O que é a agenda ESG e qual a importância para as empresas
Conceito tem se tornado uma pauta comum no mercado e tende a se fortalecer cada vez mais, acompanhando as demandas do público e as alterações nos hábitos de consumo
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Meio & Mensagem
30 de junho de 2023 - 17h00
A agenda ESG reúne recomendações de práticas e comportamentos voltados a três pilares: ambiental, social e governança corporativa.
Com foco na sustentabilidade, esse conceito tem se tornado uma pauta comum no mercado e tende a se fortalecer cada vez mais, acompanhando as demandas do público, as alterações nos hábitos de consumo e as inovações no universo empresarial.
Por isso, as marcas buscam implementar ações mais sustentáveis em suas operações. Isso pode trazer benefícios financeiros, competitivos e organizacionais.
No entanto, é necessário conhecer as boas práticas e desenvolver um planejamento estratégico para não cair no greenwashing – conceito utilizado para descrever empresas que vendem uma imagem sustentável, mas não aplica a sustentabilidade de fato.
Diante disso, entender o que é ESG, a importância da agenda e os desafios de implementar ações alinhadas aos três pilares são passos importantes no processo.
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– A Governança alinhada ao ESG
– ESG: um bem necessário às empresas
A sigla ESG vem do inglês Environmental, Social and Governance, que significa Ambiente, Social e Governança em português. A agenda ESG, portanto, é um conjunto de práticas criadas com o objetivo de orientar as empresas para ações mais sustentáveis.
Neste contexto, o conceito se relaciona aos esforços de uma organização para adotar atitudes de consumo mais conscientes e alcançar a sustentabilidade empresarial.
O termo surgiu pela primeira vez durante uma iniciativa liderada pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 2004, com participação de instituições financeiras de nove países, incluindo o Brasil.
Na ocasião, a publicação “Who Cares Wins” foi desenvolvida com o objetivo de estabelecer recomendações para que as empresas pudessem melhorar a integração das questões ambientais, sociais e de governança.
Desde então, as pautas têm ganhado força no mercado corporativo e no planejamento estratégico das companhias.
As práticas presentes na agenda ESG são os pilares do conceito: ambiente, social e governança.
Dentro desses pilares, existem atitudes que as empresas podem adotar para alinhar suas operações aos objetivos sustentáveis.
Para acompanhar o desempenho, é possível monitorar os indicadores ESG com a coleta de dados e mensurar os resultados por meio da análise de informações coletadas.
A mensuração desses indicativos operacionais apontam o comprometimento com as pautas de sustentabilidade , assim como o sucesso das ações aplicadas.
No entanto, é necessário conhecer os objetivos de cada um dos três pilares para gerenciá-los com eficiência.
O pilar relacionado às questões ambientais, representado pela letra “E”, engloba as ações adotadas pelas organizações para reduzir os seus impactos ao meio ambiente, assim como as atitudes destinadas à proteção ambiental.
Portanto, esse indicador avalia a responsabilidade ambiental e o posicionamento das empresas em relação a essas pautas.
De acordo com esse critério, alguns exemplos de medidas que podem ser adotadas dentro desse primeiro pilar são:
– adoção de práticas de economia circular;
– investimento em fontes renováveis de energia;
– implementação de ações para uso consciente de recursos naturais;
– criação de políticas voltadas para o uso e descarte correto de resíduos;
– comprometimento com a redução da emissão de gases que causam o efeito estufa.
O critério social na agenda ESG, representado pela letra “S”, diz respeito às relações da organização com as pessoas envolvidas em suas operações, como colaboradores, fornecedores e investidores.
Esse indicador considera o tratamento oferecido pela empresa e as ações implementadas com o objetivo de gerenciar ou promover esses relacionamentos.
O pilar também avalia os impactos dessas práticas para os clientes que consomem produtos ou serviços da empresa, bem como para a comunidade de maneira geral.
O foco social inclui atitudes como:
– valorização do capital humano;
– políticas de inclusão e diversidade na empresa;
– segurança e privacidade de dados dos clientes;
– treinamentos para desenvolvimento dos colaboradores;
– investimento em projetos socioambientais destinados à comunidade.
