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Marketing

Netflix testa novas fontes de receita com licenciamentos

Em parceria com marcas como Riachuelo, Hasbro e Funko, a plataforma começa a apostar em produtos físicos temáticos de suas séries


16 de agosto de 2018 - 10h00

Em 2018, a Netflix apareceu pela primeira vez no ranking “Best Global Brands”, da Interbrand, com valor de mercado avaliado em US$ 5,5 bilhões. Estima-se que a companhia está investindo US$ 8 bilhões em conteúdo original em 2018. Criar conteúdo audiovisual é caro e o mercado para serviços baseados em assinaturas está cada vez mais competitivo.  A Netflix, por sua vez, tem demonstrado que está começando a buscar novas fontes de receita no mundo físico, com produtos licenciados.

A Riachuelo é uma das primeiras marcas licenciadas para fazer produtos temáticos das séries da empresa no Brasil. Além da rede de fast fashion, a Netflix também já possui alguns produtos oficiais em parceria com marcas de brinquedo como Hasbro e Funko. Para as empresas de conteúdo streaming, os licenciamentos de produtos podem ser uma nova via de monetização para séries e filmes proprietários.

As séries La Casa de Papel, 3% e Stranger Things lançaram linhas de roupas com a Riachuelo. Foto: Divulgação

Para Daniella Bianchi, diretora-geral da Interbrand, embora a Netflix não divulgue seus resultados relativos ao mercao brasileiro, o investimento em licenciamentos é um indicativo de que a marca vê potencial na operação local para além do streaming. “É uma forma da marca se aproximar do público brasileiro, criar desejo e construir identificação. Nesse momento, no entanto, vejo esse movimento mais como uma iniciativa de construção de marca do que como um negócio em si”, afirma.

Lançadas este mês, as coleções da Riachuelo traz peças de roupa inspiradas nas séries “La Casa de Papel”, “3%” e “Stranger” Things. “Nossa equipe criativa recebeu uma imersão de informações sobre a marca e as séries. É um universo fascinante que permite transformar personagens, momentos e falas de uma série em produtos”, diz Julia Medeiros, gerente de licenciamentos da Riachuelo. A marca também avalia a possibilidade de produzir linhas de moda casa e acessórios licenciados das séries.

Monopoly versão “Stranger Things”. Foto: Reprodução

Desafios operacionais

Grandes empresas de conteúdo como a Netflix, no entanto, trazem desafios logísticos e de produção para os players envolvidos na cadeia de licenciamentos. Além disso, séries contam com janelas de exibição limitadas, o que exige muita organização para que os produtos cheguem às gôndolas no período em que uma série está em alta.

“Séries são conteúdos com uma jornada de vida mais curta, assim como muitos filmes, então os licenciados têm que estar muito coordenados com o timing da série, pois o tempo de comercialização deve ser antes e durante, e não depois que a série saiu do ar. O momento de maior demanda costuma ser durante a exibição”, avalia David Diesendruck, sócio-diretor da empresa de licenciamentos Redibra. A empresa lança este mês o RLab, um núcleo específico para o desenvolvimento de planos de negócio para projetos audiovisuais.

David pondera, no entanto, que o streaming ainda tem pouca penetração no mercado brasileiro, e que por isso é preciso que empresas do setor pensem muito bem na abrangência da série antes de criar linhas de produtos. “É preciso cuidado na hora de dimensionar a linha de produtos e pensar em quantidades de produção ou importação”, exemplifica.

Na opinião de Daniela, da Interbrand, o acesso ao streaming não é necessariamente um problema. “Em pouquíssimo tempo de existência aqui no Brasil, A Netflix conseguiu driblar as questões endêmicas e estruturais que ainda não permitem acesso de qualidade à internet para a maioria da população e conquistar a audiência com uma estratégia de marca simples, consistente, divertida e absolutamente interativa”, argumenta.

Funko da série Luke Cage. Foto: Reprodução

Ela ressalta, porém,  o desafio de escolher os parceiros corretos que sejam capazes de produzir produtos tão desejados quanto o conteúdo que a Netflix oferece em vídeo.

Na opinião de Júlia, da Riachuelo, transformar a paixão dos “fandoms” pelas séries em produtos tangíveis ajuda a complementar a estratégia de engajamento que estas marcas já fomentam no digital. “Os fãs são muito apaixonados, o que faz com que o retorno deles em relação às coleções licenciadas seja sempre muito caloroso. Em determinados lançamentos ligados a séries, já tivemos filas em lojas e site fora do ar devido ao grande número de acessos”, relembra, citando como exemplo linhas de sucesso como de Game of Thrones.

 

 

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