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Metaverso, pessoas e marcas

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Opinião

Metaverso, pessoas e marcas

Avatares dão cara e personalidade às empresas, humanizando o contato e contribuindo para a construção de uma relação mais sólida com os seus consumidores


17 de maio de 2022 - 6h00

O metaverso é uma realidade em construção. Cada vez mais marcas e pessoas estão se aventurando nesse ambiente digital e, com o passar do tempo, vão descobrindo suas funções e possibilidades quase inesgotáveis. Estamos assistindo ao nascimento de uma forma de conexão entre o real e o virtual em que pessoas e personagens (avatares) poderão conviver, interagir e construir relações.

 

A Adidas é uma das marcas que já está presente no metaverso (Crédito: Reprodução)

Como é o caso com qualquer tecnologia disruptiva, ninguém sabe ao certo até onde irá nossa experiência com o metaverso. Há quem diga que estamos caminhando para uma realidade similar à do filme Jogador Nº 1 (2018), dirigido por Steven Spielberg. Na trama, ambientada em 2045, a maior parte da humanidade rejeita o mundo “concreto” e busca refúgio na realidade virtual de um videogame. Outros afirmam que estamos indo mais na direção do que foi retratado no filme Ela (2014), de Spike Jonze, em que um escritor solitário desenvolve uma relação amorosa com um sistema operacional que se comunica apenas por voz.

Ambos são cenários de ficção científica e, como tais, exageram aspectos da realidade para provocar nosso pensamento. O que parece ser mais concreto, no entanto, é que em pouquíssimo tempo estaremos criando relações e amizades virtuais, mediadas por avatares, tão significativas quanto aquelas que cultivamos no mundo real.

Esse é o espaço precioso que pode ser aproveitado pelas marcas. Hoje, as empresas já podem criar personagens que encarnam os valores e mensagens da companhia. No metaverso, esses personagens poderão se engajar em relações diretas e humanizadas com o público, estreitando significativamente seus laços com os consumidores. Dito de outra forma, uma empresa com rosto e com personalidade tem mais chances de construir uma relação sólida com seus clientes. Esse é um movimento que já vem ocorrendo na Via.

Fãs do CB tornam-se fãs da Casas Bahia e vice-versa. Os seguidores do criador virtual de conteúdo tornam-se clientes da marca e criam uma relação de amizade e carinho, interagindo com o personagem nas redes, criando diálogos, dividindo experiências. O CB foi o primeiro streamer “não-humano” do Brasil e dividiu a tela com Nobru, pro player considerado o melhor jogador de Free Fire do mundo. Milhares de fãs acompanharam a partida e torceram pelo desempenho de CB, mesmo conscientes de que ele é um personagem fictício.

O mundo dos games e do entretenimento digital é particularmente convidativo a essas experiências que pavimentam o caminho da nossa integração ao metaverso. Não apenas pela “linguagem comum” — calcada, por exemplo, em avatares e personagens virtuais —, como também por alguns dos valores e habilidades socioemocionais estimuladas pelos games: cooperação, objetivos comuns, superação, senso de coletividade, mentalidade de crescimento, dentre outros. A criação de um ambiente virtual de interação social (o metaverso) está calcada nesses mesmos princípios gerais.

Vivemos, em suma, a “fase de testes” do metaverso. Ainda há muitos desafios a serem superados — dos técnicos, ligados à capacidade de processamento necessária para garantir a operação desse novo ecossistema digital até aos éticos. Porém, mesmo nesse ambiente ainda em construção, já é possível perceber com clareza que a integração ao metaverso significará muito mais do que uma “transferência” de pessoas e marcas para o mundo digital. Trata-se, na verdade, de desenvolver plenamente as potencialidades do mundo digital para que, a partir disso, possamos transformar para melhor nossa própria realidade no ambiente físico.

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