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Black Friday subverte varejo de fim de ano pela primeira vez

Segundo IBGE, dezembro obteve resultado 2,2% menor do que novembro, quando ocorre a maioria das promoções


14 de fevereiro de 2019 - 10h20

Crédito: Alex Potemkin/iStock

Se antes o Natal era a principal data do varejo nacional, agora a celebração perde espaço para a Black Friday. Dezembro, o mês do Papai Noel, obteve um resultado de vendas 2,2% menor no comércio varejista do que novembro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A relação entre as datas mudou em comparação com 2017, quando as vendas de dezembro superaram as de novembro em 0,6%.

Em 2018, das oito atividades estudadas pelo instituto, cinco reduziram seu ritmo de vendas em dezembro. As piores taxas foram de artigos de uso pessoal e doméstico, com -13,1%, móveis e eletrodoméstico, -5,1%, e tecidos, vestuário e calçados, com -3,7%. Esses mesmos setores obtiveram resultados expressivos no mês anterior, devido à Black Friday.

Os três setores que prosperaram no Natal foram livros, jornais, revistas e papelaria, com 5,7%; combustíveis e lubrificantes, 1,4%; e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, com 0,4%.

Essa movimentação, afirma Juliana Inhasz, coordenadora da graduação em economia do Insper, aponta uma antecipação das compras natalinas devido às promoções. Para as empresas, isso significa que “a programação que antes era feita levando em consideração o mês de dezembro, agora acontecerá olhando o mês de novembro”, afirma.

No balanço anual, o varejo avançou 2,3%. Foi o segundo ano consecutivo de melhora no indicador. Entretanto, parte dos analistas ortodoxos da conjuntura econômica afirma que o crescimento da economia brasileira não pode ser baseado no crescimento do consumo e, sim, do investimento.

Para Inhasz, do Insper, o comparativo de novembro-dezembro não aponta apenas uma inversão nas datas do varejo. Segundo a economista, “o que se esperaria para uma economia em processo de crescimento sustentável seria uma redução na taxa de crescimento das vendas e do comércio, e não uma retração como aconteceu. O resultado só reforça a percepção de que ainda estamos muito distantes de uma recuperação econômica de fato”.

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