Bárbara Sacchitiello
13 de setembro de 2021 - 10h39
(Crédito: Divulgação)
A preocupação com a preservação ambiental saiu, há tempos, do âmbito do marketing na indústria da beleza para se tornar pauta de produção. Como fabricar agredindo o menos possível o ambiente e neutralizar os impactos daquilo que se faz e comercializa são questões que ganham peso quando a agenda socioambiental também influi nas decisões de compras.
Na semana passada, o Grupo Boticário anunciou mais uma etapa do projeto Beleza de Futuro (plataforma de ações relativas às pautas de preservação ambiental, reciclagem, redução de impactos, promoção da diversidade e sustentabilidade) e estabeleceu como meta banir o uso de qualquer matéria-prima de origem animal até 2025, na fabricação de todos os seus produtos e marcas: O Boticário, Eudora, Quem Disse, Berenice?, The Beauty Box, Vult, Multi B e O.u.i.
Para cumprir o prazo, todos os lançamentos a partir deste mês de setembro terão na fórmula ingredientes 100% veganos. A mudança da produção é vista como consequência de uma postura adotada há décadas, que inclui o investimento em pesquisas para encontrar ingredientes que impactem cada vez menos a natureza. “Depois de sermos pioneiros no Brasil na eliminação de testagem em animais – há 21 anos – na adoção de pele 3D para simular pele humana e abolir qualquer ingrediente proveniente de sofrimento animal, chegamos ao momento em que estamos prontos para nos comprometer em ter os produtos do Grupo Boticário com fórmulas veganas”, explica Gustavo Dieamant, diretor de produto & desenvolvimento do Grupo.
Ele explica que a proposta de substituição de ingredientes de origem animal passa por uma cadeia complexa que envolve desenvolvimento, estoque, distribuição, venda e fornecimento. O processo vem acontecendo de forma gradativa há alguns anos e seguirá evoluindo até a completa extinção da utilização da matéria-prima de origem animal até 2025, e criação de um portfólio 100% vegano. Gustavo explica como são realizadas essas substituições na produção. “Um exemplo de mudança é referente ao pigmento carmim, originalmente derivado de um inseto, mas que no Grupo Boticário já é obtido a partir de uma mistura de elementos minerais e sintéticos. Também estamos em processo de substituição da cera de abelha, usualmente utilizada na composição de batons. No nosso portfólio, alguns batons de grande sucesso são feitos com cera de origem sintética, como é o caso da linha Intense e de Make B., do Boticário”, diz.
Recentemente, a companhia também anunciou outra alternativa socioambiental de aproveitamento de resíduos. Por meio do Boti Recicla, comprometeu-se a transformar as embalagens retornadas em suas lojas em espaços escolares sustentáveis. Serão selecionadas 15 escolas públicas do País que receberão instalações de 30 metros quadrados, formadas por aproximadamente 2,2 toneladas de lixo reciclado.
Outra meta anunciada pelo Grupo, em abril, é encontrar uma solução para todo o resíduo sólido gerado por sua cadeia produtiva até 2030, envolvendo um milhão de brasileiros em diferentes iniciativas sociais relacionadas à gestão de resíduos, reciclagem e empreendedorismo. Para tal, a empresa firmou 16 compromissos socioambientais, divididos em âmbitos estratégicos e inspiracionais.
A adoção de medidas como a eliminação de matérias-primas de origem animal se encaixa nesse contexto e acompanha tendências de mercado e os desejos dos consumidores. “Temos certeza de que a novidade será muito bem aceita por aqueles que já conhecem a qualidade de nossas marcas. E temos ainda a oportunidade de atingir ovos públicos, cada vez mais atentos aos valores das marcas que consomem”, acredita o executivo.