Fim da fase de emergência da pandemia: quatro pontos que impactaram a sociedade
Com o decreto da OMS dando fim ao período mais agudo da crise sanitária global, relembre os principais temas que estiveram em debate nesses três anos
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Meio & Mensagem
5 de maio de 2023 - 17h38
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou oficialmente, nesta sexta-feira, 05, o fim da emergência da pandemia de Covid-19, após três anos de isolamentos, crises sociais e corrida por vacinas. Segundo a entidade, o vírus que infectou milhões e milhões de pessoas, levando à morte mais de sete milhões delas – foram 6,9 milhões de óbitos computados no mundo até outubro de 2022 – pode, agora, ser classificado como “problema de saúde estabelecido e contínuo”. Para a tomada dessa decisão, a OMS levou em consideração a tendência de decréscimo das mortes pelos vírus, o declínio das hospitalizações e aumento na imunização da população.
Desde 2020, os meses que se seguiram às primeiras contaminações iniciaram processos acelerados de inovação na criação de vacinas e no sistema de telecomunicações de todos os países, envolvendo milhões de trabalhadores – aqueles que mantiveram os empregos – migrando para o ambiente virtual de trabalho. Além disso, o aumento do e-commerce mostrou-se a solução ao distanciamento físico para alguns ao mesmo tempo que levou à falência negócios menos preparados para a era digital. Relembre a seguir alguns dos principais impactos da pandemia de Covid-19.
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Ao final de 2019, quando o vírus da Covid se alastrou, todos os esforços institucionais e científicos voltaram-se para estudar os impactos do vírus em seres humanos a fim de encontrarem remédios eficientes. As primeiras doses de imunizantes passaram a ser aplicadas no Brasil em 17 de janeiro de 2021, pouco mais de um ano depois dos primeiros decretos de isolamento em São Paulo. Na época, um dos principais alvos de mentiras para desmoralizar a vacinação foi a velocidade na qual foram feiras as primeiras doses.
Além de superar alguns entraves burocráticos que barravam o avanço científico, segundo a pesquisadora do Instituto Butantan Viviane Gonçalves, o maior equívoco foi achar que os trabalhos na área foram iniciados apenas depois da pandemia. A tecnologia para combater a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) já estava em andamento em 2003, quando aconteceu o primeiro surto global envolvendo um coronavírus. “A universidade de Oxford estudava o SARS-CoV. Eles fizeram fase um e dois dos estudos clínicos em humanos, mas nenhum imunizante chegou a ficar pronto porque a pandemia acabou antes”, explica a pesquisadora para matéria do Instituto Butantan. No entanto, é fato que a doenças ganhando escala global e o status de pandemia acelerou a corrida de laboratórios como AstraZeneca, Janssen, Pfizer e Sinovac no desenvolvimento de vacinas. Processos que costumavam levar em média três anos foram feitos em apenas um para enfrentar a crise de saúde.
A pandemia de covid-19 impactou diversos comportamentos humanos ditos como ordinários, tal qual ir até varejistas físicos em busca de objetos, roupas, comida e o que mais viesse em mente. Impossibilitado de sair de casa, o consumidor encontrou no meio digital, ou seja, no e-commerce, a solução para o isolamento. Logo nos primeiros meses de 2020, o ComSore já demonstrava que o aumento no número de busca e acessos em sites de varejos. Dois anos depois, dados levantados pela agência Marco apontaram a consolidação desse fenômeno: 98% dos brasileiros passaram a comprar mais no e-commerce desde o início da pandemia.
Todavia, nem tudo foram flores para os varejistas no primeiro ano de pandemia. Logo em março, 48% da população mundial temia os impactos econômicos que a crise sanitária poderia acarretar. Na base da pirâmide, o número de desempregados durante a pandemia ultrapassou os 15 milhões de brasileiros (IBGE). Além disso, o agravante ressurgimento da fome chegou a dominar mais da metade dos lares no País, impactando mais de 33 milhões de pessoas em algum grau de insegurança alimentar.
Ao mesmo tempo, o varejo tradicional enfrentou dilemas intensificados pelas políticas de isolamento social que, além de tudo, contratam cerca de 70% da força de trabalho brasileira. Na época, o Sebrae divulgou que a maior taxa de mortalidade de negócios ocorreria nos microempreendedores individuais para os próximos cinco anos.
Mesmo uma das grandes varejistas do País teve que adiar os planos daquele ano, caso da Magazine Luiza. Além de colocar na balança se poderiam ou não manter o quadro de funcionários, muitos empreendedores tiveram que repensar como garantir a rentabilidade do negócio.
Quando o Ministério da Educação permitiu as aulas remotas substituíssem as presenciais, a rede privada de ensino há anos já trabalhava para aumentar a teia do ensino à distância, proporcionando aos alunos a continuação dos estudos. A Universidade Anhembi Morumbi, assim como a Cruzeiro do Sul Educacional, foram algumas entidades que puderam se manter seguras diante da instabilidade.
Contudo, a autorização do MEC alargou as trincheiras entre o ensino privado e público. Cerca de 93% das escolas públicas do Estado foram prejudicadas com a falta de tecnologia eficiente durante a pandemia, em média, estudando cerca de 50% a menos que os colegas na rede privada.
Hoje, apesar de declarações de Elon Musk sobre o fim do home office, o modelo remoto de trabalho foi amplamente aceito pela faixa de trabalhadores que tinham como principal ferramenta de trabalho o computador. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), 57,5% das empresas brasileiras permitiram ou impuseram o home office, de forma total ou parcial, em 2021. Além disso, 57% dos brasileiros estariam dispostos a buscar outros empregos caso as empresas optem, agora, pelo modelo 100% presencial.
Contudo, o modelo híbrido parece ainda não ter se consolidado, na medida que o ano passado mais de 94% das vagas do Infojobs, por exemplo, eram totalmente presenciais. Agora, resta entender como o mercado pretende abraçar a normalidade, após a decisão da OMS.
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