Boom das criptomoedas afeta dinâmica de social marketing
Com a carteira digital Calibra e a moeda digital Libra, Facebook imprime novo ritmo ao papel da tecnologia nos negócios gerados nas redes sociais
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Luiz Gustavo Pacete
1 de julho de 2019 - 6h00
O anúncio da criação de uma carteira digital e uma criptomoeda, respectivamente Calibra e Libra, por parte do Facebook, foi feito no dia 18 de junho, no entanto, o assunto continua gerando debate. A previsão da plataforma é que sua carteira esteja disponível no Messenger, WhatsApp e um aplicativo independente ainda em 2020. Uma das justificativas do Facebook para a criação do que foi chamado de “associação” é que cerca de 70% dos pequenos negócios em países em desenvolvimento não conseguem ter acesso a crédito e US$25 bilhões são perdidos todos os anos por migrantes em taxas para remessas de dinheiro.
A Libra tem como associadas outras 28 empresas como Mastercard, Paypal, Spotify, Uber, VISA e a brasileira Mercado Pago. A intenção é chegar a 100 empresas associadas. Segundo a empresa, o impacto positivo da Libra será “um sistema financeiro global mais inclusivo que é exatamente um dos benefícios que o Bitcoin entrega como plataforma”. Os dados do “The Global Findex database” de 2017 mostram que 31% dos adultos do mundo são desbancarizados.
Bernardo Quintão, empreendedor serial e investidor em criptoativos e startups, explica que o impacto da Libra vai ser maior do que as pessoas estão esperando. “Em poucos anos, a Libra vai ser mais usada que o dólar na economia mundial e os países emergentes e com dificuldade monetária terão uma adoção enorme e vão preferir a Libra do que as próprias moedas locais”, explica.
Quintão exemplifica que Argentina, Venezuela e Brasil com cenários econômicos instáveis são mercados que têm crises financeiras recorrentes e serão os principais impactados no sistema financeiro por um tipo de moda como a Libra em médio prazo. Para Rafael Araujo, operador de bitcoin do mercado balcão na Bitblue, se parte das pessoas passarem a usar Libra no lugar de sua própria moeda, os governos serão menos capazes de administrar políticas fiscais. “Parte do controle da política monetária de bancos centrais será de empresas privadas.”
Blockchain pode revolucionar o marketing?
“O Facebook pretende abrir um banco digital global que aceita várias moedas e tem uma moeda estável própria, então todos os bancos privados e fintechs podem ser afetados de alguma maneira”, afirma Araujo. Ele ressalta que existe um movimento forte de migração para e-wallets e pagamentos via aplicativos no mundo todo. O Facebook já tinha feito alguns testes com pagamentos e como boa parte do comércio de pequenos negócios já é realizado através de seu ecossistema (Facebook Messenger, WhatsApp e Instagram), manter pagamentos e saldo dentro do próprio ecossistema pode também incentivar pequenos e médios negócios a aumentarem o investimento em anúncios nas redes socias. Neste caso a Libra impacta diretamente a forma de transacionar negócios de social marketing.
“O mesmo movimento pode ser observado localmente nas empresas que possuem ecossistema próprio, como grupos educacionais que se movimentam para terem seu próprio banco digital, oferecerem cartão universitário e soluções desde o início da vida financeira, mantendo os recursos que pagam mensalidade e compram livros girando dentro do ecossistema”, explica Araujo. Ele lembra de outro case relevante recente, além do Facebook, é a a captação bilionária e privada do Telegram para desenvolver a Telegram Open Network (TON) e sua criptomoeda nativa, a GRAM, projetos similares aos do Facebook.
Barry Eichengreen, professor de economia e ciência política na Universidade da Califórnia em Berkeley, em artigo criticado no The Washington Post, alertou os tipos nocivos de usos que podem ser dados à Libra. “Entrada do Facebook no mundo da criptomoeda é péssima ideia. A Libra deve servir para lavar dinheiro, sonegação e financiamento ao terrorismo”, escreveu reforçando que os bancos são regulados por governos nacionais e estão sujeitos a regras sobre que transações autorizar “já o Facebook não é banco. Não é regulamentado como banco. Pelo menos ainda não”.
O marketing das criptomoedas
Rafael Araujo explica que, exceto o Bitcoin — um projeto aberto, sem uma empresa ou uma autoridade central, sem CEO, sem orçamento de marketing e que tem adoção espontânea — quase todas as outras investem em marketing exatamente como qualquer empresa, patrocinando eventos e atletas, comprando anúncios em formato digital ou até página inteira no The Wall Street Journal conforme imagem acima. “Curiosamente, o Facebook não permitia anúncios ligados à criptomoedas e blockchains até maio deste ano, mesmo de empresas sérias e reconhecidas no mercado. As políticas foram atualizadas e anúncios envolvendo blockchain, notícias do setor, conteúdo educacional ou eventos relacionados não precisarão mais de aprovação prévia por escrito”, exemplificaa.
Mitos e verdades sobre os bitcoins
Do ponto de vista de marketing, segundo Quintão, é usual que as criptomoedas façam investimentos em marketing, mas não as descentralizadas, o caso do Facebook é um pouco diferente, “em geral, as criptomoedas têm uma pegada mais de comunidade e entusiastas de tecnologia focado em early adopters como é o caso de Bitcoin e Ethereum”. No ano passado, houve um movimento de empresas tradicionais investirem em suas próprias criptomoedas. Foi o caso da Kodak com a KodakCoin, criada para funcionar em uma plataforma de gestão de direitos de imagem por fotógrafos e agências. Já a IBM divulgou a união com a dinamarquesa Maersk para criar uma joint venture de transporte marítimo, para transação de informações em blockchain que dispensa processos de papel.
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