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Opinião

Cross Polinização: o que é e como usá-la para inovar

O cruzamento de especialidades e inovação, antes restrito a vanguardistas, após a pandemia se tornou mais comum


19 de agosto de 2021 - 18h58

Por definição, a cross polinização (ou polinização cruzada), na biologia, é um processo no qual um tipo de flor recebe o material genético de outra espécie. O resultado é uma forma de vida que carrega características das duas plantas. Como esse conceito é aplicado na busca por inovação no mundo corporativo? Da mesma forma. O material genético representa diferentes áreas de expertise, enquanto a nova forma de vida é um produto ou solução inovadora que carrega as qualidades, por exemplo, como utilizar tecnologias incríveis de visão aumentada, utilizadas pelas empresas automobilísticas em carros autônomos, para melhorar a atenção a um paciente em um hospital.

A metodologia já foi experimentada e comprovada por gigantes de diferentes mercados, do entretenimento e consumo à indústria e mercado financeiro. Independentemente do setor econômico, esse método permite que a organização em questão utilize conhecimentos comuns a outras áreas para remediar suas próprias dores. Essa é a “mágica” da cross polinização. Como uma visão de um especialista em games pode apoiar uma companhia médica, ou como uma big tech pode ter soluções para os desafios do setor segurador? Um exemplo: hoje, existem empresas de saúde que pegam emprestadas ferramentas da indústria de games e, por meio de mecânicas mais interativas, conseguem fazer diagnósticos mais precisos sobre condições como, por exemplo, a depressão clínica. Ou até utilizar as práticas de gamificação para gerar um maior engajamento das pessoas em fazer exercícios físicos e melhorar sua qualidade de vida.

Esse fenômeno – cruzamento de especialidades e inovação -, antes praticamente restrito a vanguardistas, agora, após a pandemia e condições impostas pelo isolamento social, se tornou mais comum. Em 2020, houve um boom de digitalização no mercado brasileiro e no mundo. O que era um esforço para ganhar vantagem competitiva, hoje, é o necessário para se manter relevante. É o caso da transformação dos negócios por meio da tecnologia, com visitas virtuais em museus, lançamentos de cinema direto no streaming, adoção de modelos de trabalho remoto e diversos outros exemplos que vêm sendo aplicados no Brasil e no mundo. Era quase impossível imaginar os mercadinhos de bairro criar seus próprios e-commerce ou subindo em aplicativos seus estoques a pandemia impulsionou a digitalização da vida.

 

A cross polinização é um processo no qual um tipo de flor recebe o material genético de outra espécie, mas como podemos colocar isso na inovação no mundo corporativo? (Créditos: Unchalee Srirugsar/Pexels)

A partir da observação da cross polinização pré e pós pandemia, vemos que, assim como todos os caminhos levam a Roma, o rumo ao pioneirismo (quase) sempre passa pela aplicação de tecnologia para inovar e atender melhor o usuário. O melhor é que, além de melhorar soluções e serviços, o uso da tecnologia junto à cross polinização possibilita ainda outro benefício: conhecer melhor seu próprio público. Isso porque a tecnologia está intimamente ligada ao estudo, análise e coleta de dados. E, com o usuário melhor atendido e com uma jornada mais agradável, é possível coletar uma gama maior de dados, padrões de comportamento e outros insumos importantíssimos para entender a demanda e desejos da audiência.

Todo esse processo gera um ciclo virtuoso. A cross polinização e a busca por uma jornada/solução mais eficiente devem resolver o problema do cliente que, sentindo-se mais satisfeito com a experiência — e tendo confiança que suas informações serão usadas de forma responsável e ética — , se sente mais à vontade para compartilhar proativamente dados que vão ajudar a melhorar suas futuras jornadas.

Hoje, mais do que nunca, por conta das limitações e isolamento impostos pela pandemia, a experiência e a jornada do público são essenciais para que uma empresa de serviços fidelize seu público. E, para colocar isso em prática, só existe o caminho da tecnologia — realidade aumentada, IoT, big data — e da inovação. Ou seja, é preciso inovar ou inovar.

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