Por que o metaverso importa?
Veja o que falta para sua adoção em escala
Veja o que falta para sua adoção em escala
O que metaverso é um universo virtual onde as pessoas vão interagir entre si por meio de avatares digitais, que não necessariamente precisam ser um bonequinho coloridinho de desenho animado (no futuro poderá ser uma avatar bem realista de você). O que propicia isso é a tecnologia. Afinal, ele é criado a partir de diferentes aplicações, como realidade virtual, realidade aumentada, redes sociais, criptomoedas entre outras. E essa espécie de “Internet 3D” existirá por completo quando comunicação, diversão e negócios existirem de forma imersiva e interoperável. Ou seja, no momento em que você vai conseguir transitar com seus dados, histórico e login entre plataformas – o que hoje ainda não rola.
Segundo Ricardo Cavallini, fundador do Makers e autor de seis livros que abordam tecnologia, negócios e comunicação, “metaverso será muito relevante no futuro? Muito provavelmente. Mas, por enquanto, é uma mentira que todo mundo finge que acredita e está tudo certo.”
Isso porque, por um lado, temos cifras impactantes e que ganham o noticiário. A Cult & Rain, fabricante de tênis com sede em Nova York, vendeu 1.179 pares de sapatos reais, cada um combinado com uma versão digital na forma de um NFT, ou token não fungível, que custava 0,5 Ethereum, equivalente a cerca de US1.635. Em fevereiro, a Gucci lançou 500 NFTs “Supergucci”. Os compradores receberam uma estatueta física de cerâmica branca e uma arte digital exclusiva baseada no item. Com preço de 1,5 Ethereum, ou cerca de US$4.900, eles se esgotaram rapidamente. E meu último exemplo do mundo da moda: a Dolce&Gabbana lançou uma tiara de USD 300 mil que só pode ser usada no metaverso.
E aí, você compraria?
Você ouve uma notícia e pensa: “Nossa, ainda bem que eu vivo no mundo real, isso não é para mim, preciso ganhar dinheiro antes disso realmente acontecer.” E cada vez mais construímos a ideia de que esse lance é pra gamer ou milionários excêntricos comprando coisas que não precisam. Fazendo meia culpa, às vezes nós mesmos afastamos o metaverso do dia a dia das pessoas. É justamente isso um dos pontos que faltam para que esse carinha – que ainda é menor aprendiz nos negócios, mas sai nos jornais como CEO – caia na real: ele precisa gerar algum tipo de valor, resolver alguma dor, contribuir para o mundo real ou criar o mundo real lá dentro.
Na minha visão, outras quatro regras de ouro se juntam a essa para que essa novidade seja verdade:
1. SVP – Ele tem que ser síncrono, vivo e perene
2. Ser a diferença entre entrar no site ou estar no site
3. Atuar como uma economia em pleno funcionamento
4. Seguir o mantra descentralizado e aberto com interoperabilidade
É fato que há uma corrida empresarial nesse sentido, mas ninguém vai sozinho resolver a parada. Não haverá “Antes do metaverso” e “Depois do metaverso” limpos. Em vez disso, ele emergirá lentamente ao longo do tempo, à medida que diferentes produtos, serviços e recursos se integram e se fundem.
Em outras palavras, precisamos de infra, um pouco de ordem e coisas legais acontecendo. Se não, pode tirar o cavalinho do metaverso!
Quer um exemplo diferente desses do mercado de luxo? Conheça o Tominoya Casino e como ele se relaciona com a geração de empregos. Instalado no Decentraland, a casa de jogos está pagando pessoas reais para trabalhar no cassino virtual em uma função que os desenvolvedores de jogos geralmente reservam para bots.
Na prática, ele está gerando empregos para hosts – pessoas que recebem e atendem os clientes no cassino, pagando até USD500 por mês por uma jornada de 4 horas por dia. Ou seja, aproximadamente R$2.330 – total 90% maior que o salário mínimo brasileiro. Com a disparada nos preços dos combustíveis, os motoristas de aplicativo em São Paulo chegam a dirigir 60 horas por semana, uma média de 12 horas por dia útil, para conseguir tirar R$3.000 por mês. Se comparados, a ocupação do metaverso paga quase 60% a mais pela hora trabalhada.
Você acha que isso vai chacoalhar as relações de trabalho atuais ou não? Uma vez que o metaverso consegue gerar empregos e ganhos reais para as pessoas, ele se torna um vasto campo estrutural econômico que tem impacto real na vida dos indivíduos.
O que falta para sua adoção em escala, eu listo abaixo:
Equipamentos de tecnologia ainda muito caros – Metaverso não depende de óculos de realidade virtual, realidade aumentada, mas será sim com eles que as experiências podem ser mais imersivas. No entanto, eles ainda estão caríssimos. Preço médio começando em aproximadamente USD299 ou R$1.393, mais que um salário mínimo.
Plataformas de metaverso ainda pesados em processamento – A parte gráfica de mundos virtuais sempre foi o grande vilão dos processadores e placas gráficas dos computadores. De fato, ainda é muito pesado entrar nos sites e plataformas de metaversos. Tenho um Macbook e um plano de 300MB de internet fibra e meu computador dá umas boas travadas quando entro no Decentraland ou no Sandbox. Em um país que ainda vende planos pré-pagos que gratificam a internet para usar Whatsapp e Facebook como um grande benefício, isso ainda será um problema para nossos computadores, celulares ou qualquer que seja o nosso gadget.
Penetração baixa de cripto investidores – Apesar de já termos mais brasileiros investindo em cripto do que na Bolsa de valores (são aproximadamente 4 MM na B3 contra 10MM em cripto), nós temos apenas 4,9% da população investindo e experimentando a tecnologia. Os governos ainda tentam regulamentar, empresas tentam experimentar e surfar a onda, fintechs e bancos já desenham seus planos, mas de fato ainda é preciso que a principal forma de moeda financeira do metaverso esteja mais massificada para empoderar atividades por lá. Além disso, 16,3 milhões de pessoas não possuem conta bancária no Brasil – número que representa 10% dos adultos da nossa nação. Outros 17,7 milhões, cerca de 11%, não movimentam a conta bancária há pelo menos um mês. No entanto, essa parcela de 21% movimenta R$347 bilhões anualmente.
Pouca utilidade e impacto na vida real – A iniciativa privada que domina o desenvolvimento e fomento do metaverso ainda está pouco aculturada no assunto e no que pode fazer dentro das plataformas. Neste momento, as marcas só querem fazer algo para não ficarem para trás. E, por isso, acabam sendo metralhadoras de mediocridades pontuais. Ou seja, executam algo que sem estratégia perene, sem aderência ao público, sem aproveitar as possibilidades do metaverso, e, portanto, sem resultados reais e nem impacto.
E é exatamente aqui que eu intervenho. Venha para o time de quem todos os dias sai da cama para trabalhar para o desenvolvimento de um metaverso fácil, acessível, legal, interessante e que gere valor e potencialize paixão.
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