Mesmo com preço do cacau em alta, associação mantém otimismo na Páscoa

Larissa Santiago
13 de março de 2025 - 6h10

Cacau, principal matéria-prima para produção do chocolate, continua sofrendo com a alta dos preços por causa de uma crise que afeta principalmente as plantações na África (Créditos: Salmonnegro Stock Shutterstock)

A Páscoa de 2025 segue marcada pelo cenário da alta do preço do cacau, que vem surpreendendo a indústria brasileira.

O País, que já esteve no topo da produção mundial há várias décadas, atualmente ocupa uma posição de coadjuvante. 

O fruto passa por uma crise produtiva na África, causada por problemas climáticos e pelo avanço de pragas, como a vassoura-de-bruxa e a podridão-parda, que acabam afetando a oferta no mercado global.

Por causa desse cenário, o valor da matéria-prima então alcançou níveis recordes de preços, com alta de 189% no preço e picos de até 300% (nos últimos 12 meses anteriores a dezembro de 2024), segundo estimativa da Associação Brasileira da Indústria da Alimentação (Abia).

Também no ano passado, de acordo com o Comex Stat, do governo federal, foram importados US$ 125 milhões em cacau da Costa do Marfim e de Gana – que são os principais responsáveis pela produção, seguidos pelo Equador e Brasil, destaque sul-americanos.

O cenário do cacau no Brasil

No mercado interno, a safra brasileira do cacau não é suficiente para abastecer a indústria. Ano passado, a produção registrou queda de 18,5%, com 179.431 toneladas de amêndoas recebidas, frente às 220.303 toneladas em 2023, segundo a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC).

Já a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), disse que o ano se encerrou com 806 mil toneladas produzidas.

Jaime Recena, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), destacou durante o evento da associação sobre a Páscoa 2025, realizado em São Paulo nessa quarta-feira, 12. Embora seja um momento desafiador para a indústria, o porta-voz acredita que ela tem desempenhado seu papel de maneira eficaz.

“O objetivo é que o consumidor continue tendo acesso ao chocolate, mesmo diante de desafios como esse. A indústria tem diversificado suas receitas para oferecer produtos com preços acessíveis, além de opções mais elaboradas e de maior custo”, disse.

Este ano, mais de 45 milhões de ovos de Páscoa serão produzidos – além disso, estarão disponíveis 803 tipos de produtos de chocolates e 94 opções de lançamentos, segundo a Abicab.

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Já nos últimos quatro anos, o consumo de chocolate (incluindo barras, bombons, wafer e outros formatos) nos lares brasileiros passou de 85,5%, em 2020, para 92,9%, em 2024. Os dados são do Kantar WorldPanel, coletados pela Mondeléz.

“A Páscoa é a principal ocasião de consumo para o setor, sendo o primeiro momento do ano em que a tradição de trocar presentes e celebrar com a família e amigos é mais forte. O setor está totalmente inserido nesse contexto de celebração, e cada vez mais o chocolate se consolida como um item presenteável, com um valor acessível e, ao mesmo tempo, com muito valor agregado em seus produtos”, continuou.

Influência do chocolate no mercado de trabalho

O setor de chocolates criou 9.696 vagas durante a preparação para a data comemorativa do dia 20 de abril, 26% a mais do que no ano passado.

Cerca de mais de 20% destes profissionais terão a chance de conquistar uma vaga efetiva após este período, prevê a Abicab.

“A área se mostra mais uma vez um importante vetor para a economia brasileira, pois exerce um papel fundamental na geração de empregos. Esse resultado é fruto de anos de investimentos e do fortalecimento de uma cadeia produtiva para entregar experiências que se adequem ao mercado e atendam às diversas necessidades de consumo”, reforçou o presidente.

O que as marcas esperam da Páscoa 2025?

Dentre as preferências do brasileiro, que consome em média 3,9 kg de chocolates por ano, conforme os dados mais recentes da Abicab sobre os últimos cinco anos, o chocolate ao leite segue sendo o favorito.

Porém, o mercado investe em novas combinações com frutas, amendoim, pistache, diversificando a gama de produtos, com diferentes intensidades de cacau e tamanhos. Incluindo também opções sem açúcar, veganos, sem glúten e sem lactose.

Fernando Careli, diretor de assuntos corporativos da Ferrero na América do Sul, ressaltou que a marca irá apresentar novidades.

“Temos uma expectativa excelente ano após ano, e a Páscoa tem sido cada vez mais importante para nós. Estamos investindo e apostando cada vez mais nessa data”, disse. “Para este ano não será diferente: nosso portfólio está cada vez maior, com opções em todos os formatos e tipos. Uma novidade é que Ferrero Rocher terá tablets nos sabores Original, Dark 55% e Branco com avelã. É algo inédito e estamos muito confiantes”, completou.

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Já Camila Hadaya, gerente de marketing de chocolates da Nestlé no Brasil, destacou que o planejamento para a data começa cerca de nove meses antes e que, para a marca, a expectativa para o feriado é extremamente positiva.

“Trabalhamos muito focados no consumidor para entender as tendências de mercado e o que ele espera da Páscoa daquele ano. Nosso grande objetivo é encantar ao máximo pois sabemos da importância desse momento”, comentou.

“Para este ano, um dos nossos principais focos é trazer inovação para o nosso portfólio, oferecendo produtos novos e especiais para essa data tão importante. Nossos destaques são os lançamentos dos ovos Crunch e Choco Trio, além da continuidade do Caribe”, completou.

A Mondeléz também prepara lançamentos exclusivos, com Lacta apresentando principalmente novos sabores para a linha de tablets e ovos recheados.

Renata Vieira, vice presidente de marketing no Brasil, destaca a criatividade no portfólio e diferentes faixas de preço para que diversos perfis possam participar da Páscoa.

“Estamos otimistas para este ano, tanto a indústria quanto o varejo. Oferecemos desde tabletinhos de 20g, acessíveis ao consumidor, até tablets com mensagens que podem ser dadas como presentes, com palavras de amor ou carinho. Definitivamente, é um ano de inovações”, pontuou.