Redes sociais nichadas ganham espaço no mercado brasileiro
Plataformas sociais focadas em gastronomia, esportes e literatura, como DeliRec, Sportidia e Universo, chegaram ao mercado recentemente
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Amanda Schnaider
20 de outubro de 2022 - 6h00
O Brasil tem a quinta maior população mundial de usuários de redes sociais, de acordo com dados da Statista. Atualmente, há mais de 160 milhões de usuários de mídias sociais no País e a previsão é que esse número cresça 13% até 2025, somando mais de 180 milhões.
O Facebook, o WhatsApp e o Instagram, todos da Meta, são os principais aplicativos móveis entre os usuários brasileiros de smartphones, e o TikTok vem crescendo de forma relevante. Apesar disso, redes sociais nichadas estão ganhando espaço entre os usuários que estão em busca de experiências mais específicas para os seus gostos.
Uma delas é a DeliRec, plataforma criada em 2021 para os apaixonados por gastronomia. O público da plataforma é dividido em dois: os próprios cozinheiros, que armazenam suas receitas, com descrição, fotos e vídeos na plataforma — e podem ser remunerados por isso — , e os usuários que podem salvar receitas, conhecer pratos novos e seguir os seus cozinheiros favoritos.
A plataforma conta com mais de seis mil cozinheiros, 45 mil receitas e 800 mil usuários únicos por mês. Claudio Gandelman, CEO e fundador da DeliRec, explica que a plataforma surgiu no meio da pandemia. “Todo mundo estava trocando receita no meio da pandemia, resolvemos testar a tecnologia num aplicativo. Montamos um app para conseguirmos trocar receitas”.
Outra rede social nichada lançada recene foi o aplicativo Universo, voltado para amantes da literatura. Disponível para Android e iOS, a plataforma conta com títulos e insights dos escritores, assim como possibilita que qualquer usuário publique e compartilhe textos durante todo o processo de criação. O intuito do app é reencher a lacuna entre redes sociais convencionais e os tradicionais grupos de leitura, suprindo uma demanda crescente por inovação nesse mercado.
O app ainda conta com o Top Ranking, uma lista de conteúdos mais acessados. De acordo com o seu criador, William Costa Rocha, essa lista foi criada com o objetivo de chamar a atenção do mercado, e, por exemplo, viabilizar a troca com editores que buscam conteúdo para fazer uma publicação.
Os entusiastas por esportes também já têm uma rede social especializada nessa comunidade, a Sportidia, que foi lançada em maio deste ano, por Christian Kittler e Nico Torteli, dois esportistas brasileiros.
O aplicativo foi desenvolvido com base em dois pilares: a função social de conectar usuários que tenham interesse em comum e as atividades que, por meio dos filtros e configurações definidas pelo usuário, reúne informações sobre o esporte de interesse, além de cronogramas de eventos, treinos e locais onde é possível praticá-lo em diferentes regiões. “O nosso modelo é um pouco mais complexo do que simplesmente uma rede social, somos uma rede social que vai tirar você do celular”, enfatiza o CEO, Kittler.
Para Kittler o crescimento dessas redes sociais nichadas se deve a um esgotamento por parte dos usuários em relação as grandes redes sociais. “Não sei se as pessoas de alguma forma estão um pouco cansadas das redes sociais, no sentido de quererem ver novidades”, complementa. Neste contexto surgiu a BeReal, que tem a proposta de mostrar a vida real das pessoas, sem tantos filtros.
Já, na visão de Claudio Gandelman, CEO e fundador da DeliRec, o mercado de mídias sociais está se voltando para o passado. “As redes sociais, de uma forma geral, ficaram muitos superficiais. E a rede social fez os usuários trabalharem para ela. O que está mudando é que estamos vendo novas redes sociais em que elas trabalham para os usuários”, opina.
O Brasil é o maior país em número de influenciadores digitais no Instagram, de acordo com dados de uma pesquisa da Nielsen. São 10,5 milhões de influenciadores com pelo menos 1 mil seguidores cada um, em média. Considerando, Instagram, TikTok e YouTube, o Brasil fica em segundo lugar no número de criadores de conteúdo, ficando atrás somente dos Estados Unidos.
Mas viver do trabalho das redes sociais pode ser bastante complicado, visto que os algoritmos e a monetização das plataformas mudam a cada dia. Um diferencial da DeliRec é o modelo de monetização dos criadores de conteúdo.
De acordo com o CEO, a plataforma funciona de forma que os criadores de conteúdo são os reis. “Estamos dando oportunidade para eles terem muito seguidores, mas mais do que isso, criamos formas de eles monetizarem esse conteúdo”, explica.
São três formas: um marketplace de utensílios culinários, no qual 40% da receita vai para os criadores; compra dos ingredientes da receita, que também dá 40% para os cozinheiros; e patrocínios de marcas dentro do app, que remunera os criadores em 80% da receita da plataforma.
Esse último formato foi lançado recentemente e oferece para as marcas uma chance de anunciarem, criarem campanhas e inovarem dentro das receitas dos cozinheiros da plataforma. “Criamos um negócio que é muito importante para os criadores e para as marcas”, diz o executivo.
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