Bens de consumo massivo crescem 8% em valor
Estudo da Kantar mostra que cesta também cresceu 4% em unidades vendidas, com destaque para os atacarejos como canal; já a cesta de cuidados pessoais corre risco de queda
Estudo da Kantar mostra que cesta também cresceu 4% em unidades vendidas, com destaque para os atacarejos como canal; já a cesta de cuidados pessoais corre risco de queda
Meio & Mensagem
2 de abril de 2020 - 13h48
A Kantar divulgou nesta quinta-feira, 2, a 2ª Edição do Termômetro de Consumo, estudo global, no qual tem acompanhado os hábitos de consumo da população no cenário da pandemia.
Segundo a empresa de pesquisas, 78% dos brasileiros têm buscado sair de casa somente para o necessário e estão mais preocupados com a saúde. Tanto assim que nos dois primeiros meses do ano, em comparação com mesmo período em 2019, 748 mil lares a mais compraram analgésicos, 330 mil passaram a comprar vitaminas (a C, principalmente) e 224 mil foram em busca de antigripais.
O estudo também aponta que 27% dos brasileiros estão adotando alimentos saudáveis e 22%, têm buscado mais produtos de limpeza. Com as recomendações de confinamento, o delivery de supermercados agora é utilizado por 7% dos brasileiros.
Manter a casa abastecida de alimentos, já que é onde todos têm que ficar neste momento, também ganhou relevância: a cesta de produtos de consumo massivo, que há um ano crescia 1% em valor e estava negativa (-5%) em unidades compradas, agora neste começo de ano cresceu 8% em valor e 4% em unidades comercializadas.
E a missão de compra para “abastecimento” responde por 50% desse desembolso, segundo a Kantar. Neste cenário, os atacarejos são o canal que segue liderando em crescimento – passaram a ser utilizados por mais 2,2 milhões de lares, principalmente para “compras de despensa”, em que são opção em 75% dos casos; ante 560 mil novos domicílios conquistados pelos hipermercados, considerados para compras de reposição no dia a dia, como itens multiuso de limpeza, detergente, café e presuntaria.
Impactos do home office
O fato de 23% dos brasileiros estarem trabalhando remotamente pode ser um mau sinal para algumas categorias relacionadas a cuidados pessoais. Segundo a Kantar, mais de um bilhão de ocasiões de consumo estão em risco, pois 21% das ocasiões de uso dessa cesta envolvem o fato de as pessoas se arrumarem para ir ao trabalho ou escola e 4% estão relacionadas às saídas de casa e socialização.
Comentando o fato globalmente, a empresa diz que nos EUA a categoria maquiagem pode perder 402 milhões de ocasiões. Há lugares em que a coisa pode ser pior ainda: na China tem circulado a hashtag #NoHairWashing, indicando que até costumes como lavar o rosto e os cabelos podem ser afetados.
Consideradas as diferenças entre a adoção de itens de higiene e beleza entre homens e mulheres – são estas as grandes consumidoras – as mudanças de hábitos delas podem impactar 15 categorias (entre elas sabonetes líquidos e em barra, maquiagens e removedores, cremes dentais, hidratantes faciais e corporais, depiladores e lâminas, desodorantes, fragrâncias e demais produtos para estilização, cuidado íntimo e banho) e no caso deles, sete categorias podem perder ocasiões de consumo (xampus, produtos para banho, creme dental, ferramentas para estilização, fio dental, fragrância e antisséptico bucal).
As mudanças de hábitos dos homens devem acender o alerta em especial dos fabricantes de produtos para barbear, pois 32% deles dizem fazer isso estritamente por motivos profissionais. E, no Brasil, 40% das ocasiões de consumo de desodorante para eles estão associadas a sair para trabalhar ou ir à escola.
Finalmente, a análise da Kantar traz uma agravante para as marcas que atuam nessas categorias, pois mesmo depois do confinamento pode ser que algumas pessoas revejam todos os seus critérios de consumo, inclusive colocando coisas que até então pareciam essenciais numa categoria mais dispensável. Na China, por exemplo, o instituto já detectou que luxo e entretenimento online devem ter consumo diminuído ou cortado.
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