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Marketing

Fast-food investe para aumentar venda em delivery

Sem praça de alimentação, aeroportos e lojas de rua, redes recorrem a parcerias com apps de entrega


6 de abril de 2020 - 14h00

Com grande parte de sua receita pausada pelo fechamento de salões e praças de alimentação, as redes de fast-food estão recorrendo ao delivery para manter o faturamento e evitar grandes prejuízos. O Burger King reforçou sua presença em aplicativos de entrega e firmou acordo com iFood, Rappi e Uber Eats. Outras, como Domino’s, contrataram mais entregadores para atender à demanda. Para a maioria, as entregas já representam um vantajoso crescimento na receita das redes.

 

Domino’s diz que o delivery representou 78% de seu faturamento na semana passada (Crédito: Reprodução/Facebook)

As redes de fast-food têm como um de seus principais pontos de venda as praças de alimentação, seja em shoppings ou aeroportos. Todas as 35 unidades da Taco Bell no Brasil, por exemplo, estão instaladas em shopping centers e em complexos de lazer com praças de alimentação nos estados de São Paulo e no Rio de Janeiro. Valérie Kalil, head de marketing e inovação, conta que grande parte das unidades da rede já está operando no sistema de delivery nos agregadores parceiros, que incluem iFood, Rappi e Uber Eats, e o ” crescimento vem sendo muito grande”, aponta. A marca não possui serviço de entrega próprio. 

A maioria das unidades do KFC no Brasil também se concentra em praças de alimentação. Atualmente a rede tem cerca de 90 lojas no Brasil nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco, além do Distrito Federal. As lojas abertas, de rua, estão operando com delivery via Uber Eats, pois a marca não tem delivery próprio, assim como Taco Bell. “As entregas têm crescido consideravelmente”, afirma Jeronimo Júnior, diretor geral do KFC Brasil.

O delivery é um canal extremamente importante para a empresa e esperamos que o serviço cresça significativamente”, anseia Rodrigo Munaretto, diretor de marketing da Pizza Hut Brasil. A Pizza Hut tem cerca de 150 unidades situadas em shopping centers e lojas de rua e grande parte das lojas está trabalhando com o delivery próprio da rede e os serviços do iFood, Rappi e Uber Eats. 

KFC e Pizza Hut são da IMC (International Meal Company) e Taco Bell do fundo Sforza, e não abrem números, mas, de acordo com Edwin Junior, diretor de marketing da Domino’s, o mercado de delivery já está e vai se tornar cada vez mais competitivo. A pizzaria, gerida pela Vinci Partners no Brasil, foi criada em 1960 pensada no serviço de entrega em domicílio, diz o executivo. Portanto, 55% do faturamento da empresa era representado pelo delivery e os outros 45% das pizzas que os clientes escolhem comer nas unidades e das que o cliente pede e ele mesmo retira na loja. Na quinta-feira, 2, o delivery já representava 78% do faturamento, a maior parte vinda do serviço de entrega próprio e a menor dos agregadores iFood e Rappi.

“Nossa operação toda sempre foi pensada em levar a pizza quente para a casa dos consumidores. Inclusive, quem come na loja percebe o quão mais quente ela é. Então, sempre foi nosso core business. Para aumentarmos a venda de 50% para 80% já não é tão difícil. Fica mais difícil para outras redes cujo delivery representava 10% e agora tem que fazer chegar a 100% para compensar o faturamento”, diz Junior. A Domino’s tem 300 unidades no Brasil, 30 delas em shoppings e aeroportos — estas não estão operando. A rede está contratando mais entregadores para suprir a demanda. Os motoristas da Domino’s têm carteira assinada.

Para Taco Bell, que não tem nenhuma unidade em rua, a alternativa para atrair mais pedidos em delivery foi criar promoções. Em uma delas, “1PedidoqueAjuda”, que estreou na semana passada, a rede promete doar R$ 1 a cada pedido via delivery realizado no mês de abril para a ong Campinas Expedicionários da Saúde com a finalidade de auxiliar na ampliação de leitos do hospital de campanha instalado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A marca também está oferecendo o lanche Burrito Supreme por R$ 10. “Estamos dedicando esforços em ofertas cada vez mais atrativas para os consumidores que estão pedindo delivery neste momento de quarentena. Estamos atuando com ofertas para diferentes públicos: individual e para a família”, detalha Kalil.

Às quartas-feiras, a Pizza Hut está realizando a Quarta Hut, em que, na compra de uma pizza média, o cliente ganha outra temporariamente com taxa grátis. Nos outros dias da semana, a pizzaria oferece outra pizza média se o consumidor comprar uma pizza média e adicionar R$ 8,90 e, se ele solicitar uma pizza grande e adicionar R$ 10,90, ele ganha uma outra pizza grande. “Estamos dedicando esforços em ofertas cada vez mais atrativas para os consumidores que estão pedindo delivery neste momento de quarentena, atendendo do consumo individual até grupos como famílias. Estão indo muito bem e estamos avaliando também novas ofertas nas próximas semanas”, coloca Muranetto. Para pedidos a partir de R$ 25, o KFC está oferecendo entrega gratuita pelo Uber Eats.

A Domino’s estendeu sua promoção duas pizzas pelo preço de uma, que acontecia às quartas, para a semana toda de 28 de março a 3 de abril “para garantir uma operação redonda, pois todos conhecem essa promoção e não precisa explicar como ela funciona e ela tem um tiquet médio maior, porque são duas pizzas.Então, ela ajuda a manter o faturamento”, explica Edwin Junior. De acordo com o executivo, a rede planejava diversas campanhas publicitárias para abril que tiveram que ser paralisadas, pois todo investimento agora é voltado para manter o padrão e faturamento. As campanhas das marcas estão sendo feitas digitalmente.

Todas as redes estão revendo as estratégias diariamente para avaliar as melhores decisões. “Diante de um cenário de crise, não fazemos projeções. Trabalhamos dia após dia para avaliar quais as melhores medidas a serem tomadas”, diz Jeronimo Júnior. A Domino’s acrescenta que faz reuniões semanais com os 150 franqueados para passar as novidades de promoções, vendas e decretos do poder público. “Vai haver prejuízo, ele já está aí. Para empresas pequenas e médias, mas para as grandes também. Várias unidades da Domino’s globalmente fecharam. No Brasil, tivemos a ‘sorte’ de estarmos algumas semanas atrás do avanço da doença na Europa para colocar em pé algumas ações que eles não tinham como fazer”, conclui o executivo da Domino’s.

**Crédito da imagem no topo: Brett Jordan/Unsplash

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