Camila Novaes: “Quero conectar impacto social, diversidade e negócio”
Conheça a diretora de marketing e líder do Comitê de Inclusão & Diversidade da Visa do Brasil, uma das lideranças homenageadas pelo Women to Watch 2022
Camila Novaes: “Quero conectar impacto social, diversidade e negócio”
BuscarConheça a diretora de marketing e líder do Comitê de Inclusão & Diversidade da Visa do Brasil, uma das lideranças homenageadas pelo Women to Watch 2022
29 de agosto de 2022 - 0h14
Por Taís Farias
Foi ainda na escola que Camila Novaes se entendeu como uma pessoa questionadora. Apenas depois de ingressar na Escola Técnica Federal de São Paulo (hoje, parte do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia São Paulo), a futura diretora de marketing e líder do Comitê de Inclusão & Diversidade da Visa descobriu que seu caminho não seria na engenharia. Para estudar relações públicas, publicidade e comunicação aplicada na Universidade Estadual Paulista, ela se mudou para Bauru, no interior de São Paulo. Quinze dias depois, já começou a trabalhar. Ao longo dos anos, passou por White Martins, Sony Electronics e Mobile, Cielo e, em 2016, ingressou na Visa.
Camila divide sua trajetória em dois momentos: enquanto nos dez primeiros anos, seu trabalho foi olhar para marcas, propaganda e eventos, nos últimos dez o foco tem sido pensar em estratégias para os clientes. Foi também nessa segunda metade que, somado ao marketing, ela começou um trabalho como voluntária na Rede de Profissionais Negros. Depois de três anos na Rede, Camila tornou-se membro do grupo Publicitários Negros.
Foi a partir dessa experiência nos coletivos que Camila se viu provocada a construir, dentro da Visa Brasil, um comitê de inclusão & diversidade, lançado em abril de 2019. Ela destaca que esse foi um trabalho coletivo. “Se pensarmos em fotografia da realidade brasileira, usando isso como ponto de partida para inclusão e diversidade, metade da população são mulheres. Metade da população brasileira são pessoas negras e 24% são pessoas com deficiência. Dessas, 7% com deficiências graves. Esses são dados do IBGE. Com informações do Instituto Locomotiva, também sabemos que 10% da população se declara parte da comunidade LGBTQIAP+. O mundo ideal é que nós consigamos ter uma fotografia da realidade brasileira dentro das grandes empresas, das agências e do mercado, como um todo”, aponta Camila.
Qual foi o papel da mentoria na sua experiência? Como foi a relação com os seus mentores e como é, hoje, trocar e inspirar outras pessoas?
Mentoria, para mim, é um ponto crucial no desenvolvimento de carreira porque é o momento em que você tem uma troca com outro profissional, divide a sua experiência, trajetória e, muitas vezes, a dor do outro é algo que você já vivenciou e tem uma perspectiva completamente diferente. A mentoria entrou mais especificamente na minha vida quando comecei o projeto na Rede de Profissionais Negros, trabalhando nos bastidores da organização. Aqui, na Visa, tivemos na frente de inovação e na frente de diversidade e inclusão uma preparação para que nos tornássemos mentores e mentoras para startups. Não deixou de ser mais uma forma de profissionalização e, olhando para os negócios de startups conectados com os negócios da Visa, trabalhamos dicas. Além de fazer essas mentorias para fora, também somos muito estimulados a ter mentorias internas. Faço mentoria até hoje e muito do meu desenvolvimento de carreira foi fruto dessas trocas e conversas. A mentoria te ajuda a olhar para a sua carreira de outra perspectiva, a traçar metas, imaginar o próximo passo e é uma ferramenta excelente de networking. Eu recomendo e acho super importante que as pessoas façam e deem mentorias.
Inovação se tornou uma buzzword e é uma das grandes ambições do mercado. O que é inovação para você e como enxerga esse conceito dentro da sua trajetória profissional?
Quando se fala de inovação, nós partimos do conceito de human centric. É, de fato, você colocar o consumidor no centro e olhar do ponto de vista dele para fora. Se a gente pensa em diversidade, quando você tem um grupo diverso olhando para um determinado problema ou questão, você também está pensando inovação. Ao mentorar mulheres microempreendedoras ou pessoas de startups, você também está pensando inovação. Para mim, a inovação está no centro de tudo o que a gente faz e as perspectivas de inclusão e diversidade estão muito conectadas com o tema.
Como você enxerga seu papel no mercado? O que há pela frente?
Me vejo muito como uma porta-voz, que fala por várias pessoas. Não é uma trilha individual. É importante falar sobre isso: nunca é sobre uma trajetória única. Na verdade, estamos falando sobre várias trajetórias. Tenho o desejo de fazer a conexão entre impacto social, diversidade, inclusão e negócio. Essas coisas estão muito conectadas e, ao mesmo tempo, ainda há muito a ser feito. Quando eu penso em futuro, penso muito nisso. Tudo o que nós vivenciamos como sociedade nos últimos dois anos, falando especificamente de pandemia, fez com que começássemos a olhar as coisas por uma outra perspectiva e a sensação é que nós quebramos muitas barreiras. Hoje, de fato, qualquer decisão, por mais que seja individual, tem um impacto coletivo. Se eu vou usar máscara, é para me proteger, mas também para proteger os outros. Eu vejo que o nosso mercado, o mercado de trabalho e as nossas relações estão partindo para algo mais coletivo. Ainda existem muitos desafios e a inovação tem conexão direta com isso.
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