Camila Coutinho: “A audiência quer acompanhar as coisas com um filtro pessoal”
A influenciadora dona do site Garotas Estúpidas conta por que decidiu criar uma consultoria para marcas
Camila Coutinho: “A audiência quer acompanhar as coisas com um filtro pessoal”
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Karina Balan Julio
25 de abril de 2018 - 7h00
Uma das representantes mais conhecidas da era de ouro dos blogs nos anos 2000, Camila Coutinho, influenciadora e dona do site “Garotas Estúpidas”, criado há mais de 10 anos, tem passado por um processo de reinvenção do seu negócio enquanto produtora de conteúdo. Ela, que tem seu site nos rankings de blogs mais influentes do mundo, passou os últimos anos sendo sondada por grandes redações e é vista como uma referência de produção de conteúdo digital.
Mas, assim com tudo que é digital, seu trabalho mudou radicalmente nos últimos anos. Com o boom de “influencers”, Camila viu a atenção sobre si mesma aumentar radicalmente e se deparou com o desafio de produzir para um mercado que migrou dos veículos para as pessoas. Ela, sozinha, conta hoje com 2,3 milhões de seguidores no Instagram, mais seguidores do que o seu próprio site.
Em um universo de plataformas cada vez mais jovens e formatos efêmeros, ela busca fazer uso de sua marca pessoal para criar extensões para o seu negócio. Esta semana, ela lança o livro “Estúpida, Eu?”, e está abrindo um braço de conteúdo digital para prestar consultoria para marcas. Ao Meio & Mensagem, ela conta sobre o processo de rejuvenescer sua audiência e trabalhar com marcas em um universo onde luxo, marcas locais e fast-fashion se encontram. O resultado você confere abaixo:
Produção de conteúdo na economia da atenção
Nosso dia tem 24 horas, e por mais que a gente passe horas consumindo conteúdo, há um limite. O conteúdo tem que ser cada vez mais curto e direto para entrar no gap de atenção das pessoas, como se fossem bytes que furam a fila de algo que a pessoa esteja fazendo. O foco também sai do veículo e vai para a pessoa, acho que a interação é cada vez mais pessoal e as pessoas cada vez mais querem as coisas através do seu filtro.
Uma dose de análise, uma dose de feeling
Sabemos que o que dá certo em termos de audiência é selfie, foto de look, de cachorro e de biquíni. Mas, sempre tive a consciência, desde o início do blog, quanto não existiam “likes”, que alguns dos meus meus posts teriam muitos comentários e outros não teriam nenhum. Mesmo sendo uma blogueira de moda, às vezes postava conteúdo sobre uma exposição, por exemplo, só porque eu achava interessante. A criação do conteúdo tem a ver com esse espírito de fazer coisas novas: é um pouco de feeling, um pouco de consciência do que deu certo e vontade de fazer coisas diferentes. Detesto sentir que estou fazendo o mesmo que todo mundo.
Storiers: a nova classe de influenciadores
A audiência mudou, e agora?
O YouTube foi uma plataforma onde entrei mais tarde e que deu uma boa rejuvenescida na minha audiência. Comecei com produtos que são base para essa plataforma, como tutoriais, mas hoje também trabalho em produtos só meus. Ter bons números é legal, mas não é tudo. Chega um determinado momento em que você não vai mais poder competir com um youtuber mais jovem e que fala direto com uma audiência super nova, que consome muita internet. Tenho minha audiência e vou conseguir rejuvenescê-la até certo ponto, por isso acho importante encontrar um assunto ou um nicho nesse mercado, pois a qualidade do engajamento é maior. Acabei de fazer 30 anos, estou em um momento de falar de negócios e de carreira. Sempre vi as pessoas encarando o Garotas Estúpidas como um exemplo, e acho muito legal usar essa história para falar de outros assuntos além de mim mesma.
Versatilidade publicitária
Quando comecei vivia de mesada e obviamente não podia comprar algumas coisas. Com o tempo comecei a comprar algumas marcas “de luxo” e meu estilo foi se sofisticando. Mesmo assim, gosto muito de fast fashion e de garimpar, então misturo produtos populares e outros mais high end e isso aparece no trabalho com as marcas. Trabalho com todos os tipos de marca, de Prada até Riachuelo. Sei que isso vai completamente contra a questão do branding, mas esse é o meu perfil e as marcas já entenderam isso. Por isso mesmo separei a marca Garotas Estúpidas dos meus perfis nas redes, porque queria preservar minha liberdade editorial e o meu canal enquanto blogueira: se eu fechar uma campanha com uma marca de shampoo e não puder falar de outras marcas no meu canal próprio, o site pode, e vice-versa.
Os jornalistas que viraram influenciadores
O empreendedorismo por trás da influência
As pessoas me perguntam por que não crio uma marca de roupas própria, por exemplo, mas o fato é que estou muito mal acostumada no sentido de o meu negócio ser muito simples na estrutura. Gosto muito de pensar em extensões do meu negócio que mantenham esse perfil mais simples. Tenho ideias de aplicativos, e agora abrimos uma espécie de agência de conteúdo online. Às vezes as marcas chegam com um budget e não sabem muito bem o que fazer, e esse será um braço criativo para produzir conteúdo com outros influenciadores para marcas. Já produzimos uma campanha para Adidas com uma influenciadora americana, a Hannah Bronfman, e há outras coisas por vir. É claro que tenho vontade de ter uma marca própria de produtos, mas por enquanto gosto muito de fazer licenciamentos, que funcionam melhor para mim pois eu entro com a minha expertise, e a marca com a dela.
Potencial para marcas locais
Acredito que este é um momento excelente para marcas pequenas, principalmente no Brasil, onde é difícil trabalhar com moda e ter preço competitivo com toda a questão da criação, fornecedores e imposto. As marcas que tiverem vontade de aproveitar as redes sociais vão dar muito certo. O mais importante é não se apoiar na tendência, pois não dá para competir com a rapidez de uma Zara ou Forever 21, mas se apoiar em um propósito verdadeiro.
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