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Líderes de anunciantes pedem união, ação e transparência

Paulo Camargo, do McDonald´s, Henrique Braun, da Coca-Cola e Luiza Trajano, do Magazine Luiza são alguns dos profissionais que se pronunciaram sobre a crise


26 de março de 2020 - 6h00

 

Paulo Camargo, CEO do McDonald´s Brasil: “Estamos juntos, mesmo um pouco mais separados, por enquanto” (Crédito: Arthur Nobre)

Nos últimos dias, as declarações polêmicas de lideranças de empresas como Madero, Havan e Giraffas exaltaram os ânimos da relação dos empresários brasileiros com a atual crise fruto do avanço do novo coronavírus. Outras lideranças, no entanto, optaram por se pronunciar propondo soluções e pedindo união. Em suas redes sociais e em artigos, Paulo Camargo, CEO do McDonald´s Brasil, Henrique Braun, presidente da Coca-Cola Brasil e Luiza Helena Trajano, presidenta do conselho de administração da Magazine Luiza reforçaram a importância de tratar o tema com responsabilidade. Em nota, Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco, reforçou a importância de o banco se ajustar sua operação ao momento.

Henrique Braun, em seu perfil no LinkedIn, ao comunicar as ações que a companhia vem tomando na atual crise, ressaltou aspectos de segurança e agilidade no contingenciamento. “São tempos difíceis e podemos não acertar em tudo, mas agiremos com rapidez, integridade e transparência, buscando fazer as melhores escolhas para conseguir superar esse momento”, escreveu. De acordo com Paulo Camargo, CEO do McDonald´s Brasil, empresa que na semana passada anunciou o fechamento de seus salões e a dedicação exclusiva ao delivery, reforçou a necessidade de as pessoas se afastarem fisicamente neste momento. “Estamos recomendando o fechamento de nossos salões, evitando assim a circulação de muitas pessoas. Estamos juntos, mesmo um pouco mais separados, por enquanto. E juntos, vamos sair dessa mais fortes e unidos”, escreveu.

Já Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração da Magazine Luiza, em um artigo intitulado “A hora da união”, ressaltou os desafios econômicos em meio à pandemia. “Após superarmos a fase de isolamento, que é necessária, sem dúvida, o que me preocupa muito é o quadro que iremos enfrentar na economia. Dependendo do tempo de quarentena, muitas empresas, especialmente as micro, pequenas e médias, irão desaparecer, e muitas das grandes terão que demitir equipes, agravando ainda mais o enorme quadro de desemprego que tínhamos pré-crise”, sinalou.

“O que nós podemos fazer para minimizar esse quadro, neste momento, é algo que não está acontecendo ainda, mas que a sociedade tem que cobrar. É a hora da verdadeira união de forças contra um inimigo comum que está assolando o mundo e do próximo que virá, o risco da miséria. Não é hora de vaidades ou discussões sobre competências, a população já estava cansada disso, e agora não admitirá divisões com objetivos eleitoreiros ou de aumento de poder”, escreveu Luiza.

Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco, afirmou, em nota, na quarta-feira, 18, que as ações para conter a Covid-19 passam pela adaptação do funcionamento do banco às necessidades exigidas pelo momento.  “Durante todo o processo, estaremos ao lado dos nossos clientes, ouvindo o que precisam e trabalhando para atendê-los da melhor forma possível, de modo a que todos possamos superar esta crise e dar continuidade às nossas atividades”, disse Bracher.

“Não existe boa reputação sem conexão entre discurso e prática”

Roberta Machado, CEO da InPress Porter Novelli, analisa a importância e a responsabilidade dos posicionamentos de presidentes e CEOs em um momento tão complexo.

Roberta Machado (Crédito: Divulgação)

Meio & Mensagem – Qual o papel e o peso de um CEO como porta-voz?
Roberta Machado – O CEO precisa ser a personificação e o espelho dos valores de uma corporação. Como principal executivo e a “cara” da empresa, ele dá o tom do discurso para os demais executivos, colaboradores e para o mercado. O tom de cada discurso determina o humor do mercado, eleva ou não o índice de confiança da empresa, de um produto ou serviço. Em momentos críticos, como o que estamos vivendo, a responsabilidade como porta-voz aumenta, na mesma proporção da responsabilidade pelas decisões difíceis. Com o público interno, o CEO é o balizador do equilíbrio emocional, da motivação, da segurança. Se um bom discurso ajuda na reputação, uma fala desastrosa, um gesto mal interpretado pode arruinar anos de trabalho na construção da reputação.

Qual o cuidado a ser tomado ao expor o líder principal da companhia?
A posição do CEO precisa ser resguardada para ações e comunicações realmente importantes. Assim, quando ele se expuser, estará implícito que ali tem algo de grande interesse e impacto. Outro cuidado é preparação. O líder da empresa não pode ir a público sem ter muito bem planejado o que espera alcançar com aquela comunicação e clareza sobre o perfil e as expectativas de quem vai ouvi-lo. Falar de improviso e sem preparação pode ser um erro fatal. Qualquer discurso, qualquer interlocução tem um propósito claro, então é fundamental estar munido de informações.

Qual o plano de ação para que seu discurso esteja alinhado ao que a empresa está fazendo?
Não existe uma boa reputação sem a conexão entre discurso e prática. Qualquer comunicação é uma conexão humana que se estabelece. Então, o executivo precisa não só acreditar naquilo que está dizendo, mas ser o motor, o indutor das práticas que sustentam o discurso. Todos hoje são emissores de conteúdo capazes de gerar alto impacto. Se o CEO for a público dizer algo que não se reflete no dia-a-dia da empresa, basta um funcionário mais engajado publicar algo nas redes sociais para arruinar o discurso e a reputação do CEO e da empresa. Por isso, o discurso precisa ser fruto da realidade dos fatos e ser emitido da forma mais autêntica e humanizada possível. As organizações não são perfeitas, assim como as pessoas. Líderes e empresas que reconhecem suas deficiências e erros, aumentar seu lastro de confiança.

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