Como impulsionar os empreendedores LGBTQIAP+?
Pesquisa realizada pela Nhaí e AlmapBBDO e divulgada no evento Contaí revela um gap entre a iniciativa privada e comunidade que decide criar seus próprios negócios
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Bárbara Sacchitiello
14 de julho de 2022 - 6h01
Assim como boa parte da população empreendedora de todo o Brasil, boa parte da comunidade LGBTQIAP+ inicia algum negócio por necessidade. Quase metade desse grupo (46%) ainda empreende na informalidade, sem ter um CNPJ para seu negócio. A maior parte (34%) dedica-se a empreender nas áreas com as quais mais se identifica ou com ramos de negócios que mais gostam de trabalhar. E a grande maioria 92% não contou com apoio de nenhuma empresa ou ong em sua jornada para abrir o próprio negócio.
Esses são alguns dos dados que foram divulgados essa semana durante o Contaí Summit, evento realizado pela agência Nhaí para discutir sobre empreendedorismo e oportunidades de negócios na comunidade LGBTQIAP+.
Para embasar os debates do evento, a Nhaí e a AlmapBBDO realizaram a pesquisa “Empreendedorismo LGBTQIAP+: O Desafio da Oportunidade”, que procurou analisar como esse grupo populacional vem empreendendo e quais os entraves que ainda aparecem nesse caminho. O estudo foi feito com base em 7.206 abordagens e 183 entrevistas em profundidade realizada com pessoas LGBTQIAP+.
Um dos insights mais importantes trazidos pela pesquisa é a distância que a iniciativa privada ainda mantém dessa comunidade e as oportunidades que podem ser aproveitadas junto a esses empreendedores. Mas qual seria a melhor forma de as empresas e organizações auxiliarem essa comunidade e ajudaram a ampliar o potencial de seus negócios?
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“Ouvindo”, resume Taís Santos, gerente de estratégia e membro do comitê de DE&I da AlmapBBDO. “Nas conversas geradas pelo Contaí ou nos resultados da pesquisa, os empreendedores deixam claro o que precisam oferecer. Por isso, além dos empreendedores LGBTQIAP+, a iniciativa privada precisa participar de eventos como esse”, destaca Tais, a respeito do Contaí.
Na prática, a profissional da AlmapBBDO cita algumas possibilidades pelas quais as empresas podem apoiar a comunidade empreendedora LGBTQIAP+, como contribuindo com a formalização, oferecendo capacitação, amplificando o conhecimento de seus negócios. Também é possível incluir esses empreendedores em sua cadeia de fornecedores, eventos e discussões. “Esse processo só potencializa aquilo que move a nossa indústria: a criatividade. E por que não, de repente, cocriar com esses empreendedores?”, questiona Tais.
Quando questionados a respeito dos setores de negócios que apresentam maior potencial para empreender, os membros da comunidade LGBTQIAP+ costumam escolher segmentos com os quais têm mais identificação e onde, culturalmente, costumam sofrer menos preconceito. Por isso, a moda aparece em primeiro lugar, citada por 67% dos empreendedores desse grupo.
Na sequência, foi citada a categoria de serviços digitais (54%), seguida de estética e beleza (53%), saúde e bem-estar (45%), alimentação (44%), informática e eletrônicos (43%), hotelaria e turismo (37%), serviços educacionais (30%), casa e construção (28%), limpeza e conservação (27%) e outros (10%).
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Para que esses profissionais tenham mais sucesso em seus negócios, é necessário que eles tenham mais acesso a estudos e pesquisas, de acordo com Raquel Virgínia, CEO da Nhaí, agência organizadora do evento e responsável pela pesquisa. “Precisamos cada vez mais conseguir nos conectar por vias técnicas e isso demanda estudo e investimentos. Mas a potência está dada”, frisa.
Raquel também fala sobre as maneiras como as empresas podem apoiar essa comunidade empreendedora. “Creio que um princípio possível é compreender que uma empresa pode ter como pilar estratégico o envolvimento com a diversidade que empreende em muitos pontos. Como, por exemplo, em sua cadeia de fornecedores. Assim como apoiar a promoção de empreendedores com patrocínios que façam sentido. Existem muitas maneiras de existir esse auxílio”, lembra.
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