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Opinião

Design: a marca das experiências diárias

A indústria criativa nacional responde por 2,61% do PIB e é estimada em R$ 171,5 bilhões


9 de fevereiro de 2021 - 13h36

(Crédito: Reprodução)

A interface de um aplicativo, a sinalização de um shopping center, a embalagem de um suco, a marca de uma empresa, a capa de um livro, um liquidificador, o cenário de um game, o atendimento de um banco. É praticamente certo que ao longo do dia seremos tocados por algo que tenha design em sua concepção. Afinal, o valor do design está em apresentar soluções e facilitar as experiências do dia a dia.

Exatamente por isso, a atividade tem ampliado sua atuação na indústria, na comunidade e no setor público, inclusive na formulação de políticas. Instituições que são referências históricas, como a alemã Staatliches Bauhaus, primeira escola de design do mundo, já falavam em atender ao “novo ser humano”. Nada mais atual aos debates de conceitos que se apresentam hoje no design thinking, design de serviços, UX (User Experience), entre outros. O processo de design estabelece técnicas criativas que transformam ideias em resultados tangíveis, considerando aspectos econômicos, sociais e ambientais.

Mapeamento realizado em 2019 pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) revela um ecossistema de oportunidades profissionais no Brasil, fomentado pelo contexto de transformação digital e valorização da jornada do consumidor/cidadão. A indústria criativa nacional responde por 2,61% do Produto Interno Bruto (PIB). É estimada em R$ 171,5 bilhões. O mercado, que ampliou sua participação em 25% nos últimos quinze anos, mantém resultados estáveis e consistentes – a despeito do atual cenário econômico mundial. De 2015 a 2017, mais de 25 mil novas posições foram criadas para funções como diretor de arte, designer gráfico, designer de UX/UI (User Interface), editor de mídia eletrônica, visual merchandiser, entre outras.

Este cenário reforça o papel dos designers, de entender as reais necessidades deste “novo ser humano”, cada vez mais exigente e conectado à tecnologia e à informação. Uma sociedade em constante transformação exige dos profissionais conhecimentos diversos e aprofundados, sem perder o olhar sensível às aspirações de seus públicos.

Não é por acaso que o design thinking tem sido incorporado mais e mais pelas empresas. Uma metodologia que busca reproduzir o processo criativo dos designers na busca de soluções originais e inovadoras centradas no usuário. Principalmente, porque os bens valem cada vez menos pelo que são e mais por seus valores intangíveis, como marca, identidade, estética, ou pelos valores culturais que representam.

Pelo mesmo motivo, grandes consultorias nacionais e internacionais têm criado estruturas de design internas ou, em muitos casos, incorporado empresas reconhecidas da área. Já não basta às corporações dos mais diversos segmentos oferecerem aos clientes soluções de gestão, finanças ou tributárias. O competitivo mercado global exige produtos e serviços diferenciados, sempre com um olhar aprofundado das reais demandas do público, necessidades muitas vezes sequer percebidas, mas que por meio de um processo de design preciso, vem à tona.

Essas abordagens são uma resposta das organizações à exigência da sociedade por posturas responsáveis em relação ao público e ao ambiente em que estão inseridas. Por consequência, o mercado de design exige de seus profissionais formação cada vez mais ampla. Questões como sustentabilidade, acessibilidade, diversidade, mobilidade estão na pauta. Portanto, a análise e a compreensão dos problemas devem se materializar em soluções concretas. O domínio das habilidades de linguagem e conhecimento técnico continuam a ser indispensáveis para atingir resultados de excelência, a despeito de todo aparato tecnológico. Afinal, se para ter êxito hoje as empresas têm que oferecer produtos e serviços desejáveis e emocionalmente atrativos, o design, cuja origem do latim é dar significado, se tornou componente chave para atingir este objetivo.

*Crédito da foto no topo: Irina Devaeva/iStock

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