Isabella Zakzuk: “A categoria de beleza criou padrões que temos o papel de desconstruir”

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Isabella Zakzuk: “A categoria de beleza criou padrões que temos o papel de desconstruir”

A vice-presidente de beleza, operação de marcas e e-commerce da P&G é uma das nossas homenageadas de 2022 e conta como construiu sua carreira dentro de um grande anunciante


29 de agosto de 2022 - 17h56

Por Taís Farias

Isabella Zakzuk é vice-presidente de beleza, operação de marcas e e-commerce da P&G, e é uma das homenageadas do Women to Watch 2022 (Crédito: Kiko F)

Quando Isabella Zakzuk entrou no curso de administração de negócios, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), ela já imaginava o seu futuro atrelado ao marketing. Depois de uma passagem pelo banco de investimentos BBVA, ela ingressou como estagiária na multinacional de bens de consumo Procter & Gamble. De lá para cá, mais de 15 anos se passaram. Apesar do tempo, Isabella descarta qualquer tipo de monotonia na carreira. “Foram vários empregos dentro de uma mesma empresa”, descreve. De fato, menos de dois anos após sua chegada, tornou-se gerente assistente de Downy, que dava seus primeiros passos no Brasil. Ela permaneceu por seis anos nas categorias de cuidados com as roupas até ser promovida a gerente das marcas Pantene e, depois, Head & Shoulders. Ainda ocupou o cargo de diretora sênior de marketing das marcas de beleza da P&G Brasil e adicionou o e-commerce aos seus cuidados.

Na última movimentação, em março, foi promovida a vice-presidência de beleza, operação de marcas e e-commerce. Apesar da escalada, ela conta que a sua construção profissional aconteceu mais nos encontros e nas trocas ao longo desse percurso e quer mostrar, com sinceridade, como sua jornada na carreira é atravessada pela sua experiência como mulher.

 

Quais foram os maiores desafios de construir uma carreira dentro de um grande anunciante?

Os maiores desafios ao longo desses 15 anos tiveram a ver com o fato de que a P&G sempre me apresentou situações para as quais eu não necessariamente me sentia 100% pronta. Existiram vários momentos em que a companhia, líderes e times confiaram em mim e eu me perguntei: “É agora que vão descobrir que eu sou uma farsa?” (risos). A síndrome da impostora. Isso acontece até hoje. São desafios internos que tive que trabalhar muito ao longo do tempo para também começar a administrar. Tive que aprender a reconhecer e buscar ajuda de diversas fontes, inspirações, e mulheres que chegaram a lugares que para mim antes eram inatingíveis, para que elas pudessem compartilhar comigo a inspiração real. Esses momentos são constantes, principalmente, pensando em uma companhia que vai promovendo de dentro. Entro agora em outro momento da minha vida pessoal que vai me desafiar de outra forma: eu estou grávida de minha primeira filha. Esse é um momento para o qual tenho buscado ajuda de muitas outras mulheres; algumas que estão em cargos superiores, outras que estão no meu time. Daí vem um grande insight da forma como busco lidar com tudo isso: eu construo para mim, mas me sinto muito responsável em construir para os outros também.

Nesse sentido, como você enxerga seu papel em fazer com que essas estruturas sejam mais acolhedoras e mais justas para outras mulheres?

Primeiro, sempre me coloco à disposição para falar abertamente sobre isso. Eu conto a minha história de uma maneira muito verdadeira porque acredito que isso pode ajudar outras pessoas a entenderem que é possível. Muitas vezes, nós bloqueamos nossas histórias e isso não ajuda; o que ajuda é contá-las. Por outro lado, peço ajuda de todo mundo. Não existe mais ou menos, existem bagagens diferentes. Eu busco ativamente ter essas conversas. O terceiro ponto é contar a história e dar o exemplo. Ter sido promovida grávida me deu uma imensa felicidade pela minha carreira, mas uma felicidade infinitamente maior pelo exemplo que isso poderia dar. Eu acredito que compartilhar, cada vez mais, esses exemplos faz com que as pessoas quebrem alguns padrões de pensamento. Eu enxergo na minha liderança, tocando a carreira de muitas pessoas, a responsabilidade de não só ser um exemplo, mas advogar por essas mulheres que vão passar pelo mesmo e que vão precisar de vozes que falem por elas em sua totalidade.

Na sua cadeira, hoje, você aglutina dois temas em franca transformação: beleza e e-commerce. Quais foram as principais transformações que você atravessou na sua jornada e como elas te tocaram?

Todo o crescimento da agenda de cidadania, por exemplo, é algo que me dá muito mais orgulho e propósito de trabalhar da forma como trabalho. E, em uma companhia de marcas, como a P&G, nosso papel vai muito além de só oferecer um benefício funcional com o nosso produto. A voz dessas marcas carrega uma responsabilidade fundamental de também mudar a sociedade para aquilo que a gente quer ver. Acredito que, em beleza, o desafio foi ainda maior porque é uma categoria que criou padrões e que, hoje, também temos o papel de desconstruir. Sempre falamos que o consumidor é nosso centro e o nosso norte e eu vivi essa transformação no contato com mulheres, desenhando os melhores produtos para elas. Nós perguntávamos qual o cabelo ideal. No começo, a resposta era que o cabelo mais lindo do mundo era o da Gisele [Bündchen, modelo], que foi uma grande embaixadora de Pantene. De repente, essa resposta começou a ser diferente. Começou a ser “o meu próprio cabelo”.

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