Morre Roberto Civita, do Grupo Abril
Presidente do Conselho de Administração estava internado em situação grave havia dois meses
Presidente do Conselho de Administração estava internado em situação grave havia dois meses
Meio & Mensagem
26 de maio de 2013 - 10h47
Morreu neste domingo, 26, o presidente do Conselho de Administração do Grupo Abril, aos 76 anos. Além de presidente do conselho, Civita era também diretor editorial da Abril e chairman da Abrilpar. Civita estava internado há dois meses no Hospital Sírio Libanês, na capital paulista, em decorrência de complicações de saúde após uma cirurgia de colocação de um stent abdominal e, desde o dia 20 de março, suas funções passaram a ser desempenhadas por Giancarlo Civita.
A trajetória profissional de Civita é marcada pela ascensão do Grupo Abril a um dos maiores conglomerados de mídia do Brasil. Fundada pelo seu pai, Victor Civita, em 1950, a Abril ganhou contornos mais ambiciosos quando deixou de ser apenas uma editora de revistas, a partir dos anos 1990, e investiu em novas plataformas, como televisão, digital, mobile, mídia out-of-home e em setores como distribuição e educação. Esse período coincide com a fase sob a gestão de Roberto Civita. Em maio de 2006, a companhia sul-africana Naspers adquiriu 30% de participação na Abril, incluindo os 13,8% reservados ao fundo de investimento administrado pela Capital Internacional, operação realizada em 2004.
Em 2012, A Abril S/A, que concentra as operações de mídia, gráfica, logística e distribuição do grupo, registrou receita líquida de R$ 2,98 bilhões. De acordo com o ranking publicado pela revista Forbes, a fortuna da família é, em 2013, de US$ 4,9 bilhões, o que o posiciona na 11ª colocação nacional e na 258ª mundial.
Em sua última longa entrevista ao Meio & Mensagem, de 2008 – quando Veja completou quatro décadas de existência – Civita rememorou a história do título e sua relação com a revista, fundada por ele. A razão do desempenho da revista, segundo seu criador, se devia a dois fatores: sensibilidade para identificar o que os leitores desejam ler e investimento no departamento de assinaturas. Dos 40 anos da revista, Civita ressaltou que o período mais difícil foi a Era Collor, seguido pela censura do Regime Militar. “Meu papel ao longo destas quatro décadas tem sido, primeiro, preocupar-me com o conteúdo da revista – com a linha mais do que com a pauta. E, segundo, ter desenvolvido primeiro a operação assinaturas e depois uma série de outras coisas que possibilitaram a ela manter a mesma linha ao longo deste tempo todo, prosperar economicamente e se fortalecer”, afirmou, na ocasião.
O Grupo
Aos 63 anos, o Grupo Abril é um das maiores companhias globais de mídia. Seu primeiro produto foi a publicação das revistas do Pato Donald no Brasil. A iniciativa foi sucedida pelo lançamento de fascículos e a ampliação do portfolio de histórias em quadrinhos, com o investimento em outras revistas licenciadas da Disney e foco no público infantil.
Entre seus títulos mais paradigmáticos está a revista com a maior circulação no País, Veja, que alcançou o patamar de um milhão de exemplares semanais. Carro-chefe da editora, a revista era observada com atenção por Roberto Civita, que a fundou, e mesmo após o afastamento da presidência da empresa, continuou assinando como editor responsável pelo conteúdo de seus títulos, sobretudo por conta da semanal. Outros títulos históricos são Claudia, Quatro Rodas e Playboy, esta também fundada Roberto Civita.
Entre avanços e recuos, a Abril, nas últimas duas décadas, participou de todos os movimentos de ampliação do setor, com investimentos na TVA, como responsável pela chegada da MTV no Brasil, bem como no lançamento do BOL, depois incorporado ao UOL, em sociedade com o Grupo Folha.
Em 2010, a área de educação da Abril ganhou autonomia em relação ao grupo e, atualmente, envolve marcas como editoras Ática e Scipione; Anglo, Ser, Maxi, pH e GEO, os sistemas Anglo Vestibulares e o Curso e Colégio pH e outros colégios e escolas de idiomas. A operação fez sua oferta pública de ações em julho de 2011, quando captou R$ 371,134 milhões.
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