As estratégias das ligas esportivas para alavancar os negócios
Consideradas de menor expressão, Major League Soccer e a liga de futebol da Arábia Saudita investem em estrelas para atrair a atenção de marcas e da audiência
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Valeria Contado
3 de outubro de 2023 - 13h29
Em junho de 2023 a Inter de Miami anunciou a chegada de Lionel Messi como mais novo atleta a disputar a Major League Soccer (MLS) – principal liga estado-unidense de futebol masculino.
Após ter uma passagem relativamente rápida pelo Paris Saint German em 2021, e ganhar a Copa do Mundo do Catar, em 2022, o argentino chegou à liga para ser uma das estrelas da competição.
Segundo o site TickPick, que comercializa ingressos da MLS, os ingressos para os jogos da Inter de Miami nunca foram tão procurados. Para o jogo que aconteceu no último dia 30, contra o New York City FC no DRV PNK Stadium, as entradas tinham um preço médio de U$ 319,87, com o setor mais caro no valor de U$ 11.181,00.
Além disso, a “Messi Mania”, como tem sido chamado esse movimento, ultrapassou as linhas dos campos. A MLS divulgou na última sexta-feira, 29, o top 10 de camisas mais vendidas e a do Inter de Miami com o nome do jogador, apareceu na primeira colocação.
“A chegada de grandes astros do futebol mundial impacta o ecossistema local de forma direta. Mais torcedores passam a ir aos estádios, a consumir os produtos dos times e dos próprios atletas”, explica Renê Salviano, CEO da Heatmap.
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— Major League Soccer (@MLS) September 29, 2023
O mesmo aconteceu na Liga de futebol da Arábia Saudita com a chegada de Cristiano Ronaldo. Em janeiro deste ano, a loja oficial do Al-Nassr ficou lotada a espera da liberação das camisas de número 7 com o nome do astro português. A imprensa local noticiou que os torcedores fizeram filas nas unidades para comprar a camisa, que custa 300 riyals sauditas, o equivalente a R$ 427.
O sócio da Convocados.com, Rafael Plastina, avalia que a consagração e o êxito esportivo são grandes atrativos. Junto a isso, o número de seguidores que essas personalidades têm nas redes sociais se tornam pilares de sucesso, o que explica esse fenômeno. “Hoje as pessoas, especialmente os mais jovens, que seguem e adoram os atletas também, vão além dos clubes e os seguem onde estiverem”.
Esses números revelam a atenção que essas ligas passaram a receber com a chegada dos grandes nomes. Como consequência da audiência, o interesse de marcas globais deve ser iminente.
Para Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, deve ser questão de tempo grandes marcas começarem a anunciar produtos em jogos e eventos sauditas, assim como nos jogos de futebol nos Estados Unidos.
“O que desperta o interesse de patrocinadores, de quem paga para se associar a algo é fundamentalmente a audiência, em volume ou segmentação, e a chegada de ídolos globais a qualquer lugar, gera interesse por eles”, diz.
Além disso, outro fator que impulsiona a forma como essas duas ligas estão se relacionando com o futebol é o interesse desses países em sediar a Copa do Mundo. Em 2026, Estados Unidos já está confirmado como uma das sedes da maior competição Mundial. Já os árabes buscam esse espaço para 2030.
Para que isso aconteça, é importante também que o cenário do esporte seja atrativo. “Com a iminência da realização da Copa do Mundo de 2026 tendo os EUA como uma das sedes, o país já tem feito este trabalho estratégico para atrair os holofotes para sua liga local. Buscar grandes estrelas, como Messi, é um indicador importante dentro desta estratégia”, afirma Salviano da Heatmap.
Os Estados Unidos, sede da MLS, é um dos polos esportivos mais bem sucedidos do mundo. Lá, esportes como basquete, pela NBA, e futebol americano, pela NFL, são cases de sucesso na questão de investimento e desenvolvimento financeiro e de marketing. Essas modalidades fazem parte da cultura do público norte americano.
Mas, o futebol masculino também vem ganhando popularidade no país. Thiago Freitas, da Roc Nation Sports, entende que isso tem a ver com a mudança demográfica que os EUA vem passando. “O percentual de estrangeiros e filhos de estrangeiros que vivem no país é o maior no último século. Além disso, hoje, qualquer pessoa pode consumir, de seu dispositivo móvel, qualquer conteúdo produzido. É inevitável que o futebol chegue ‘às mãos e olhos’ de todo norte-americano que tenha acesso a ao menos uma rede social”, diz.
Por esse motivo, é notável um trabalho de profissionalização dessa liga e a demanda de um serviço melhor, com atletas de alto nível. No entanto, Plastina chama atenção para o fato de que a MLS, diferente da Liga Saudita, já tem um modelo de negócio claro para o seu desenvolvimento. “Eles não farão investimentos fora de propósito ou de regras claras de como se dará o retorno ou de onde vem o dinheiro”, diz.
No caso da Arábia Saudita, o executivo explica que esse investimento vem da autoridade máxima do país. “O investimento no desenvolvimento da Liga vem do rei do país e faz parte de um projeto muito além do futebol. Neste caso, trata-se de uma liga muito mais desconhecida que a MLS, por exemplo”, completa.
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