Representado pela letra “G”, o pilar de governança corporativa está diretamente ligado à gestão de uma empresa, ou seja, às práticas administrativas por ela adotadas.
Isso inclui questões de compliance, regularidade e conformidade com leis e regulamentos aplicáveis à organização, como a cobrança de tributos e as normas da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), por exemplo.
Por meio desse indicador, é possível avaliar a transparência e a conformidade ética e legal das organizações.
Seguindo esse critério, algumas práticas incluem:
– políticas e práticas anticorrupção;
– prestação transparente de contas;
– relatórios honestos aos investidores;
– comitês internos de auditoria e compliance;
– divulgação de políticas de remuneração e promoção.
Criar uma agenda ESG significa definir os passos necessários para alcançar a sustentabilidade empresarial, um requisito cada vez mais relevante no mercado.
Segundo relatório da PwC, as pautas ESG estão entre as cinco principais prioridades dos investidores brasileiros, sendo a governança corporativa eficaz considerada a mais importante entre os três pilares, com 54% – ocupando o terceiro lugar do ranking geral.
Em seguida, aparece a segurança e a privacidade de dados, com 53%. A redução de emissões dos gases de efeito estufa aparece na sequência, com 41%.
No topo do ranking, a inovação aparece como principal item, sendo considerada prioridade máxima para 90% dos investidores entrevistados.
Diante desses índices, estar alinhada a esses pontos torna-se um objetivo importante para as empresas que desejam manter uma vantagem competitiva no cenário atual.
Além disso, as questões ambientais, sociais e de governança podem trazer benefícios e impactar no desenvolvimento do negócio.
Apesar da importância das pautas e da força que elas têm ganhado nos últimos anos, seguir as práticas de ESG pode ser um desafio para algumas empresas.
Ao considerar o número de companhias com certificação B, selo que reconhece empresas com padrões elevados de desempenho ambiental, social e de governança, é possível observar o cenário da agenda ESG no Brasil.
O selo é internacional e concedido a mais de 6 mil empresas ao redor do mundo. No Brasil, são 285 organizações certificadas pelo Sistema B.
Cada organização deve avaliar seus impactos e, a partir disso, definir o melhor caminho para atingir seus objetivos de sustentabilidade e encontrar as causas mais alinhadas com suas particularidades.
Padronizar essas métricas pode ser um dos desafios que tende a tornar mais complexa a caminhada até os padrões elevados de ESG.
Além disso, a necessidade de transformar a mentalidade do mercado sobre as pautas ESG e os investimentos para tornar a operação mais sustentável também podem aparecer como dificuldades nesse processo.
As mudanças também podem implicar em alterações ou desenvolvimento de novos produtos, com o objetivo de atender as demandas do mercado e dos consumidores, ponto que também está relacionado aos investimentos direcionados a uma operação sustentável.
Para as empresas, existem diversos benefícios competitivos ao adotar uma agenda ESG, que podem impactar positivamente diferentes áreas do negócio, desde o financeiro até o organizacional.
Desempenho financeiro, reputação positiva, colaboradores engajados e inovação são algumas das vantagens que as ações ambientais, sociais e de governança podem trazer para a companhia.
O foco no desenvolvimento sustentável pode otimizar a gestão da empresa, por isso os pontos positivos podem ser sentidos em diferentes setores.
Neste contexto, confira os principais benefícios que uma organização em conformidade com as pautas ESG pode sentir.
A sustentabilidade tem como objetivo o consumo consciente de recursos naturais, a valorização do capital humano e o comprometimento com as legislações.
Com a adoção de práticas ESG, esses objetivos tornam-se uma realidade e, a médio e longo prazo, podem ajudar a reduzir custos na empresa.
Despesas com a contratação de novos talentos, fontes de energia utilizadas no processo produtivo ou uso de materiais descartáveis, por exemplo, podem ser eliminadas com ações mais sustentáveis.
Além da redução de custos, há também a possibilidade de ampliar a rentabilidade do negócio. De acordo com a MSCI, empresas com maiores classificações ESG tiveram retornos financeiros 2,5% acima daquelas que não seguem essas pautas.
