Amazon e Whole Foods é advertência a varejistas
Sem oportunidades de fusão para outras redes com benefícios similares, setor inicia debate nos EUA para conter negócio
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Igor Ribeiro
20 de junho de 2017 - 8h18
Na sexta-feira, 16, a Amazon anunciou a aquisição da Whole Foods, numa transação que, embora impactante, não foi exatamente surpreendente. Desde o início do ano havia uma polêmica sobre a possibilidade de venda e a troca mútua de ofensas entre o CEO John Mackey e parte do conselho — notadamente os investidores Jana Partners — era pública. Em defesa da empresa, o executivo acusou o fundo de forçar uma venda da empresa na tentativa de obter lucro rápido. Os acionistas da Jana lembraram, por sua vez, que o desempenho da cadeia de supermercados vinha caindo e era preciso um chacoalhão. Enquanto isso, as ações da Whole Foods vinham caindo, fechando a US$ 33 na quinta-feira, 15.
A compra da Amazon teve impacto porque foi discreta. Portanto, quando veio a público o negócio de US$ 13,7 bilhões — o maior do gênero já realizado pela empresa de Jeff Bezos –, a reação do mercado sobre foi imediata. A Amazon anunciou intenção de compra de US$ 42 por ação que, a partir de então, passou a subir, fechando a segunda-feira, 19, em US$ 43. As próprias cotas da multinacional de tecnologia também passara a ser bem avaliadas na Nasdaq, com uma alta de quase 17% na semana, fechando a segunda-feira com US$ 995 por ação. A benesse dos números foi ressaltada pelo clima de cordialidade entre as partes, fosse nas declarações de Bezos (“estão fazendo um trabalho incrível há quase quatro décadas e queremos que isso continue”), fosse nas de Mackey (“traz a mais alta qualidade, experiência, conveniência e inovação aos nossos clientes”), que continuou à frente da operação, com garantias de independência.
Amazon cria loja sem caixa
Segundo o executivo da Gartner, o negócio é um “tiro de advertência” para outros varejistas americanos. De fato, a Reuters ouviu de investidores da grupo Kroger (dona de marcas como Fry’s e Dillons) que todas empresas do setor estão conversando neste momento sobre como evitar que a Amazon entre nesse mercado. Target, Ahold e Wal-Mart estariam participando do debate e um novo lance pela Whole Foods ronda o mercado, mas Robert acredita ser improvável aparecer uma oferta melhor. “Suspeito que teremos maior consolidação na indústria e gente repensando as estratégias. Mas infelizmente não há, para esses outros players, uma fusão óbvia que forneça os mesmos tipos de benefícios.”
Marketing e outros mercados
Confirmada a compra pelas autoridades antitruste americanas, um horizonte de possibilidades se abre para o maior operador de comércio digital do mundo e a cadeia de alimentos naturais e orgânicos, que também possui lojas no Canadá e no Reino Unido. Além das experiências tecnológicas da Amazon, haverá uma sobreposição de clientes e, portanto, de carteiras de dados. “Tenho certeza de que eles vão olhar para isso e tentar encontrar oportunidades de marketing conjuntas”, analisa Robert. “O problema que eu vejo é que enquanto os demográficos se alinham bem, o modo de interagir com os consumidores é completamente diferente. Eles precisarão gerenciar isso bem.”
Walmart pede permissão para testar drones
Apesar da união de marcas com modelos de negócios bastante arrojados seja tentadora do ponto de vista da análise de tendências, Robert Hetu acredita que a Amazon deverá ser precavida em seus próximos movimentos, principalmente no que tange o exterior. “Deverão aprender muito primeiro com o mercado americano antes de expandir. A história é cheia de casos de grandes cadeias de varejo que falharam em novos mercados, como o Wal-Mart na Alemanha e a Tesco nos EUA”, lembra.
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