Marcas de bebidas buscam a boa forma
Ambev compra a Sucos Do Bem, Coca-Cola traz nova fórmula ao Brasil e outras marcas como Pepsi e Schin trilham caminhos para atender a mudança de hábito dos consumidores
Ambev compra a Sucos Do Bem, Coca-Cola traz nova fórmula ao Brasil e outras marcas como Pepsi e Schin trilham caminhos para atender a mudança de hábito dos consumidores
Luiz Gustavo Pacete
6 de maio de 2016 - 14h57
As perspectivas não são das melhores para a indústria de refrigerantes. As projeções de queda se repetem a cada ano. Pesquisa recente do Ministério da Saúde mostra que os brasileiros consumiram 20% menos refrigerantes nos últimos seis anos.
Dados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (Abir) mostram que a produção de refrigerantes no Brasil pode ter mais um ano de queda em 2016 após um recuo de 6% em 2015. Tais pesquisas se somam a uma série de outros indicadores que mostram mudanças nos hábitos dos consumidores preocupados com a ingestão de açúcar.
As marcas não só entenderam o recado, como passaram a lançar produtos considerados mais saudáveis. Algumas estão investindo na compra de marcas e entrando em segmentos estratégicos.
Na semana passada, a Coca Cola anunciou o lançamento da Coca Stevia no Brasil, que contém 50% menos açúcares. Em janeiro, a marca mudou seu posicionamento para “Sinta o Sabor” além de, no final do ano passado, ter estreado uma campanha mostrando que seu portfólio vai muito além de refrigerantes. Também na semana passada, a Ambev anunciou a compra da Do Bem e com isso entrou no segmento de sucos. Outras empresas vêm no mesmo caminho como a Pepsi, que criou, em 2014, o Drinkfinity, um sistema de hidratação portátil. A Brasil Kirin apostou no Fibz, um refrigerante com fibras.
Com Do Bem, Ambev entra no setor de sucos
Adalberto Viviani, fundador da consultoria Concept, especializada no mercado de bebidas, explica que o boom dos sucos como alternativa saudável deve ser avaliado de forma cuidadosa. “Existe a percepção de que tudo com frutas é mais saudável. Mas o açúcar é um problema quando lembramos da epidemia de obesidade”. Quando o assunto é a forma como as marcas levam o tema para sua comunicação, Viviani explica que existem dois focos: “O primeiro é objetivo. Demonstrar o que torna o produto saudável. Dar os diferenciais racionais. Outro ponto é construir a percepção de qualidade de vida. Consumir um produto não pode ser um sacrifício com benefício futuro. Deve ser um prazer. É preciso unir o lúcido ao lúdico”.
Na avaliação de Daniel Domeneghetti, CEO da Dom Strategy Partners, tanto a compra da Sucos do Bem pela Ambev quanto o lançamento da Coca-Cola Stevia são processos naturais de incorporação de elementos saudáveis ao portfólio. “E não acontece somente com o mercado de bebidas. O McDonald´s, por exemplo, fez o mesmo processo com seus produtos incorporando saladas no seu cardápio.”
“No caso das empresas de bebidas, a proposta é aumentar o portfólio para atingir públicos que consomem bebidas saudáveis. Essas empresas não estão agindo, mas sim reagindo. E a área de marketing está reagindo ao processo natural, e não inovando”, opina Daniel.
Publicidade infantil de bebidas
A mudança de hábitos está atrelada a um novo posicionamento da indústria. Na semana passada, a Abir definiu, em Assembleia Geral, suas diretrizes relacionadas a comunicação de bebidas voltada a crianças. As medidas consideram a suspensão de comunicações diretas em mídias com audiência de pelo menos 35% de crianças com idade até 12 anos.
A decisão da associação envolve produtos como refrigerantes, néctares, bebidas esportivas, bebidas energéticas, águas aromatizadas, chás e cafés prontos para beber. As mídias contempladas são televisão aberta, rádio, jornais, cinema, publicidade online (incluindo sites e conteúdo controlado pela empresa nas mídias sociais), DVDs, marketing direto, colocação de produtos, jogos interativos, marketing ao ar livre e marketing móvel e SMS. Em comunicado, a Abir reforçou que “reconhece e respeita o papel dos pais e responsáveis como tomadores de decisão sobre o que é apropriado para o consumo das crianças”.
Em entrevista ao Meio & Mensagem, no mês de março, Alexandre Kruel Jobim, presidente da Abir, disse que a decisão da entidade se baseia em diretrizes internacionais já adotadas por grandes empresas. “As principais companhias têm adotado essas práticas e todos os sócios da Abir vão aderir ao compromisso. É uma autorregulamentação que tenta padronizar um compromisso”, afirmou.
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