Mitos e verdades sobre os bitcoins
Moeda virtual pedida por sequestradores de sistemas e PCs ainda desperta várias dúvidas
Moeda virtual pedida por sequestradores de sistemas e PCs ainda desperta várias dúvidas
Luiz Gustavo Pacete
17 de maio de 2017 - 8h35
O ataque a mais de 150 países e 57 mil sistemas e PCs, na semana passada, teve como um dos personagens centrais o bitcoin, moeda digital criada em 2009 e que movimenta mais de US$ 11 bilhões no mundo. Seu preço é relativo, na semana passada, por exemplo, 1 bitcoin equivalia a US$ 1.900. Na ocasião do ataque massivo, os crackers pediram o pagamento do resgate na moeda.
O lado sombrio da era dos dados
De acordo com Rodrigo Batista, CEO do Mercado Bitcoin, entender a dinâmica da moeda ainda é um desafio. “Compreender os conceitos da moeda digital requer conhecimento de áreas como economia, matemática e ciências da computação. Por isso, tanto para quem escreve, quanto para que lê a respeito, o assunto pode se perder”. A pedido de Meio & Mensagem, Batista esclarece alguns mitos relacionados ao tema.
Bitcoin é anônimo
No começo da tecnologia do Bitcoin, espalhou-se a falsa noção de que pagamentos com a moeda são anônimos. Com o tempo, isso se provou falso. Transações com Bitcoin podem ser rastreadas por meio de técnicas já usadas para investigar e-mails e tráfego de informação digital. Em outubro de 2015, o Banco da Inglaterra classificou diversos usos de dinheiro quanto a sua possibilidade para atividades criminosas. Bancos foram classificados como o meio mais fácil para lavagem de dinheiro, enquanto as moedas digitais ficaram em último lugar.
Bitcoin é ilegal
O Bitcoin, no Brasil e na maior parte do mundo é legal. A Receita Federal já orienta os contribuintes sobre como fazer a declaração de bitcoins no imposto de renda. Há, inclusive, instruções no manual de declaração de como informar a posse e os ganhos com a moeda. O que especialistas sentem falta é de uma regulação específica para moedas digitais, dado que não são reguladas por nenhuma autoridade financeira no país. Portanto se você tiver problemas negociando bitcoins no Brasil, deve recorrer ao Procon, e não ao Banco Central, como seria o caso de problemas com bancos. O Banco Central do Brasil já se manifestou publicamente dizendo que não vai regular a moeda por enquanto, mas que está acompanhando seu desenvolvimento.
Governos vão desligar a moeda
Os governos do mundo todo estão pensando como vão lidar com as moedas digitais. Recentemente o Japão criou uma regulação que cria obrigações para empresas de bitcoins, mas que também libera o seu uso no dia-a-dia. Assim passou a ser possível fazer pagamentos com bitcoins da mesma forma que é feito com dólares, euros ou outras moedas no país. Essa regulação foi considerada sensata por não inibir a tecnologia, o que causou um aumento substancial de seu valor na últimas semanas. Pela sua natureza distribuída, semelhante a redes de compartilhamento de músicas e filmes, é praticamente impossível desligá-lo. Então, há uma tendência dos governos de regular seu uso, já que proibir seu uso é praticamente impossível.
É apenas um investimento especulativo
Por ser limitado em 21 milhões de unidades, o Bitcoin pode ser visto como uma commodity, e por isso, muitas vezes, é tratado como ouro digital. Essa mesma característica faz também que quem tenha um Bitcoin na verdade possua um “pedaço” de um rede descentralizada e mundial de pagamentos. Atribuir o preço justo para algo assim é difícil, por isso se espera que seu preço varie nos próximos anos.
É um dinheiro para nerds e criminosos
Alguns dos primeiros adeptos do Bitcoin foram, de fato, entusiastas de tecnologia e pessoas querendo comprar drogas pela internet. Mas, vale lembrar que coisa semelhante aconteceu com a própria internet e hoje muitos de nós temos acesso a ela em um celular guardado no bolso. Já é possível comprar computadores na Dell, softwares na Microsoft, ou fazer fazer doações com Bitcoin para a Wikipedia ou para o Greenpeace. Quem empreende na moeda acredita que seu uso aumentará conforme os softwares evoluírem e se tornará tão comum quanto redes sociais.
Bitcoin não é seguro
O Bitcoin é um novo bicho no mundo da computação. É uma nova forma de fazer transações e guardar informações. As técnicas de segurança criadas por ele são tão inovadoras que praticamente todos os bancos e instituições financeiras do mundo estão tentando copiar para não ficaram para trás no avanço tecnológico.
Bitcoin é um esquema de pirâmide
Bitcoin não é promessa de riqueza. Usar bitcoins como investimento é uma atividade de altos riscos, portanto, antes de começar a usar seu suado dinheirinho, ou vender a casa, para comprar Bitcoin entenda estude e entenda os riscos. Aqui, fica um alerta: já existem esquemas de pirâmides prometendo ganhos sem risco, dobrar o seu dinheiro, ou rentabilidade altíssima usando bitcoins. Se lhe oferecerem algo assim é golpe. Fuja porque o Bitcoin pretende trazer um novo sistema financeiro, não almoços grátis.
Compartilhe
Veja também
Multiverso Experience: como é a nova exposição em homenagem a Pelé
Iniciativa conta a história do Rei do Futebol, além de trazer itens pessoais do jogador
Rebranding da Jaguar divide opiniões entre o público
A marca de automóveis britânica diz que seu novo visual é uma "celebração do modernismo", mas os críticos apontam o contrário