Grandes companhias e startups: os investimentos em inovação no ramo alimentício
Incorporar tecnologias e novas ideias aos negócios, tornando-os mais ágeis e competitivos são alguns dos argumentos das indústrias para as parcerias com startups
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Caio Fulgêncio
3 de julho de 2023 - 6h00
Acessar novas tecnologias, ideias e incorporar novas abordagens a fim de aumentar a competitividade no mercado. Essas são algumas das razões que fazem com que grandes empresas invistam em startups, modelos amplamente reconhecidos pela inovação e agilidade em processos. Além disso, tais relacionamentos podem resultar, ainda, em novos talentos e diversificação de portfólio, bem como na ampliação de mercados.
Ainda que, segundo o Inside Venture Capital Report, os aportes tenham caído neste ano, a relação entre startups e indústrias segue viva. De acordo com o relatório, no primeiro trimestre, houve uma redução de 86% em novos investimentos em startups brasileiras, em relação ao mesmo período de 2022. As 91 rodadas renderam uma injeção de US$ 247 milhões.
No setor alimentício, um exemplo dessa parceria é o Panela Nestlé, plataforma voltada à inovação aberta lançada em 2021. Carolina Falcoski, head da área na Nestlé, explica que o projeto conecta a companhia com startups, universidades e parceiros empresariais que fazem parte do universo de inovação do País. “O objetivo é cocriar o sistema alimentar regenerativo do futuro”, diz.
Carolina inclui que, com o Panela, a Nestlé concentra as ações em um único lugar para facilitar o contato e o acesso dos parceiros, além de ampliar as oportunidades de negócio. O hub já mapeou 2.581 startups, se conectou com 445 delas. Além disso, a plataforma desenvolveu 194 projetos pilotos e implementou 60 projetos em escala.
A Kraft Heinz também segue políticas de open innovation e cocriação que norteiam o trabalho colaborativo. De acordo com a diretora de estratégia e transformação, Marta Oliveira, no final do ano passado, a companhia criou a New Ventures, frente voltada especificamente para a inovação aberta. “O nosso olhar não se restringe somente a startups, pois acreditamos que a expertise vem de todos os lados”, diz.
Na área de inteligência e gestão de dados, por exemplo, a vertente de inovação da Kraft Heinz – a partir de parceiros e colaborações – viabiliza a construção de pilotos de novas funcionalidades, não apenas como contratantes de um serviço. Dessa forma, a relação se torna mais poderosa para ambos os lados. “O parceiro cresce e aprende com nossos pilotos e nós temos o benefício de inovação mais rápida e mais precisa para o negócio”, acrescenta Marta.
Entre os resultados das políticas de inovação, a companhia conseguiu reduzir em 50% o tempo médio de lançamentos de novos produtos no mercado nacional. Conforme a diretora, os processos caíram de 17 meses para oito, o que incidiu sobre esse tipo de faturamento. Em 2021, a empresa lançou quatro produtos e, em 2022, alcançou o número de 17 novos itens, entre as marcas Heinz, Hemmer, Quero e BR Spices.
Para Carolina, na realidade atual, em um contexto de aceleração e transformação digital, as empresas precisam reagir de forma mais rápida às mudanças do mercado. Isso explica, segundo a head, o olhar da Nestlé também para outros profissionais, além de startups, para ganhar agilidade e desburocratizar processos.
“A jornada de transformação digital da companhia está em constante evolução, chegando a diversas áreas. Nos últimos anos, equipes especializadas em desenvolvimento de tecnologia estão trabalhando organizados por fluxo de valor. A partir dessa ótica, visualizamos produtos digitais, para além de projetos”, explica.
A executiva ressalta que, ainda no campo da tecnologia, a Nestlé incorpora robôs, automação e realidade aumentada, com benefícios em produtividade, eficiência e aproveitamento de pessoas. Um dos exemplos recentes, ainda segundo ela, foi o uso inédito do 5G na fábrica de chocolates em Caçapava, uma rede 100% dedicada.
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