O propósito como caminho para a evolução
Organizações mais humanas: esse deve ser o saldo positivo do pós-pandemia
Organizações mais humanas: esse deve ser o saldo positivo do pós-pandemia
Há um ano e meio estamos passando por processos de transformação muito intensos. Lá em março de 2020 fomos pegos de surpresa e sem saber como nos comportar diante do desafio de vivermos isolados. Logo no início da pandemia, agimos quase que por instinto, acreditando que em poucas semanas tudo voltaria ao normal. Mas então veio o “novo normal” que parece estar longe de acabar, mesmo com os avanços da vacina.
Uma coisa é certa: não somos mais os mesmos. Mas como os processos evoluíram e como líderes e marcas têm se posicionado diante das mudanças? Um pilar fundamental é o propósito – instrumento crucial para suportar momentos de crise. Empresas com propósitos consistentes, souberam conduzir melhor as novas rotinas organizacionais e trouxeram resiliência aos seus ambientes de trabalho, mesmo que à distância.
Refletindo sobre esse período de transição, notamos que muito da forma como agíamos lá atrás, não faz tanto sentido hoje. Se antes nos arrumávamos com belas camisas para as incessantes reuniões no Zoom, hoje prezamos por certo conforto e saúde mental, o que nos fez desacelerar (ou pelo menos tentar) o ritmo desses encontros e até pararmos de nos preocupar com a aparição de algum filho na tela durante um compromisso online. Havia dúvida sobre a organização do trabalho, mas as tecnologias facilitaram as conexões e as entregas fluíram.
Foi então que construímos um relatório, com apoio do time de estratégias da iN, que pondera os efeitos e os desdobramentos do que passamos. Percebemos que é possível se adaptar a um cenário difícil. O desafio agora é outro. O mundo parece cansado da ausência de contato com as pessoas. Destacamos algumas inspirações que ajudam a provocar a evolução de negócios e, por que não, apoiar no dia a dia das pessoas.
Inovação nasce da colaboração
Na busca pelo desenvolvimento da vacina contra o coronavírus, por exemplo, as indústrias farmacêuticas se uniram em torno de um propósito maior em todo o mundo. A Novartis anunciou seu auxílio na produção da vacina da Pfizer. Em uma ação similar, a Takeda divulgou que usará uma de suas unidades industriais no Japão para fabricar 250 milhões de doses do imunizante produzido pela Novavax. Marcas que provocam a evolução são aquelas capazes de perceber as demandas dos consumidores por estarem ao lado deles, pensando no que é realmente útil para o cenário de risco presente.
Um consumo mais ético para um mundo em momento delicado
Uma pesquisa da Kantar revela que 65% dos respondentes veem os problemas das mudanças climáticas como prioritários após o fim da pandemia. A consultoria Accenture verificou que 60% dos consumidores globais passaram a adquirir produtos ecologicamente responsáveis por conta da Covid-19. Nove entre cada dez entrevistados nesse grupo manterão o hábito após o isolamento. As marcas, portanto, têm a oportunidade de conciliar esse novo comportamento à uma cultura de responsabilidade social e corporativa.
Ativismo de marca, performance e ESG
A morte de George Floyd, em maio de 2020, revelou a capacidade das pessoas se mobilizarem em torno de um fato cultural e socialmente significativo. Marcas que não desenvolverem planos de inclusão social e igualdade racial e de gênero, não terão uma performance expressiva em relação aos seus pares. Aqui, o propósito tem uma força única na promoção do papel que as organizações exercem no mundo. É a partir dele que indicadores como ESG são mais bem direcionados. Exemplos de sucesso são Spotify e Ben & Jerry’s, que têm como valor se posicionar diante de acontecimentos que julguem relevantes.
Comunicação alinhada com propósito aumenta a resiliência
Lidar com a realidade em que as más notícias se acumulam, pede uma política de comunicação que reforce aos colaboradores que o mundo foi impactado sim, mas que após isso, sairemos melhores desta fase. A comunicação deve exaltar que cada pessoa é fundamental, e que a empresa só existe porque tem um papel a exercer no mundo. Essa resiliência é reforçada pelo propósito e pelos valores da marca.
People, not pixels
As tecnologias provaram que podemos contatar nossos colegas e sermos produtivos de qualquer lugar do mundo. A pausa para o café entre reuniões, acabou. Os comentários positivos que gostamos de fazer após um encontro bem-sucedido com o cliente, parecem às vezes manifestados de forma mais fria. Esse quadro traz riscos à cultura das empresas. Por isso, é preciso renovar os ritos. A adaptação de um happy hour ou do papo na fila do almoço, faz com que as pessoas se lembrem que há laços além-trabalho.
Seu novo valor: a saúde
Vivendo em momento de pandemia, as organizações devem zelar pelo bem-estar das pessoas e promover na sociedade uma postura de apoio ao enfrentamento da crise sanitária. Aqueles que não perceberam ainda a importância da saúde como um valor, precisam urgentemente revisar suas atuações.
O novo normal não pode ser normal
Dados da Associação Brasileira de Captadores de Recursos indicam que, desde o início da pandemia, empresas, ONGs e a sociedade civil doaram cerca de R$ 6,3 bilhões para causas ligadas à Covid-19. Entre janeiro e fevereiro de 2021, foram doados somente R$ 19 milhões. Esses números indicam uma espécie de normalização da pandemia. Assim como existe o perigo de nos tornarmos mais distantes nas relações de trabalho, também o nosso senso de solidariedade corre o risco de se enfraquecer.
A construção de um amanhã mais humano
Em meio a tantas incertezas, são as relações humanas que nos dão apoio e perspectiva. Se as empresas têm o papel de elaborar e criar seus propósitos, são as pessoas que os tornam realidade. A constatação revela como cada um de nós também deve pensar a maneira de agir no mundo, reforçando nossa responsabilidade individual na construção de um legado positivo.
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