Das comunidades aos negócios: a potência que vem das ruas
Poder econômico e cultural das favelas é alto mas esbarra na falta de inclusão e de iniciativas específicas para esses grupos populacionais
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Renan Honorato
7 de julho de 2023 - 19h18
Fazer com que as comunidades se tornem forças emancipadoras. Esse foi um dos temas que permeou alguns dos painéis desta sexta-feira, 7, na primeira edição da VidCon São Paulo.
Em um deles, a conselheira, empresária e CEO da produtora Boogie Naipe, Eliane Dias ressaltou que é preciso converter espontaneidades e criatividade em modelos de negócio, como foi no caso da criação do podcast do Mano Brown, “Mano a Mano”. “Como creators, nós determinamos nossas metas, o quanto queremos ganhar e o quanto queremos investir de nosso tempo”, comentou.
No mesmo palco estavam as “Avós da Razão”, Gilda de Mello e Sônia Bonetti. As criadoras de conteúdo falaram sobre importância da terceira idade manter-se conectada com as redes sociais e, por consequência, em debates geracionais. Gilda comenta sobre a dificuldade de público sênior em adentrar no mundo de influenciadores: “Muitos falam que não sabem mexer no celular, como não sabem? Nós passamos a vida inteira aprendendo”, ressaltou.
Já o produtor e roteirista da próxima temporada de Criança Esperança, M.M. Izodoro, fez coro ao debate sobre as potencialidades ao ressaltar que, graças as tecnologias, a democratização da produção fizeram com que pessoas dos recôncavos mais distantes pudessem estar em paridade com a influência hollywoodiana.
Em outro painel, o potencial econômico das favelas foi o destaque da conversa. Thamirys Marques, gerente de estratégia de conteúdo na Digital Favela, trouxe dados que apontam as favelas como lugares em que o empreendedorismo se manifesta pela necessidade.
Apesar disso, empreendedores negros são os mais que mais recebem “não” quando tentam empréstimos. Para CEO da Banco Conta Black, Fernanda Ribeiro, é impossível desatrelar os debates de favorecimento da branquitude e racismo das disputas de classes num país de maioria populacional negra.”
Com experiência no mercado de agências, o CCO da Digital Favela, Tiago Trindade disse ser contra o conceito de romantização das favelas. Segundo ele, é preciso focar na positividade da comunidade sem esquecer dos desafios impostos. Para criar um legado, disse, é necessário que as marcas sejam autênticas e pensem ao longo prazo no impacto que as iniciativas podem ter na vida das pessoas.
Como foi, por exemplo, o caso da Nathaly Dias, mais conhecida como Blô – Blogueira de Baixa Renda, que chegou a fechar um ano com faturamento de R$1 milhão e está a caminho de conquistar o sonho da casa própria. “A gente que é pobre sonha baixo”, disse ela, em resposta a provocação de Thamyres, sobre dados que apontam a casa própria como principal objetivo das pessoas em favelas. Em consonância com isso, Fernanda destacou que “o sonho da favela é diferente do sonho da Faria Lima”, na medida, que os contextos e expectativa são diferentes.
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