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Opinião

Fui ao futuro e trago notícias sobre a web3

Para que as bases dessa nova era seja igualitária, justa e que ajude a fazer um mundo melhor no futuro, entrem nessa construção


26 de maio de 2022 - 19h42

Você deve estar lendo isso em 2022. Muitas dúvidas sobre essa tal de web3. Muitas siglas, muita tecnologia complicada que assusta, altos e baixos, maus usos, bons usos, falta de uma UX amigável, level 1 versus level 2, protocolos, cryptos, stable coins, DAOs, de-fis, NFTs para colecionar, rollups, swaps, chains, altos gas fees, problemas de sustentabilidade … e ainda logo depois do caso Luna e da queda desastrosa do ecossistema. E aí? Será que tem futuro?

 

(Crédito: Shutterstock)

Te adianto aqui do futuro que tem. Quando você olha agora o macro vê que foram ciclos de consolidação do mercado, que venceu o bear market (mercado de baixa) pra que chegasse mais forte ao bull market (mercado de alta). Pode parecer caótico de fora mas eles têm uma linearidade quando você vê de dentro.

Lembro que fui nessa época ao meu primeiro evento crypto, Permissionless, organizado pela Bankless, que tinha um dos melhores podcasts sobre o assunto, e a Blockworks, outra fonte de informação imperdível. Foi emocionante ver a energia das pessoas que participaram e que estavam construindo esse novo mercado. Uma paixão por fazer algo que não só desse dinheiro mas também pudesse mudar o mundo, livrando a todos dos intermediários, deixando tudo mais acessível, inclusivo e democrático, descentralizado.

5 insights desse evento que foram muito importantes:

A explosão da creator economy

Os creators passam a poder monetizar diretamente dos seus fãs com os NFTs, uma vez que eles são smart contracts e além da venda direta, os criadores originais ganham royalties a cada venda secundária de suas criações. Um report apresentado por Chris Dixon, sócio da Andreessen Horowitz, fundador da a16z Crypto (que investe mais de US$ 3 bilhões na web3) e o criador dos Mental Models para Web3, mostra que em 2021, NFTs renderam um total de US$ 3,9 bilhões aos seus creators. Isso é o quádruplo do US$ 1 bilhão – menos de 1% da receita – que a Meta destinou aos creators até 2022. Isso que a web3 ainda era bem menor do que web2.

Além disso, o mercado se torna muito mais competitivo, uma vez que o criador pode mudar de plataforma como quiser. Imagine que antes, você não poderia sair do Twitter porque iria perder todo o conteúdo que construiu na plataforma. Com NFTs, você tem o controle das suas criações e pode levá-las para onde bem entender. Lembra a portabilidade das linhas de celulares? Pois é, um avanço parecido para todo o mercado criativo.

Web3 é community-centered

Se a web2 eram as plataformas que criavam comunidades, a web3 são comunidades que criam plataformas, criam valor. E é a comunidade que define o sucesso ou fracasso de um projeto web3. Você não pode apenas fazer um drop (lançamento) de NFTs. Você tem que construir uma comunidade forte em volta de algo que une a todos. E isso exige muito trabalho, muita transparência e muita atenção. O Discord é a principal plataforma utilizada pelo universo web3 para formar comunidades. Como em uma espécie de fórum, as pessoas querem participar e sentirem-se donas do projeto.

Sarah Buxton, CEO da Gala Games e Gala Music, uma empresa web3 que já faturou US$ 2,2 bilhões, diz que todos por lá, inclusive ela própria, estão no Discord respondendo as pessoas. Não existe um SAC, a relação é direta com executivos e colaboradores, não importa a hierarquia.

Outra estratégia para potencializar o sentimento de pertencimento são as DAOs (Organizações Autônomas Decentralizadas). Tentando simplificar, imagine que ações são tokens e ao adquirir esses tokens as pessoas podem ter algum nível de poder dentro dessa organização (agora só tire toda a burocracia e fricção de empresas de capital aberto e suas ações). É através das DAOs que várias iniciativas dentro da web3 transformam consumidores ou fãs em donos e, assim, trazem a comunidade para co-criar, investir. Uma relação direta e sem fricções, onde toda a comunidade lucra.

Web3 ainda é sobre experimentar

Me lembro que o evento aconteceu bem após o episódio Luna e a incrível baixa em cascata de todo o ecossistema. Apesar de rumores de fora sobre o futuro da web3, nunca vi um grupo de pessoas tão otimistas e engajadas. Como disse David Hoffman, co-founder da Bankless “Coisas que são criadas no bear market podem se tornar enormes no bull market”. Kain Warwick, founder da Synthetix completou “O bull market é tão competitivo, que o bear market acaba sendo um grande momento para experimentar”.

