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Profissionais trans: a situação no ambiente de trabalho

Estudo do Boston Consulting Group com a Harvard Business Review aponta que 59% dos brasileiros entrevistados vivenciam preconceitos no local de trabalho rotineiramente


23 de maio de 2023 - 7h10

A diversidade e inclusão esbarra não só na contratação de grupos minorizados pela sociedade, mas também sua manutenção dentro das organizações.

Ao lado da Harvard Business Review, o Boston Consulting Group ouviu mais de 2 mil profissionais trans e de gênero não-conformista (GNC), e constatou que 40% já foram alvo de assédio sexual ou má conduta no ambiente de trabalho.

profissionais trans

55% dos brasileiros entrevistados sentem-se desencorajados a exporem sua identidade de gênero dentro das empresas (Crédito: Ink Drop/Shutterstock)

O levantamento foi realizado a nível global, com respondentes e profissionais da Alemanha, Austrália, Estados Unidos, França, Índia, México, Reino Unido e Brasil. Em relação aos entrevistados brasileiros, 59% deles vivenciam comportamentos do tipo com frequência. O maior índice (76%) foi observado na Índia.

Um fato considerado no estudo foi o de que menos de um terço dos respondentes são assumidos no trabalho. No Brasil, a média é 14 pontos maior que a média global chegando a 43%. Apesar da diferença, 55% afirmam se sentir desencorajados a exporem sua identidade de gênero dentro das empresas. Além disso, as companhias envolvidas na pesquisa indicam que os colaboradores relutam em se assumir, pois temem que isso afete avaliações e até mesmo oportunidades de promoção.

Como aumentar a inclusão de profissionais trans

Entre os fatores que contribuem para um ambiente de trabalho saudável para profissionais trans e de gênero não-conformista estão o comprometimento com a diversidade e inclusão. 84% dos colaboradores sentem-se valorizados e respeitados em locais em que altas lideranças comprometem-se com a pauta. Na contramão, a porcentagem cai para 44%.

Ações práticas que podem ser aplicadas no cotidiano envolvem a criação de políticas internas e treinamentos, por exemplo. A inclusão de tais medidas exemplifica, ainda, como as áreas de recursos humanos estão e podem se envolver com a pauta, garantindo que colaboradores trans e GNC sintam segurança física e psicológica nos ambientes corporativos. Segundo o estudo, as políticas de RH devem abordar orientação sexual, identidade de gênero e expressão de gênero, e recursos devem ser alocados para essa iniciativa.

Quase metade dos respondentes do Brasil (47%) disseram ter deixado empresas por falta de cultura organizacional voltada a profissionais do grupo. Ademais, 62% apontaram que sequer aplicaram para vagas em tais empresas e 54% deixaram processos seletivos pelo mesmo motivo.

No geral, em um ranking de 1 a 6, do mais confortável ao menos confortável, os respondentes enquadram a área de recursos humanos e time de benefícios na pontuação máxima quando o assunto é o quanto se sentem à vontade para se assumir. Entre a amostra brasileira, a maior pontuação ficou a cargo da comunidade LGBTQ+. A pior pontuação fica com os gerentes diretos.

Estes, inclusive, são atores importantes para fazer com que a comunidade se sinta bem-recebida no ambiente de trabalho. Segundo o BCG, estes são os responsáveis pela experiência diária dos colaboradores e devem ser os principais defensores da inclusão.

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