Empresas que adotam o ESG podem melhorar a sua imagem perante a sociedade, pois demonstram responsabilidade e comprometimento com as questões ambientais, sociais e de governança.
Como consequência, isso pode gerar vantagem competitiva e diferencial de mercado. Em relação aos clientes, essas ações podem contribuir para a confiabilidade da marca e melhorar o contato entre empresa e consumidor, criando uma conexão duradoura.
O fortalecimento da marca também pode levar a um aumento do valor de mercado, ampliando a atração e a fidelização de consumidores, investidores e talentos para compor a equipe da empresa.
Como mostrou o relatório da PwC destacado anteriormente, os investidores têm colocado as pautas sociais, ambientais e de governança como prioridade ao escolher para onde direcionar seus investimentos.
Diante disso, seguir a agenda ESG é uma maneira de alinhar essas expectativas. O fortalecimento da marca proporcionado por essas ações também é uma maneira de chamar a atenção dos investidores.
Além disso, incorporar essas estratégias no negócio tende a impulsionar a inovação, característica considerada prioridade pelos investidores, como também revelou a pesquisa da PwC.
Isso porque as empresas tendem a se adaptar melhor às mudanças e demandas do mercado, uma vez que estão atentas às tendências e oportunidades de transformação.
Assim, novos produtos, serviços, processos e parcerias podem surgir com mais facilidade, mantendo a inovação ativa.
A preferência por marcas sustentáveis e que se posicionam em relação a questões socioambientais é uma realidade entre os hábitos de consumo atuais.
Segundo estudo realizado pelo Twitter e divulgado em Meio & Mensagem, 85% dos consumidores da geração Z concordam que as empresas devem tomar atitudes em prol da sociedade.
Ainda de acordo com a pesquisa, 55% dos entrevistados afirmam confiar em marcas que se posicionam sobre pautas sociais.
O ESG pode criar uma conexão emocional entre a marca e os clientes, que se identificam com os valores e o propósito da empresa. Isso pode gerar engajamento, lealdade e defesa da marca, além de abrir novos mercados e oportunidades de negócio.
As práticas ESG podem ajudar na otimização da gestão do negócio, o que impacta diretamente no controle de processos internos, como na regularidade do compliance e no fortalecimento das relações governamentais.
O conceito também influencia positivamente outros fatores que contribuem para o desenvolvimento do negócio, como a atração de talentos e o engajamento dos colaboradores, por exemplo.
As empresas podem personalizar suas estratégias ESG de acordo com as necessidades e objetivos do negócio, mas há uma agenda global que reúne as principais questões relacionadas a essas pautas.
Essa agenda conta com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, conhecidos pela sigla ODS, definidos pela ONU. As organizações podem ter esses pontos como referência para começar.
Além disso, outros passos para implementar uma agenda ESG são:
– fazer um diagnóstico da situação atual da empresa;
– estruturar um plano de ação a partir dos resultados desse diagnóstico;
– usar a tecnologia para facilitar a implementação de ações sustentáveis;
– definir métricas para acompanhar e avaliar o desempenho das práticas aplicadas na organização;
– compartilhar o plano com os envolvidos na operação, como investidores e colaboradores.
O Meio & Mensagem produziu uma série com quatro episódios sobre a trajetória das pautas ESG, desde o nascimento do conceito até a evolução da importância e a aplicação da agenda nas empresas.
A agenda ESG no Brasil tem ganhado destaque, mas as empresas ainda podem enfrentar alguns desafios para adotar medidas mais sustentáveis em suas operações.
Na prática, esse comprometimento demanda mudanças estratégicas, operacionais e produtivas, além de uma transformação de mentalidade.
Contudo, o conceito de ESG, que engloba questões ambientais, sociais e de governança, tem se tornado uma prioridade para investidores, e a tendência é de que esse foco torna-se cada vez mais forte.
Por isso, muitas marcas buscam implementar ações mais conscientes dentro desses três pilares, com o objetivo de alcançar a sustentabilidade empresarial.
Os impactos desse movimento tendem a ser positivos, podendo trazer benefícios como a redução de custos, o fortalecimento da marca no mercado e uma melhora na confiabilidade perante os consumidores.
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