Qual o impacto da guerra no planejamento para 2024?
Conflito na região da Faixa de Gaza e Israel não afeta fortemente cadeias produtivas relacionadas ao Brasil e economia deve repetir os rumos de 2023
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Taís Farias
25 de outubro de 2023 - 6h00
Com a proximidade do final do ano, as companhias chegam ao momento de planejar o exercício do ano seguinte e definir o orçamento para os seus investimentos em marketing. Em 2023, esse período se dá ao mesmo tempo em que o mundo assiste o agravamento dos conflitos na região da Faixa de Gaza e Israel.
Pensando nisso, como a guerra recentemente declarada entre Israel e o grupo Hamas afeta a economia e, consequentemente, os investimentos em comunicação e marketing? Segundo Roberto Kanter, economista e professor na Fundação Getúlio Vargas e na Universidade Federal do Rio de Janeiro, o reflexo é pequeno.
“Se a guerra permanecer no foco do conflito Israel e Palestina, impacta muito pouco”, aponta Kanter. Ele destaca que, caso a guerra passe a envolver outros países, esse cenário pode ser alterado. Porém, hoje, ele teria um dano geopolítico maior que o econômico.
Cristina Helena de Mello, doutora em economia de empresas e pró-reitora nacional de pesquisa e pós-graduação stricto sensu na ESPM, explica que isso está relacionado ao papel dessa região na produção de insumos. “Não é um impacto tão expressivo quanto Ucrânia e Rússia. Israel e Palestina não compõem cadeias produtivas que impactam fortemente o Brasil”, aponta.
No caso do conflito entre Rússia e Ucrânia, segundo o Journal of International Trade, Logistics and Law, juntos, os dois países responderiam por cerca de 30% das exportações globais de trigo, 20% para milho, fertilizantes e gás natural e 11% para petróleo. A guerra e a crise no abastecimento geraram um aumento no preço do gás e petróleo e, consequentemente, uma alta em custos logísticos e de transporte.
Já a região em questão teria um outro efeito. “Israel é um grande exportador de inteligência e não de produtos. Então, não afeta a cadeia de suprimentos”, aponta Kanter. A economia de Israel é conhecida pelo alto nível de desenvolvimento tecnológico.
Apesar do pouco impacto econômico, Cristina Helena aponta que os CMOs têm se questionado sobre a necessidade de um posicionamento público de suas empresas a respeito da guerra.
Segundo o professor da FGV, de modo geral, o ambiente econômico e o crescimento do Brasil no ano que vem devem ser semelhantes aos atuais. “As condições econômicas vistas em 2023 vão se manter em 2024”, define.
Já Mello descreve um otimismo por parte dos líderes de marketing. “Em geral, está mais para otimista que para pessimista. As análises pessimistas são mais setoriais”, explica. Os orçamentos de marketing para 2024 estariam maiores. Não só pelo momento, mas por uma questão de custo.
Mudanças na precificação das mídias digitais e percepção do desafio de produção de conteúdo estariam puxando os investimentos para cima.
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