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Mulheres são mais engajadas com a agenda ESG

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Women to Watch

Mulheres são mais engajadas com a agenda ESG

Pesquisas demonstram que além de mais preocupadas com a pauta, elas também são mais vulneráveis às mudanças climáticas


3 de novembro de 2022 - 15h52

Estudo publicado recentemente pela MindMiners em parceria com o Google revela que mulheres são mais engajadas com a agenda ESG. Entre as profissionais femininas entrevistadas, 61% foram consideradas “muito engajadas” com a temática, em comparação com 39% dos homens. Em contrapartida, o perfil masculino é maior entre as pessoas “em desenvolvimento” (60%) e “desconectadas” (81%) do assunto.

A pesquisa também destaca que profissionais com mais de 45 anos, das classes A e B e da região Sudeste configuram-se entre os perfis mais engajados com a temática. Visto que as mulheres são mais sensíveis ao assunto, outros dados confirmam que a presença delas em cargos da alta gestão influencia em melhores indicadores ESG para as empresas.

Um estudo conduzido pela mestre em gestão para competitividade Monique Cardoso, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), comprova que em empresas brasileiras com alto desempenho ESG, 72% têm uma ou mais mulheres em seus conselhos administrativos e 52% contam com diretoras femininas. Mesmo com a perspectiva de consequências positivas, apenas 11,5% das companhias nacionais de capital aberto têm mulheres em seus conselhos, de acordo com o Brazil Board Index de 2021, realizado pela Spencer Stuart.

DISCRIMINAÇÃO E PERFORMANCE ESG

Após conversa com as executivas, Monique Cardoso destaca três pontos em comum que apareceram nos discursos das mulheres que atuam em empresas com alta performance ESG. Em primeiro lugar, elas “valorizam a necessidade de estar sempre aprendendo”. Em segundo, elas precisam se provar mais e se posicionar constantemente nesses espaços da alta gestão. Por fim, elas ressaltam o fato de serem mães como uma de suas melhores qualidades, contrariando a histórica crença de que a maternidade seria um obstáculo para a carreira profissional.

Monique destaca ainda que as empresas de alto desempenho ESG têm um discurso proativo em relação ao tema, em comparação com a postura reativa dos que reportam piores resultados, visto que suas preocupações giram em torno dos riscos de mercado e da reputação. A mestre ressalta as diferenças entre as profissionais mulheres que trabalham em empresas com alto e baixo ESG e revela que, apesar de ambas sofrerem com machismo, elas o identificam e reagem de maneiras distintas.

“A liderança feminina de empresas com alto ESG é formada por mulheres que se autovalorizam e impõem respeito, embora sofram, como as de baixo ESG, episódios constantes de discriminação de gênero. […] No caso da liderança feminina das empresas com baixo ESG, há ambiguidade na percepção do preconceito, pois, ao mesmo tempo em que as entrevistadas dizem que não se sentem questionadas por serem mulheres, afirmam que os homens não as deixam falar em reuniões e, de certa forma, os eximem de responsabilidade porque esta seria uma questão cultural”, diz.

A partir deste contexto, as mulheres não apenas pensam e desenvolvem ações relacionadas à agenda ESG, mas precisam ser inseridas no centro dessas discussões. Em sua conclusão da pesquisa, Monique sugere que a diversidade ou a quantidade de mulheres nos conselhos administrativos ou em posições de diretoria sejam incorporadas na nota atribuída às empresas nas metodologias de análises ESG. “Na medida em que aumenta a pressão sobre o tema, aumenta a chance de reduzir as barreiras encontradas por mulheres executivas no exercício de sua liderança”, completa.

MULHERES E MUDANÇA CLIMÁTICA

De acordo com o relatório “A dimensão de gênero no Big Push para a Sustentabilidade no Brasil”, as mulheres são o grupo mais vulnerável em termos de pobreza monetária, pobreza de tempo, sobrecarga de trabalho não remunerado e de cuidados e inserção precária no mercado de trabalho. Dadas essas desigualdades estruturais, elas também são mais suscetíveis ao sofrimento devido às mudanças climáticas, quando comparadas aos homens. “Muitas mulheres já estão no seu limite físico, psicológico e emocional. E, contam com menos ferramentas e rendas para enfrentar os impactos das mudanças climáticas”, descreve o estudo realizado pela ONU Mulheres Brasil.

Além de dedicarem o dobro de tempo para os trabalhos de cuidado e tarefas domésticas, as mulheres recebem salários 21,3% inferiores aos homens. Quando adiciona-se o recorte racial, as profissionais negras recebem 55,6% menos que os homens brancos. Dessa forma, elas contam com menos recursos para enfrentar as consequências das mudanças climáticas, dadas as brechas de salário, empregos, acesso a bens e serviços públicos, representação e direitos.

O relatório conclui que ações de enfrentamento à crise climática são de extrema importância e urgência, visto que também influenciam a redução das desigualdades entre os gêneros. “As mulheres podem ser beneficiárias dos investimentos sustentáveis em áreas estratégicas para uma recuperação transformadora com sustentabilidade ambiental e igualdade de gênero. Investimentos em áreas tais como energias renováveis, produção agrícola sustentável, mobilidade urbana sustentável, entre outros, podem criar oportunidades de emprego e renda para as mulheres, se combinados com políticas adequadas de inserção no mercado de trabalho, contribuindo com sua autonomia econômica. Além disso, investimentos em infraestrutura de cuidados podem não apenas preparar a sociedade para enfrentar os eventos climáticos extremos, mas também contribuir para liberar o tempo das mulheres, de modo a reduzir a pobreza de tempo”, destaca o estudo.

 

Crédito da foto desta matéria: ESB Basic/Shutterstock

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