Líderes do futuro são os que priorizam a tecnologia
21ª edição do estudo Technology Vision da Accenture aponta tendências tecnológicas que moldarão os próximos três anos das empresas
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Amanda Schnaider
4 de março de 2021 - 6h46
Durante a pandemia da Covid-19, a tecnologia se mostrou como um porto seguro para as empresas, pois permitiu novas formas de trabalho e de negócios, e criou novas interações e experiências. Ela também mudou expectativas e comportamentos da população. Conforme as empresas param de reagir à crise e passam a reinventar o futuro, só os líderes visionários, que usam a tecnologia para controlar as mudanças, serão capazes de definir o que vem pela frente. Essa constatação foi apontada pela 21ª edição do estudo Technology Vision da Accenture.
Para o relatório, a Accenture conversou com mais de 6,2 mil líderes de negócios e tecnologia do mundo. “Falamos com vários países ao redor do mundo, e o Brasil tem uma participação super importante nessa pesquisa”, afirma Paulo Ossamu, líder da Accenture Technology para América Latina. Desses líderes, 92% afirmam que suas organizações estão dedicadas à inovação ainda este ano. Além disso, 91% dos executivos concordam que para capturar o mercado do futuro é importante que suas organizações o definam.
Segundo Ossamu, houve uma corrida pela digitalização das empresas, pois as mais digitais estavam duas vezes mais avançadas do que as não digitais. “O interessante é que pós-Covid essa diferença cresceu para cinco vezes”. O resultado disso é uma onda de empresas correndo para se reinventar e usar inovações tecnológicas capazes de moldar as novas realidades que enfrentam. “Com a pandemia, muitas empresas aceleraram o uso da tecnologia num ritmo que parecia inimaginável para todo mundo. Vemos que agora que estamos com a vacina, 30% das empresas já esperam retomar o crescimento das receitas que tinham pré-Covid agora em 2021. Outros 30% esperam recuperação em 2022. Então, 60% esperam recuperar a intensidade econômica neste ano e no ano que vem. Existe um certo otimismo”, reforça Ossamu. “A tecnologia foi o nosso colete salva-vidas. Se não fosse a tecnologia teríamos um problema muito maior de como operar e viver”, completa.
Para moldar o futuro, as empresas precisarão se tornar mestres da mudança, seguindo três premissas. A primeira é que os líderes do futuro serão aqueles que colocarem a tecnologia na linha de frente de seus negócios. “A tecnologia vai virar um peça central nos próximos anos”, ressalta o líder da Accenture Technology. A segunda é que os líderes não irão esperar pela chegada de um novo normal, eles irão reinventá-lo, construindo novas realidades usando formas de pensar e modelos totalmente novos. Por fim, os líderes tomarão para si uma responsabilidade maior como cidadãos do mundo, desenvolvendo e aplicando deliberadamente tecnologias que criarão impactos positivos muito além da empresa, contribuindo com a construção de um mundo mais sustentável e inclusivo.
O estudo apontou, ainda, cinco tendências tecnológicas que moldarão os próximos três anos das empresas:
1. Fundamento com estratégia: a arquitetura de um futuro melhor
Uma nova era de competição industrial está surgindo, em que as empresas competem em sua arquitetura de sistemas de TI. Ao todo, 89% dos executivos entrevistados acreditam que a habilidade de suas organizações em gerar valor de negócios será cada vez mais baseada nas limitações e oportunidades da sua arquitetura tecnológica.
2. O mundo espelhado: O poder dos digital twins gigantes e inteligentes
Os líderes estão construindo digital twins inteligentes (réplicas virtuais) a fim de criar modelos vivos de suas fábricas, cadeias de suprimentos e ciclos de vida de produtos. Entre os executivos respondentes do estudo, 65% esperam que o investimento de suas organizações em “gêmeos digitais” aumente ao longo dos próximos três anos.
3. Eu, tecnólogo: A democratização da tecnologia
Cada funcionário pode ser um inovador, otimizar seu trabalho, resolver pontos fracos e garantir que o negócio acompanhe o ritmo das novas necessidades. Entre os participantes, 85% acreditam que a democratização da tecnologia tem lugar crítico na sua habilidade de puxar a inovação na empresa como um todo.
4. De qualquer lugar, em toda parte: Como valorizar o trabalho remoto
A maior mudança na força de trabalho de que se tem notícia possibilitou às empresas a expansão dos seus limites. Quando as pessoas têm a oportunidade de “trazer seu próprio ambiente”, elas têm a liberdade de trabalhar em qualquer lugar – seja em casa, no escritório, no aeroporto, no escritório de parceiros ou qualquer outro lugar. Nesse modelo, os líderes têm a oportunidade de repensar o propósito de trabalhar em diferentes locais e reinventar seus negócios neste novo cenário. 85% concordam que para liderar as empresas de seus setores será necessário mudar a abordagem com a força de trabalho, de “traga seu próprio dispositivo” para “traga seu próprio ambiente”.
5. De mim para nós: Uma trilha de sistemas multidisciplinares no meio do caos
A demanda por rastreamento de contatos, pagamentos sem contato e novas formas de ganhar a confiança do cliente puseram em foco o que havia sido deixado de lado nos ecossistemas existentes das empresas. Os sistemas multipartidários podem ajudar as empresas a se tornarem mais resistentes e adaptáveis, acessar novas maneiras de abordar o mercado e definir novos padrões voltados para o ecossistema de suas indústrias. Entre os participantes do estudo, 90% afirmam que por meio dos sistemas multidisciplinares seus ecossistemas poderão forjar uma base mais resiliente e adaptável, além de criar valor com os parceiros da organização.
Na opinião de Ossamu, para 2021, no Brasil, a principal tendência será a “Eu, tecnólogo”. “Estamos pensando em fazer um programa em que possamos formar esse contingente de profissionais que precisamos, não só para a Accenture ou para um cliente, mas sim para o mercado de tecnologia”, comenta. Ainda segundo o executivo, atualmente o Brasil tem uma demanda de 100 mil profissionais de tecnologia até 2023. E daqui cinco anos, esse número vai para 400 mil profissionais. “Como podemos transformar essas pessoas em tecnólogos para que eles possam se reinventar, para que possamos suprir essa demanda de profissionais?”, indaga.
Ossamu também reforça que o desafio da transformação digital agora não é mais só no front, mas também atrás. “Por exemplo, 80% das cadeias de suprimentos do mundo foram impactadas pela Covid”. De acordo com o executivo, esse investimento em transformação digital também irá para dentro. “Por isso que a questão do cloud, da adoção da nuvem, é uma coisa que vai disparar neste ano. Porque a nuvem permite essa conexão, permite aproveitar esse momento para otimizar custos, ter mais flexibilidade e agilidade”.
**Crédito da imagem no topo: koto feja/iStock
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