Women to Watch Summit: carreiras, barreiras e negócios
Primeira edição do evento, que acontece nesta quarta-feira, 13, em São Paulo, terá Lisiane Lemos entre as convidadas para falar de inclusão de mulheres negras em conselhos
Women to Watch Summit: carreiras, barreiras e negócios
BuscarPrimeira edição do evento, que acontece nesta quarta-feira, 13, em São Paulo, terá Lisiane Lemos entre as convidadas para falar de inclusão de mulheres negras em conselhos
Carolina Huertas
12 de abril de 2022 - 19h36
Lisiane Lemos é cocriadora do Conselheiras 101, projeto que tem como objetivo incluir mulheres negras em conselhos de administração, limitadas a menos de uma dezena em empresas de todo o Brasil.
Desenvolvido em 2020, em meio à pandemia, o projeto tem parceria da KPMG e da Women Corporate Directors Foundation (WCD) e se encaminha para a terceira turma.
Women to Watch Summit: De olho nelas
A profissional que também é gerente de programas de recrutamento de diversidade, equidade e inclusão na América Latina no Google, será uma das palestrantes da primeira edição do Women To Watch Summit, que acontece nesta quarta-feira, 13, no hotel Unique, em São Paulo, sob o tema geral “Faces de um presente movediço”.
Confira, aqui, a programação completa do Women To Watch Summit
Nesta entrevista, Lisiane comenta sobre as barreiras e preconceitos que as mulheres negras encontram no ambiente executivo e diz como é possível superá-las.
Enquanto mercado, temos um desafio de preconceitos, assunções que fazemos sobre a mulher não querer acender na carreira por causa da maternidade e aqueles clichês como ‘ela é agressiva demais’ ao invés de ser assertiva, culpar a TPM, culpar ‘n’ relacionamentos. Aconteceu comigo não faz nem três meses. Fui fazer uma entrevista e o entrevistador disse ‘você parece muito arrogante’. Se fosse um homem, ele não faria isso. São mecanismos que temos que criar para garantir que essas pessoas tenham uma longa jornada e dar atenção aos recortes da pluralidade. Sojourner Truth falava: “E eu não sou uma mulher?”. Será que nessas políticas de gênero fazemos recortes para mulheres negras, mulheres trans, mulheres com deficiência? Ou repetimos os padrões e fazemos igual a camada socioeconômica?
A parte legal de criar uma coisa é não ter expectativa. No primeiro ano, você reza para que dê certo. No segundo, para não dar errado. Agora, que estamos indo para o terceiro, o pensamento é de como superar o que já criamos. Criamos o Conselheiras 100% digital e na pandemia e, nessa retomada, temos o desafio de como vão ser as coisas em ambiente híbrido, antes do 100% presencial. Estamos naquele momento de fazer muito questionamento. Temos muitas pessoas, aliados querendo participar e facilitar e muitas candidatas, o que dificulta. Tem a questão da pauta de conselho de administração ser crescente, o perfil de conselheiro está se modificando e queremos garantir a sustentabilidade. O Conselheiras é exemplo de como vemos o futuro do trabalho porque é iniciativa digital com propósito, organizada e cocriada por pessoas completamente diferentes, que dá resultado, retorno no investimento e que nos mantêm tendo carreira AB.
Além das parcerias formais que temos com a KPMG e a WCD, cada um dos painelistas que tivemos nas duas turmas, que representam suas próprias instituições, sejam headhunters, empresas ou especialistas em consultoria, se tornam parceiros, porque somos iniciativa totalmente voluntária, não remuneramos ninguém. Não existe uma pessoa mais ou menos importante, é uma divisão de responsabilidades e tarefas. As participantes da turma 1 nos ajudaram a construir algumas atividades da turma 2 e assim vai essa construção de voluntariado. Falando dessas populações sub-representadas, especialmente da população negra, estatisticamente estamos em super minoria. Principalmente em conselho de administração, ao ponto que conseguimos nomear nos dedos de uma mão as pessoas negras, infelizmente, que são conselheiras de empresas de capital aberto desse País.
Na Dinamarca, eles têm levantamento segundo o qual só 7% das vagas são feitas através de headhunters ou posições abertas em portais para serem conselheiros. No Brasil, é menos ainda. Sabemos que é de headhunter, muito de networking. Como fazemos para entrar? Se não comprar aliados, não apresentar formas com que podem influenciar, principalmente no conselho que é muito alavancado por networking, se não estabelecer parceria com quem já chegou, com presidente do conselho, empresas especializadas, startups que estão abrindo o capital, não vamos atingir o objetivo e não conseguiremos colocar a pessoa certa na cadeira certa.
Evento é uma oportunidade incrível de aprender. Fui para o SXSW este ano para ficar desconfortável intelectualmente. Esses eventos servem para isso: um propósito para ouvir novas vozes, novos jeitos e indústrias com as quais, às vezes, eu não teria contato. O segundo ponto é a sororidade. São um espaço de segurança onde podemos discutir e construir estratégias, assim como as mulheres que vieram antes de nós. Por fim, o terceiro ponto é sobre gerar visibilidade para que consigamos levar essas mulheres a novos lugares. Quando se tem um evento de mulheres, se ganha novos nomes para o repertório para que se possa alavancar para outros eventos que não são majoritariamente femininos. Temos que nos juntar. É um espaço importante e seguro para mostrar os talentos. Minha trajetória é construída nisso, nas pessoas que indico, que conheço e como posso alav
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