É possível um apocalipse zumbi de carros?
Diante da conectividade, segurança passa a ser item cada vez mais discutido pelo mercado automotivo
Diante da conectividade, segurança passa a ser item cada vez mais discutido pelo mercado automotivo
Luiz Gustavo Pacete
26 de abril de 2017 - 7h00
Atenção: contém spoiler!
Na última edição da franquia Velozes e Furiosos uma cena chama a atenção de estudiosos de tecnologia automotiva autônoma e carros conectados. Em determinando momento do filme, uma hacker consegue, remotamente, controlar dezenas de automóveis que têm seus sistemas invadidos criando assim uma cena que lembra a série The Walking Dead. Por mais ficcional que pareça, a cena remete a uma discussão presente no desenvolvimento de tecnologias de carros conectados: a segurança.
André Assis, head de inovação digital no Grupo TV1, assistiu ao filme e ressalta que para que um automóvel seja invadido, ele não precisa necessariamente ser autônomo, basta estar conectado a uma rede. “Aliás, foi o caso de um Cherokee invadido em julho de 2015 pelos programadores Charlie Miller e Chris Valasek, que na ocasião controlaram rádio, ar-condicionado e até mesmo freios e acelerador do veículo, com a intenção de mostrar o quão frágil era a segurança do computador de bordo”, lembra Assis. Ele ressalta que é tecnicamente possível acessar remotamente um carro conectado e controlá-lo.
Várias medidas vêm sendo tomadas pela indústria para impedir que casos assim ocorram. Dentre elas, firewalls integrados ao computador de bordo, infraestruturas que separam totalmente o sistema de entretenimento do sistema que controla as funções motoras, além de conexões permitidas apenas por meio da autenticação por smartphone. “Mas, atenção: na maioria dos casos o fator humano é o verdadeiro culpado. Então, se alguém tem, ou pretende ter um carro conectado, a melhor dica é ter a certeza de que o celular está seguro, pois ele pode ser a principal porta de entrada para as invasões do futuro”, diz Assis.
Para o professor de engenharia elétrica e de computação do Instituto Mauá de Tecnologia, João Carlos Lopes Fernandes, apesar de ser possível ataques, transformar carros em “zumbis”, é coisa de cinema, pois por medida de segurança o próprio motorista consegue “desligar” o sistema autônomo e assumir o controle do carro. “Em 2005, a BMW corrigiu uma falha de segurança em seu sistema ‘ConnectedDrive’ que deixou 2,2 milhões de carros, incluindo carros de alto padrão vulneráveis a hackers.
“A correção desse problema foi realizada de forma automaticamente por meio de dados criptografados via HTTPS (conexão segura)”, diz Lopes. Ainda de acordo com ele, é essencial que as montadoras identifiquem as possíveis vulnerabilidades nos softwares que estão “embarcados” em seus carros, visto que eles podem oferecer pontos de ataque para os hackers.
Matéria da Wired que mostra como Charlie Miller e Chris Valasek hackearam uma Cherokee:
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