Evangélicos não se sentem representados pelas marcas, aponta pesquisa
Dados do estudo "O Brasil Evangélico" são da Data-Makers, sob encomenda da recém-lançada consultoria Dolores
Evangélicos não se sentem representados pelas marcas, aponta pesquisa
BuscarEvangélicos não se sentem representados pelas marcas, aponta pesquisa
BuscarDados do estudo "O Brasil Evangélico" são da Data-Makers, sob encomenda da recém-lançada consultoria Dolores
Caio Fulgêncio
4 de novembro de 2024 - 6h00
A pesquisa inédita “O Brasil Evangélico”, feita pela Data-Makers, sob a encomenda da recém-criada empresa de design de soluções Dolores, aponta que as marcas ainda têm dificuldade de conexão com os consumidores evangélicos. Os dados são publicados com exclusividade pelo Meio & Mensagem.
Quatro em cada dez evangélicos (39%) acreditam que o mercado não os atende de forma satisfatória. Entre os setores com maior gap, os bares, restaurantes e casas noturnas ocupam, disparados, o topo da lista (69%). Em seguida, aparecem moda (26%); eventos, espaços públicos e locais de lazer (21%); moda esportiva (19%); e alimentos e bebidas (19%).
Além disso, no ranking dos setores estudados que menos atendem às expectativas dos evangélicos, também aparecem brinquedos e jogos de tabuleiros (15%); produtos de beleza (14%); turismo (12%); varejo (10%); e serviços financeiros (9%).
A representação na publicidade também é um ponto de atenção, uma vez que mais da metade dos consumidores protestantes (52%) não se sente contemplada pelas campanhas. O destaque, segundo o levantamento, fica por conta das classes D e E, em que esse percentual chega a 63%.
Fabrício Fudissaku, CEO da Data-Makers, salienta que essa representação não vale somente para o produto em si, mas para a oferta de valor. Logo, isso inclui também a comunicação: “Projetado um cenário de inércia, a tendência é que, com o crescimento dos evangélicos, a sensação de não se sentir representados continuará crescendo. Ou seja, teremos mais consumidores que vão se sentir desassistidos”.
Atualmente, evangélicos correspondem a 35% da população brasileira e os católicos, historicamente mais expressivos no País, a 39%. No entanto, a projeção é que, em dois anos – mais precisamente em novembro de 2026 –, ocorra uma inversão desses percentuais.
Dessa forma, os evangélicos se tornarão o maior grupo religioso do Brasil, o que deve impulsionar a adequação das estratégias de negócios e de marketing das companhias. “Estamos muito próximos do ponto da virada, o que significa que é essencial para as marcas e veículos entenderem como se comunicar e os comportamentos específicos desse grupo de consumidores”, explica.
Reconhecidos pela fidelidade aos próprios valores, os protestantes estão quase duas vezes mais propensos a deixarem de comprar por motivos religiosos do que os não-evangélicos. Para o levantamento, foram entrevistadas 1.721 pessoas – mil evangélicos e 721 não-evangélicos (ou seja, que seguem outras religiões ou nenhuma) – de todas as classes sociais e regiões.
Nesse sentido, 46% dos evangélicos afirmaram que evitariam realizar uma compra por causa da religião. Por outro lado, somente 28% dos não-evangélicos disseram que a religião os fariam mudar de ideia quanto a deixar de comprar determinado produto.
Os fiéis (25%) também são mais propensos a boicotar ativamente uma marca, inclusive, estimulando outras pessoas a não comprarem, do que aqueles que não são protestantes (16%). Os homens evangélicos são os mais dispostos ao boicote (33%).
A relação dos evangélicos com as figuras públicas é comprovada. A pesquisa aponta que eles são mais propensos a gostarem de uma marca por recomendação de uma pessoa famosa – somados, 63% consideram muito ou razoavelmente a opinião dessas personalidades. Na propensão de compra, esse percentual é de 62%.
Nessa mesma toada, para 1/3 dos cristãos protestantes, a religião influencia muito ou significativamente as decisões de compra. No entanto, mais da metade dos pesquisados (58%) considera que, independentemente da gradação, existe algum tipo de influência. “Podemos entender que, hoje, de fato, a religião evangélica faz mais diferença no consumo do que a religião católica”, resume Fudissaku.
O Instagram é o canal favorito, representando 27% das preferências. YouTube e serviços de streaming estão em segundo e terceiro lugares, com 23% e 11%, respectivamente. Também estão na lista o TikTok (7%); Facebook e TV (6%); TV paga e Kwai (5%); sites de notícias, podcasts, X e Pinterest (2%); e jornais, revistas e LinkedIn (1%).
Em termos de conteúdos consumidos, os dez destaques entre o público gospel são os filmes (79%); notícias (58%); humor (49%); esportes (48%); programação religiosa (46%); musicais (44%); novelas bíblicas (37%); entrevistas (36%); variedades (35%) e infantil (33%).
“Estamos em um cenário complexo. Isso significa que as receitas de bolo não vão funcionar. E o que entendemos é que cada marca terá que traçar o mapa dos seus consumidores e entender as oportunidades e os canais para adequar suas mensagens”, salienta Fudissaku.
Os desdobramentos da pesquisa “O Brasil Evangélico” incluem três novos módulos – um deles aprofundando a relação dos cristãos como os influenciadores; outro sobre melhores práticas da comunicação; e o terceiro sobre a geração Z evangélica. O estudo também contará com uma análise de categorias.
Compartilhe
Veja também
Granado inicia separação das lojas Phebo e terá dark store em SP
Com crescimento impulsionado pelo varejo, companhia, que terá em 2024, faturamento líquido de R$ 1,6 bi, inaugurará uma dark store em São Paulo, seu maior mercado para as compras online, e planeja expansão de Phebo com quiosques exclusivos
Unilever cria Escola de Marketing Antirracista para funcionários
Em parceria com as consultorias Indique uma Preta e Oliver Press, a companhia celebra a formação de 350 profissionais de marketing com foco na agenda racial