Lugar de fala: precisamos falar sobre isso
Podemos aumentar significativamente os atos de gentileza de ambas as partes para nos unirmos nesta boa luta e conseguirmos resultados mais eficientes para todxs
Podemos aumentar significativamente os atos de gentileza de ambas as partes para nos unirmos nesta boa luta e conseguirmos resultados mais eficientes para todxs
Nos últimos anos, o debate sobre diversidade e inclusão vem ganhando cada vez mais voz na sociedade. Mas, atualmente, as pessoas já não querem apenas debater e conversar. Elas exigem que as partes envolvidas nessa conversa tomem medidas capazes de endereçar as questões de diversidade e inclusão de forma mais ativa, principalmente no ambiente corporativo.
Assim, vivemos tempos em que não basta ser friendly com a causa, temos que celebrar nosso direito à diversidade, ocupando o lugar de fala, para promover a inclusão de forma ativa e até mesmo corajosa. Além disso, também é preciso garantir espaços seguros para as diferenças em nossas equipes e empresas.
Essa luta da diversidade e inclusão, evidentemente, é liderada pelos grupos sociais, tidos como minoritários, que almejam e têm direito de ter espaço igual em nossa sociedade, como os negros, mulheres, membros da comunidade LGBTQI+ e portadores de deficiência, mas já temos a consciência de que eles não devem ser os únicos a falar ou lutar. Aqueles grupos historicamente dominantes, que detêm o poder e a liderança nas organizações e na sociedade, também devem se engajar nesse movimento. Sim, o homem branco, heterossexual e de classe econômica mais elevada, tem o dever de falar em defesa da diversidade e, principalmente, da inclusão.
É claro que são as classes historicamente discriminadas que devem conduzir essa fala, com propriedade e direito, como protagonistas. Questões de gênero devem ser lideradas pelo público LGBTQI+, assim como as raciais devem ser comandadas pelos negros e as pautas femininas pelas mulheres. Mas temos que usar o poder de influência dos grupos sociais dominantes para promover, onde for preciso, as mudanças necessárias. Quando um aliado, seja ele uma pessoa ou organização, tem consciência de seu dever de promover a inclusão, precisa lembrar também de externá-la por meio da voz e da ação, para influenciar e transformar os outros ao seu redor.
Por falar em transformação, precisamos, antes de apontar e julgar, repensar que nem toda iniciativa empresarial é apenas uma “jogada de marketing” ou “discurso da boca para fora”. Por trás do post que observamos criticamente, pode existir uma companhia consciente de seu papel e dever. Não podemos desprezar aliados tão fortes e influentes. Dito isto, penso que podemos aumentar significativamente os atos de gentileza de ambas as partes para nos unirmos nesta boa luta e conseguirmos resultados mais eficientes para todxs.
Aliás, é esse agir com gentileza que também nos ajudará a reforçar a mensagem de boa nova da diversidade, fazendo com que o lugar de fala, e não apenas de protagonismo, seja ocupado pelos profissionais que lideram o mercado de trabalho. Trata-se de desenvolver um espírito de liderança inclusiva, que discute, introduz e abre espaço para que as ditas minorias e maiorias possam ter uma convivência produtiva e sustentável nas organizações.
Como percebido, a voz do mercado corporativo é importante para a causa da diversidade, pois vai além do apelo emocional — as corporações estão mais preparadas para mostrar as vantagens da causa por meio de processos cognitivos. As coisas mudaram, não somos ou pensamos mais como antigamente. Então, não podemos confiar somente em nossos sentimentos do bem para que as coisas se transformem. Temos que discutir, falar e, principalmente, ouvir para promover processos de aprendizagem sobre as vantagens de termos um mundo mais igualitário, sem tantas injustiças e, com certeza, sem o monstro do assédio que nos assombra em todos os cantos.
Então, empresários, é hora de abrir espaço para os militantes das boas causas em nossas empresas, hora de transformar colaboradores em aliados da diversidade e líderes em peritos em inclusão estratégica. É hora de nos unirmos em prol do outro, da diversidade e da inclusão.
*Crédito da imagem no topo: Rawpixel/Pexels
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