Boicote à Starbucks e os riscos as marcas globais
Após anunciar a contratação de refugiados, rede vira alvo de americanos pró-Trump; no México, marca é rejeitada por ser americana
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Luiz Gustavo Pacete
2 de fevereiro de 2017 - 9h43
Em meio às dezenas de declarações e posicionamentos vindos de empresas americanas contra as políticas que impedem a entrada de cidadãos de países muçulmanos e de refugiados nos Estados Unidos, instaurada por Donald Trump, a Starbucks vive uma situação dúbia. Ao anunciar, no início da semana, que vai contratar dez mil refugiados, a empresa está sendo alvo de boicotes motivados por apoiadores de Trump que lançaram a hashtag #BoycottStarbucks e também de mexicanos que criaram um movimento contra marcas americanas.
Muitos dos críticos pró-Trump se opõem à ideia de dar emprego a estrangeiros. “Trump quer dar emprego para americanos e a Starbucks quer contratar refugiados?”, questionava um dos tuítes. No México, outra campanha nas redes sociais pede boicote à marca por ela ser americana. A campanha foi iniciada com o lançamento da hashtag #AdiosStarbucks e está se estendendo para outras marcas como Walmart, McDonald´s, Ford, KFC, Costco e Home Deport.
Com lojas em 73 países, a Starbucks anunciou que vai empregar aqueles que fogem de guerras, perseguições e discriminações para os países onde está presente. Nos Estados Unidos, a empresa começará contratando refugiados que trabalharam para o exército americano, por exemplo, como intérpretes.
O efeito Trump nas gigantes de tecnologia
De acordo com Eduardo Tomiya, diretor geral da Kantar Vermeer, o caso da Starbucks ilustra os riscos envolvidos quando marcas globais decidem se posicionar. “A Starbucks e outras marcas globais estão diretamente associadas aos Estados Unidos. De alguma forma, isso vai trazer pontos positivos e negativos. A partir do momento que ela se posicionou, vai precisar ter muito cuidado para minimizar os riscos e se mostrar firme em seu propósito”. Ainda de acordo com Tomiya, os movimentos atuais de protecionismo vão afetar diretamente a atuação de marcas globais e suas atuações locais.
Em uma nota oficial enviada ao Meio & Mensagem, a Starbucks afirma que “tomamos decisões com base em nossa missão, valores e herança, e reconhecemos que, algumas vezes, haverá pessoas que discordarão de nós. Respeitamos os diversos pontos de vista de nossos partners e consumidores e continuaremos a ouvi-lo”, escreve a empresa.
Corona assumiu riscos ao provocar Trump?
Ao anunciar a contratação de refugiados, Howard Schultz, presidente da Starbucks, enviou uma carta aos funcionários ressaltando o que pensa sobre o tema. “Escrevo a vocês hoje com profunda preocupação e o coração apertado. Vivemos tempos sem precedentes, nos quais somos testemunhas de que a consciência de nosso país e a promessa do sonho americano foram colocadas em xeque.”
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