Hábitos de consumo mudam com a crise
Brasileiros passam a pesquisar mais preço e visitar mais lojas antes de realizar qualquer compra
Brasileiros passam a pesquisar mais preço e visitar mais lojas antes de realizar qualquer compra
Mariana Stocco
8 de março de 2017 - 19h48
Em meio ao cenário de crise que passou pelo País, os consumidores tiveram que adaptar os seus hábitos de consumo. Uma das saídas encontradas foi fazer pesquisas mais recorrentes em lojas em busca de melhores ofertas. Esses são dados divulgados nesta quarta-feira, 8, pelo Total Retail 2017, estudo anual da network de empresas PWC. A pesquisa é realizada há seis anos em 29 países e traz uma amostragem de mais de 24 mil pessoas, sendo que destas, mil são brasileiras.
Além de aumentar a pesquisa por preços diferentes, o brasileiro começou a visitar mais varejistas de bairro e aqueles que ofereciam descontos por compras com maiores volumes. As perguntas relacionadas ao comportamento diante da crise foram adicionadas na pesquisa desse ano, mostrando que 49% dos entrevistados diminuíram as idas a restaurantes, bares e outras formas de entretenimento.
“O que chamou a nossa atenção foi que a velha medida de gastar sola de sapato para procurar novos preços está de volta”, comenta Ricardo Neres, sócio da PwC, em evento para apresentação da pesquisa. “As pessoas estão frequentando mais as lojas físicas, não para comprar, mas para procurar novas promoções”, comenta.
Um dos principais destaques da pesquisa aponta que, mesmo em um cenário de melhora na economia, 41% das pessoas pretendem manter os comportamentos atuais de consumo e continuar poupando dinheiro. Por outro lado, 41% pretendem aumentar as visitas a restaurantes e os programas de entretenimento.
Em 2016, os brasileiros reduziram pela metade a frequência de compra diária em lojas físicas e nas digitais, porém, 94% dos entrevistados afirmaram já terem feito uma compra online. Em comparação com a média global, os brasileiros fazem mais compras mensais em plataformas online.
Aos que realizam compras com frequência mensal, foi apontado pela pesquisa uma evolução do uso dos canais. As lojas físicas passaram de 70% de frequência de destino, em 2013, para 55% em 2016. Essa frequência de 55% foi igual em compras online via PC. As compras por tablets caíram de 27%, em 2015, para 20% no ano seguinte. Já por smartphone, subiu de 30% para 31%.
Os consumidores pontuaram alguns motivos pelos quais ainda preferem fazer compras pelo computador e não pelo celular. O tamanho reduzido da tela aparece em 44% das respostas brasileiras e 40% no mundo todo. Além dessa reclamação, quase um terço dos brasileiros acha que os sites para smartphones não são intuitivos. A falta de segurança foi citada por 29% dos brasileiros e 21% dos outros entrevistados ao redor do mundo.
“Uma das propriedades da crise é romper processos inerciais”, comenta Hercules Maimone, sócio de vendas da PwC. “A partir daquele momento que você provou aquele produto que é 20% mais barato e se acostumou com ele, não tem porque você voltar para o antigo. As empresas terão que se acostumar com isso também. O modelo que a loja física tinha uma importância no ambiente não conectado, é diferente do cenário que teremos ano que vem com um ambiente muito mais digital. Não que a loja física vá morrer, mas são novos modelos”, pondera.
Quanto à experiência de compra, nenhum dos atributos considerados importantes pelos consumidores alcança 60% de satisfação entre os brasileiros entrevistados. Para 88% dos brasileiros, é importante ter vendedores com conhecimento profundo sobre os produtos. Porém, só 56% estão satisfeitos com o serviço apresentado. Outros fatores pontuados são a capacidade de verificar rapidamente o estoque em outra loja da rede ou online, ambiente acolhedor, ofertas personalizadas e oferecidas em tempo real, caixa de autoatendimento e WI-FI gratuito.
Assim como na média global, o brasileiro é mais leal às suas marcas preferidas em relação ao “novo e diferente”. “Na sua base, o consumidor brasileiro é leal às marcas e isso deveria ser algo mais explorado pelos varejistas”, comenta Ricardo Neres.
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