2022, por meio do Moments.
A companhia ainda vai colocar etiquetas de identificação em contas de candidatos(as) aos cargos de presidente, governador, senador e deputado federal, além de outras ações como campanhas educativas e o lançamento de emojis especiais.
Em março, o YouTube, junto ao Google sua plataforma mãe, apresentou uma atualização de suas políticas de integridade eleitoral que estabelece, entre outras medidas, o veto a publicação de conteúdos que aleguem fraude, erros ou problemas técnicos em eleições já realizadas. A plataforma também não vai permitir, por exemplo, conteúdos que possam confundir, atrapalhar ou desestimular a participação no pleito.
Alana Rizzo, gerente de políticas públicas do YouTube, resume a atuação da companhia em quatro pilares. O primeiro deles é, de fato, a remoção de conteúdos que violem as regras e políticas. Para conteúdos considerados borderline, ou seja, que estão na fronteira entre o que é permitido e o indesejado para a plataforma, a medida é a redução do alcance.
Por meio da parceria com o TSE, o YouTube também está investindo na recomendação de conteúdo informativo gerado por fontes oficiais e autoridades. É o caso da ferramenta painel de informação, que gera contexto para os usuários a partir de informações do TSE. Um dos painéis disponíveis trata da segurança das urnas eletrônicas.
O último pilar se dá com os criadores de conteúdo da plataforma, ajudando na preparação e qualificação deles. Outra alternativa foi o projeto Jogo Limpo, programa em parceria com jornalistas para fomentar iniciativas contra desinformação.
Diferente de outras plataformas, o TikTok não se posiciona como uma rede social. Com mais de um bilhão de usuários ativos no mundo, a companhia afirma ser uma plataforma de entretenimento. Isso reflete sua abordagem das eleições.
“O TikTok é primariamente uma plataforma de entretenimento, com conteúdos leves e divertidos. Não somos o destino primário de quem quer consumir informação ou conteúdo político”, conta Fernando Gallo, diretor de Políticas Públicas do TikTok no Brasil.
Para isso, o TikTok lançou ferramentas na plataforma para ajudar os usuários a se conectarem com informações oficiais, para além da parceria com o TSE e com o Estadão Verifica.
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