Em todas as sessões, o aprendizado era o mesmo: é preciso testar, falhar e consertar para então construir a web3. Sem certo ou errado, sem paradigmas, sem amarras, apenas entrar, fazer, acontecer. Esperar é perder o melhor momento dessa revolução.

É preciso deixar a tecnologia invisível

Para atrair o mainstream, é preciso deixar o papo de tecnologia de lado. Como disse o Illia Polosukhin, co-founder da Near, as pessoas não devem se preocupar com a tecnologia (qual rollups, chains, etc, estão) porque não é uma boa experiência, mas para isso temos que melhorar a segurança para que as pessoas não caiam lugares ruins. Como no Meta, por exemplo, você não sabe qual servidor deles você está, a tecnologia é invisível.

A Coinbase anunciou sua nova wallet (carteira digital que é basicamente a central das suas atividades no universo web3) muito mais amigável, com novas formas de pagamento como FIAP (cartão de crédito ou transferências bancárias diretas), a junção de crytpo coins, NFTs e as famosas DeFis (Protocolos de finanças decentralizadas: em um resumo bem resumido, você pode criar pools de crypto moedas e outras pessoas podem entrar nos seus pools e você pode entrar em outros pools, tudo de forma decentralizada e sem fricções). A ideia é levar essas soluções para o grande público e não somente para o público early adopter. A Robinhood também anunciou sua wallet com os mesmos esforços em design, usabilidade, deixando toda a tecnologia por trás.

Revolução de… you name it

Acredite numa coisa: a web3 irá revolucionar tudo.

Vai revolucionar o sistema bancário: Segundo Joe Hoffend, vice-presidente de desenvolvimento de produto da Foundry, bancos que não se tokenizarem irão quebrar.

Vai revolucionar o modelo de contratação: As DAOs, quando são projetadas corretamente, possuem os níveis mais baixos de atrito. Um exemplo dado foi o da contratação de funcionários na França. Hoje, uma empresa global evita o país pois o sistema vigente torna muito difícil demitir pessoas. Uma DAO pode solucionar esse problema.

Vai revolucionar como lidamos com nossas propriedades: Segundo Robert Leshner, CEO da Compound Labs, os tokens são um instrumento onde se pode anexar imóveis, produtos, contratos etc. em seu código seguro na blockchain. E eles podem ser emprestados ou negociados. Essa é uma nova maneira com enorme potencial de novas oportunidades para o varejo e as instituições.

Vai revolucionar as social networks: Stani kulechov, CEO da Aave, anunciou o lançamento o Lens Protocol, que promete ser a nova social media web3. Com ele você tem seu Social Graph sob sua guarda e você pode levar para onde quiser, você tem portabilidade. Ou seja, você tem propriedade dos seus conteúdos. Imagine que quem criar um meme pode lucrar com ele toda vez que as pessoas o usam ou adaptam. Criando valor. Isso permite mais opções para escolher plataformas que se adequem aos nossos valores. Outra investida nesse sentido é da Disco, comandada por Evin McMullen que promete uma única identidade que você apareça em qualquer lugar digital ou físico. Poderemos trazer nosso perfil digital para o mundo físico sem preencher novos formulários. E as marcas poderão usar isso, com seu consentimento, para melhorar sua experiência. Ou ainda, você poderá encontrar comunidades que compartilham dos mesmos gostos e perfil através dos seus dados.

Vai revolucionar a música: Sarah da Gala Music disse que, na web3, se você conhece um artista e aposta nele quando ele não é conhecido, quando ele tiver sucesso vocês poderão ganhar juntos. Os fãs podem ajudar a descobrir a música de amanhã. Uma grande mudança na indústria. Os artistas deixam de depender de gravadoras e contratos e passam a ter contato direto com seus fãs, sendo monetizados por eles. Eles podem explorar novos formatos como foi o caso do Queens of the Stone Age que fizeram apenas 3 músicas porque não tinham o compromisso de fazer um álbum inteiro. E disseram que foram as melhores músicas de suas carreiras.

Por isso eu digo para você que está aí em 2022. Que momento do mercado para se viver. Para arriscar, inventar, tentar. Lembra muito o começo da Internet, as dúvidas, as incertezas, mas a adrenalina de construir algo novo. Algo transformador. Que pode trazer mais inclusão, mais oportunidades, menos burocracias, menos intermediários. Só depende de quem construir. Por isso eu peço: entrem nessa construção para que ela seja a mais plural possível. Para que as bases dessa nova era seja igualitária, justa e que ajude a fazer um mundo melhor aqui no futuro.

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