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Marketing

“Espero que aumente a venda de Bentleys”

Acostumada a vender apenas 2 carros ao mês, marca se diz surpresa, mas espera lucrar com Chiquinho Scarpa


18 de setembro de 2013 - 6h25

O mundo acordou surpreso nesta segunda-feira, 16, ao descobrir que o Conde Chiquinho Scarpa havia decidido, assim como os faraós, enterrar seu bem mais querido: um Bentley Continental avaliado em R$ 800 mil. “Vou enterrar meu tesouro no meu palácio, rssss”, afirmou, por meio de sua página de Facebook.

Apesar de ser alvo de inúmeras críticas, o conde conseguiu chamar a atenção. E a hora do enterro do Bentley, com direito a um caprichado coquetel, está programada para esta sexta-feira, 20, às 11h.

Muitos suspeitam de que se trata de uma ação de marketing, o que é reforçado pelo fato de a agência de relações públicas Máquina da Notícia ter convocado uma coletiva de imprensa para a residência de Scarpa.

A marca automobilística garante que não tem nada a ver com a história. “Eu juro que eu não tenho a menor ideia do que está acontecendo. Estou tão surpreso quanto todos”. Assim Joseph M. Tutundjian, sócio-gerente da Bentley no Brasil, reagiu ao ser perguntado se o fato de o conde Chiquinho Scarpa ter resolvido enterrar seu carro consistia em uma tática de guerrilha.

A Bentley é conhecida por um público bastante restrito no Brasil e a verba de marketing é zero. “Temos algumas iniciativas bem restritas, como jantares para cerca de 20 pessoas, test-drives e outros formatos de atendimento exclusivo”, afirma Tutundjian.

Mas ele espera um novo momento para a marca na carona da atitude de Scarpa. “Isso vai ser filmado e vai para o planeta. Vamos juntar todas as notícias, mandar para a Bentley, explicar quem é o Chiquinho Scarpa e assegurar que não temos nada a ver com a história”, diz. “Só então, vamos avaliar o que vamos fazer”, explica, revelando sua preocupação com o que a matriz está pensando.

“O que ajuda a vender carro é ter muitos deles nas ruas. A Bentley tem uma frota ainda pequena. Há uns 30 em São Paulo, o maior mercado. Com sinceridade, ainda não consigo avaliar o impacto. Mas espero que isso ajude nas vendas. Estou torcendo para as pessoas lembrarem dessa história e me ligarem para, pelo menos, olhar uns Bentleys”, avisa Tutundjian.

A avaliação sobre o impacto da ação de Scarpa para a marca, segundo ele, é positiva. “Não quero entrar no mérito do que ele está fazendo. O carro é dele e ele faz o que quiser. Mas, no fundo, ele está falando bem do carro. Porque, pela história que conta, os faraós enterravam seus bens mais queridos. Isso é positivo para nós”, acredita.

No entanto, ele garante que jamais, em sã consciência, assinaria uma ação de marketing desse tipo: “Se eu contratasse o cara mais genial do marketing, e ele bolasse esse troço e me aconselhasse a enterrar um carro, eu o teria mandado embora”, diverte-se.

Para poucos

O Bentley Continental de Scarpa foi adquirido há cerca de um ano na loja da marca em São Paulo, localizada na Rua Colômbia. O conde faz parte de um clube bastante restrito. “Vendemos uma média de dois carros por mês, todos sob encomenda. Temos a loja há três anos e vendemos nesse período cerca de 60 veículos para proprietários de 14 estados”, explica Tutundjian.

O modelo mais barato da marca custa cerca de R$ 800 mil e o mais caro, com motor mais potente, R$ 1,2 milhão. O modelo que Scarpa está prestes a enterrar é do mais barato (talvez, se fosse dono do modelo mais caro, ele não fizesse isso, afinal).

A marca é conhecida por fornecer seus carros a James Bond, o agente 007. No romance original de Ian Fleming, Bond possuía vários carros da marca inglesa, embora, nos filmes e nos livros posteriores ele conduzisse o famoso Aston Martin. O Bentley dirigido por Bond foi destruído no episódio “007 contra o Foguete da Morte”. O modelo foi relembrado no livro “Davil May Care”, lançado em 2008 para homenagear Fleming.

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