Empresas ágeis serão as vencedoras no futuro
Esqueça os grandes players de hoje. Empresas vencedoras amanhã serão determinadas pela velocidade em experimentar e evoluir seus produtos, mais do que por seu tamanho
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Gosto muito da expressão ‘empresa digital’, mais do que ‘startup’. Ela traz em si o conceito do software mindset, ou seja, empresas que têm um olhar atento sobre as interações e comportamentos do usuário com o seu produto, e respondem rapidamente a feedbacks. Uma empresa que espera ter um lugar no futuro, obrigatoriamente passa por esse mindset digital. É uma questão de sobrevivência e não é exagero.
“Nosso sucesso na Amazon é proporcional à quantidade de experimentos que fazemos por ano, por mês, por semana, por dia”. Essa frase foi dita por Jeff Bezos, fundador da Amazon, uma empresa que vale mais de 1,6 trilhão de dólares.
Por isso, meu pior concorrente não é uma grande empresa fundada há décadas. Hoje, meus concorrentes mais perigosos são os jovens que estão em uma garagem, em qualquer lugar do mundo, criando um negócio, experimentando um grande número de funcionalidades de forma rápida e eficiente. Esse é meu grande desafio dado que a velocidade é fundamental para a criação e evolução dos produtos de sucesso do futuro.
Uma companhia convencional vai passar um bom tempo desenvolvendo especificações de um novo produto, testes com materiais, pilotos e protótipos; depois, vem a campanha publicitária e somente após vários meses, lançam o produto. Já a empresa com mindset digital, coloca o produto logo para ser experimentado, em questão de semanas ou dias. Ela o oferece para seus usuários conhecerem, coleta algumas impressões e já aprende alguma coisa ali. Apresenta uma nova versão, e depois outra. E a velocidade está justamente nesses ciclos curtos de feedback.
Antes, nas grandes empresas, a evolução dos produtos era feita por profissionais especialistas ou ‘superstars’ — uma super diretora de marketing ou um super executivo vindo do mercado. Hoje é mais importante contratar um time que consiga testar rapidamente várias hipóteses, diretamente com os clientes, e gere insights que servirão para as próximas versões do desenvolvimento do produto do que uma pessoa que “ache” que tem todas as respostas na ponta da língua.
Não é preciso mais ter todas as respostas num primeiro momento. Assim como não se deve estar mais preso ao ‘certo ou errado’. Se aprende com um acerto, sabendo o que fazer para evoluir um produto; mas também se aprende com um erro, sabendo o que não fazer. O objetivo deixa de ser acertar sempre, desde a primeira vez. De acordo com o conceito de software mindset, precisamos estar aprendendo continuamente, seja com erros ou acertos, porém sempre em alta velocidade.
Economia da experiência
Atualmente, experience economy é uma das principais tendências de mercado no mundo. Para explicar e ilustrar esse conceito, gosto de usar o exemplo de companhias de telefonia celular. Imagine um cliente da operadora de celular A e outro da operadora B. Muito provavelmente, nas principais capitais, ambos terão qualidade de sinais similares, velocidade de conexão similares e planos de pagamento também semelhantes.
Qual seria então a diferença entre as duas operadoras? Ao entrar em contato com uma das empresas se percebe a facilidade de ativar o chip, tirar dúvidas, obter uma segunda via da conta, enfim, ser bem atendido (e menos chateado pelo atendente). Em resumo, a diferença é a experiência.
E como a economia da experiência está relacionada com a agilidade e velocidade das empresas? Quanto mais veloz e mais experimentos uma empresa fizer, melhor experiência ela irá proporcionar para seu público no menor tempo possível.
A transformação digital ágil
As empresas com os maiores valores de mercado do mundo hoje têm o mindset digital. Nessas empresas, durante a fase de crescimento acelerado, a velocidade, seja de expansão de mercado, ou de experimentação e evolução de produto, é mais importante do que performance. E isso se consegue somente com o uso simbiótico de tecnologia e pessoas.
Mesmo sendo sócio de uma empresa de tecnologia, não acredito que tecnologia por si só seja o fim; e sim, o meio para se chegar a um propósito ou resolver um determinado problema dos clientes. Ninguém adquire mais tecnologia por tecnologia. Há a necessidade de se ter um objetivo específico. Se o seu propósito é resolver alguma dor ou desafio dos seus clientes, a tecnologia o ajudará a chegar lá. Principalmente, com a velocidade necessária.
A tecnologia se tornou algo muito acessível. Hoje, é possível contratar um servidor na nuvem de forma barata e programar usando softwares que aceleram o desenvolvimento de soluções. Dá para fazer testes e atrair clientes através do marketing digital, sem a necessidade de se fazer um grande investimento.
Ou seja, com poucos recursos juntamente com tecnologia disponível no mercado é possível se fazer vários experimentos que são fundamentais para acelerar o desenvolvimento de produtos. E esse conceito de evolução constante de produtos baseado na experimentação e interação com usuários é um dos principais pilares da transformação digital tão discutida nas empresas atualmente.
Dito tudo isso, fica uma última reflexão. Não há protótipo que resista à primeira interação com o usuário. A melhor fonte que uma empresa tem para saber se acertou ou não na evolução de um produto é a interação com o próprio usuário. Busque sempre evoluir seus produtos, faça vários experimentos, interaja com seus clientes e torne sua empresa uma vencedora!
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